Destemido, Boechat chama cantor de vagabundo e assassino
Ricardo
Boechat é o âncora brasileiro com mais contundência nos comentários que
faz. Pode-se dizer também o de coragem mais evidente na exposição do
que pensa.
Recusando-se a ser refém dos textos do teleprompter e da ideologia do
politicamente correto, o jornalista aproveita a liberdade conferida a
ele no Jornal da Band para emitir opiniões inimagináveis na bancada de
outros telejornais.
Um exemplo aconteceu na noite de segunda-feira (29). O apresentador
classificou o cantor Renner de vagabundo, “assassino e criminoso ao
comentar a prisão do sertanejo na sexta-feira (26), por dirigir
embriagado e bater o carro em outro veículo, treze anos após provocar a
morte de um casal em uma rodovia do interior paulista.
Na verdade, as palavras foram ditas no plural. Aplicaram-se também ao
motorista responsável pelo acidente que matou, no domingo (28), pai e
filha de 2 anos na zona norte de São Paulo — o acusado já havia
provocado, também ao volante, a morte de uma mulher em 2008.
Ao verbalizar sua indignação, às vezes com virulência, ainda que sem
desbancar para o populismo, Ricardo Boechat dá voz aos milhões de
telespectadores igualmente revoltados. De certa maneira, ele atua como
expurgador da aversão coletiva contra males crônicos da sociedade, como a
impunidade.
Boechat dá a cara a tapa. Tornou-se, intencionalmente ou não, o âncora
mais destemido e combativo do telejornalismo brasileiro. Já ganhou
tantos prêmios que passou a ser considerado hors concours pela
organização de alguns deles.
Tamanha liberdade de expressão tem um preço, literalmente. O jornalista é
réu em mais de 50 processos por danos morais, cujos reclamantes exigem
indenizações. A Band oferece o suporte jurídico e, tão importante
quanto, o apoio editorial para que seu principal âncora não arrefeça.
Com o noticiário tomado por violência, corrupção e outras mazelas,
tomara que nós, telespectadores e cidadãos, continuemos a levar
sacudidas de Boechat. O dia no qual deixarmos de, assim como ele, nos
indignar, será a vitória do caos e a banalização completa do jornalismo.
Terra
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