Contas de luz sobem, em média, 23,4% no país a partir de segunda
Aneel aprovou nesta sexta (27) revisão extraordinária das tarifas. Órgão também anunciou alta no valor da taxa extra da bandeira tarifária.

Ao todo, a Aneel autorizou o reajuste das tarifas de 58 das 63
distribuidoras de energia do país. Os cerca de 1,2 milhão de
consumidores da AES Sul, que atende em 118 cidades do Rio Grande do Sul,
terão o maior reajuste, de 39,5%.
Entre as maiores distribuidoras, os mais altos serão da Copel
(36,4%), que atende a clientes no Paraná, da Eletropaulo (31,9%), que
atua em São Paulo, e da Cemig (28,8%), que atende a consumidores de
Minas Gerais. Veja, abaixo, lista das distribuidoras e respectivo
reajuste.
Aumento extra
As revisões extraordinárias aprovado nesta sexta são um aumento extra
nas contas de luz, aplicado quando há risco de desequilíbrio nas contas
das distribuidoras. Portanto, os consumidores podem esperar por nova
alta em suas tarifas ao longo de 2015, pois a Aneel ainda vai autorizar o
reajuste ordinário, aquele que já ocorre uma vez por ano.
Das 63 distribuidoras, 6 já passaram, em fevereiro, pelo reajuste
ordinário. A Ampla, que atende cidades do interior do Rio de Janeiro,
vai ter os reajustes ordinário e extraordinário aprovados juntos ainda
no mês de março, por isso não consta da lista divulgada pela Aneel nesta
sexta.
A revisão aprovada nesta sexta vai permitir que as distribuidoras
arrecadem, de imediato, recursos para cobrir custos com a compra de
energia de Itaipu, novos contratos de suprimento de eletricidade
firmados em leilões recentes, além de ações do governo financiadas pela
Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).
Pela regra, as distribuidoras deveriam bancar essas contas para,
depois, serem ressarcidas no reajuste anual, mas elas alegam não ter
recursos. Ou seja, essas despesas bilionárias já seriam repassadas aos
consumidores mas, com a revisão extraordinária, isso ocorre antes.
Mais cedo nesta sexta, a Aneel aprovou a previsão de orçamento da CDE
para 2015. E determinou que os consumidores paguem, via contas de luz,
R$ 22,06 bilhões para o fundo.
O dinheiro vai financiar, entre outras ações, o programa Luz para Todos,
o subsídio à tarifa de famílias de baixa renda, combustível para usinas
termelétricas do Norte do país e o pagamento de indenizações a
empresas.
Consumidores do Sul, Sudeste e Centro-Oeste vão pagar 80% desse
valor. Aos consumidores do Norte e Nordeste, será repassado 20% do
total. A arrecadação dos R$ 22,06 bilhões será feita ao longo de 2015.
Equilíbrio
O diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, afirmou que o reajuste extra vem
corrigir “eventos que perturbam o equilíbrio econômico e financeiro das
distribuidoras”, entre os quais o repasse da CDE “é o principal item.”
“Com essas decisões que estão sendo tomadas, completamos o ciclo para
alcançar a sustentabilidade do setor elétrico por meio da tarifa”,
disse Rufino.
A medida faz parte dos esforços do governo para equilibrar as contas
públicas e reverter o processo de perda de credibilidade. No caso do
setor elétrico, isso significa suspender ajuda financeira às
distribuidoras, por meio de recursos do Tesouro, e promover o chamado
“realismo tarifário”, ou seja, repassar às tarifas todos os custos do
setor.
Na Paraíba, o aumento da distribuidora Energisa será de 3,8%.
Bandeiras tarifárias
A Aneel já havia tomado nesta sexta uma outra decisão que implica em
aumento das contas de luz para os brasileiros ao aprovar o aumento na
taxa extra das bandeiras tarifárias, cobrada nas contas de luz quando há
aumento no custo de produção de energia no país. Os novos valores,
agora oficiais, começam a valer na próxima segunda-feira (2) e são os
mesmos propostos no início de fevereiro, quando o assunto foi levado a
audiência pública.
Em caso de bandeira vermelha, que vigora atualmente em todo país e
sinaliza que está muito caro gerar energia, passará a ser cobrada nas
contas de luz uma taxa extra de R$ 5,50 para cada 100 kWh
(quilowatts-hora) de energia usados, aumento de 83,33% em relação aos R$
3 cobrados entre janeiro e fevereiro.
Já no caso de bandeira amarela, que sinaliza que a produção de energia
está um pouco mais cara, taxa extra aplicada passa de R$ 1,50 para R$
2,50 (+ 66,66%). Não houve alteração em relação à bandeira verde, que
sinaliza que não há custo adicional para produção de eletricidade e,
portanto, não é aplicada a taxa extra.
Os recursos arrecadados via bandeiras vão cobrir o custo extra pelo
uso mais intenso no país de termelétricas (usinas movidas a combustíveis
como óleo e gás e que geram energia mais cara), além da compra, pelas
distribuidoras, de energia no mercado à vista, onde o preço também é
mais alto.
Assim como no caso da revisão extraordinária, as distribuidoras deveriam
pagar essa fatura no primeiro momento para depois repassar aos
consumidores no reajuste anual. Como elas alegam não ter recursos para
isso, as bandeiras permitem a arrecadação imediata.
Governo e Aneel apontam que essa troca (arrecadação imediata via
bandeiras ao invés de aguardar o reajuste) é vantajosa para os
consumidores, que seriam obrigados a pagar juros às distribuidoras caso
elas bancassem os gastos extras nesse primeiro momento.
G1
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