Seca deixa alimentos até 186% mais caros
A
seca já está impactando o preço dos alimentos. O calor intenso e a
falta de chuva estão matando a produção e, com produtos mais escassos,
os valores disparam. Na Ceasa Minas, vários produtos subiram bem acima
da inflação na comparação entre os primeiros 20 dias de dezembro de 2014
e o mesmo período de janeiro de 2015. Enquanto a prévia para a inflação
de janeiro, segundo o Índice Nacional
de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) divulgado pelo IBGE, é de
0,89%, o chuchu, por exemplo, subiu 186% no período indicado.
Já a tangerina ponkan subiu 70,4%. Entre uma lista de 21 produtos
vendidos, 16 apresentavam aumento de preço, segundo o atacadista. Para
os produtores, a seca é uma das principais causas para a diminuição da
produção e consequente aumento dos preços. “A produção desta safra será
até 60% menor do que a do ano passado, isso acaba impactando no preço”,
explica o produtor de abacate Edson Pimentel Neto, que produz em Carmo
da Cachoeira, no Sudoeste do Estado. O quilo da fruta subiu, segundo
dados da Ceasa, 49,2% entre dezembro de 2014 e janeiro de 2015.
O professor
aposentado Fernando José Ferreira Quintão, 66, percebeu na semana
passada o aumento dos preços. “Estive no sacolão, na última
quinta-feira, e senti que alguns preços dobraram em relação aos valores
de dezembro. Comprei menos e paguei mais”, afirma. Quintão citou, entre
produtos que subiram de preço, a laranja, o abacaxi e a couve-flor.
Um dos motivos deste aumento é que a seca gera custos maiores para os produtores. Segundo a presidente
da Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Pirapora
(Aciapi), Flávia Tatiana Ribeiro de Oliveira, produtores investem em
equipamentos para salvar a produção. “A irrigação está prejudicada
porque o rio São Francisco está muito baixo. Os produtores de uva da
região tiveram que contratar uma draga para diminuir os bancos de areia
do rio e permitir a irrigação. Esses investimentos são, certamente,
repassados para os consumidores”, avalia Flávia. Outro investimento foi a
compra de uma nova bomba para captação de água no São Francisco.
“Já estamos com uma queda de 20% da produção de frutas na região de
Pirapora. Isto aconteceu porque os produtores não têm água suficiente.
Atualmente, a irrigação conta com apenas 60% da água necessária para
garantir a qualidade dos produtos”, informa o presidente da Aciapi.
Cantareira
Após completar duas semanas de queda consecutiva em sua capacidade, o sistema
Cantareira ficou estável ontem. O nível dos mananciais Alto Tietê e
Alto de Cotia registrou queda em relação ao dia anterior. Os demais
sistemas ampliaram a sua capacidade. De acordo com o boletim da Sabesp, o
Cantareira, que abastece 6,2 milhões de pessoas na Grande São Paulo,
opera com 5,1% de sua capacidade, já incluído a cota do volume morto.
Batata
Perda. Segundo o produtor de batatas José Carlos de Paula, sua produção
será 20% menor do que a do ano passado em função da seca. “O produto já
sai cozido da terra ou podre”, lamenta.
IG
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