Partidos receberam R$ 200 mi em propinas na Petrobras
Operadores
dos dois principais partidos do governo teriam recebido ao menos R$ 200
milhões em propinas na Petrobras para viabilizar contratos com
empreiteiras. Conforme delatores do esquema de corrupção na estatal, os
pagamentos foram feitos ao ex-diretor de Serviços Renato Duque, apontado
como integrante do esquema do PT que teria como operador o tesoureiro
do partido, João Vaccari Neto, e a Fernando Soares, o Fernando Baiano,
apontado pela Polícia Federal como lobista do PMDB, que indicou Nestor
Cerveró para a diretoria da estatal.
Detalhes sobre o pagamento de suborno, que seria uma pré-condição para
obter obras na companhia petrolífera, foram revelados aos investigadores
da Operação Lava Jato pelos executivos Júlio Camargo e Augusto Ribeiro,
da Toyo Setal, em troca de eventual redução de pena. Eles revelam os
valores e as empresas usadas para o repasse do dinheiro aos dois
investigados. O relato do delator deu base à sétima fase da Lava Jato,
batizada de “Juízo Final”, deflagrada sexta-feira, quando a cúpula das
maiores empreiteiras do país e o ex-diretor de Serviços e Engenharia da
Petrobras Renato Duque, indicado pelo PT, foram presos. Fernando Baiano
está foragido e já está na lista de procurados da Interpol.
Conforme as investigações, os fornecedores da Petrobras pagavam aos
supostos operadores até 3% de propina para conseguir contratos
superfaturados, mediante fraude nas licitações. Parte desses recursos
seria repassada aos partidos da base aliada do governo. Segundo os
depoimentos, Fernando Baiano recebeu ao menos US$ 40 milhões (R$ 104
milhões) para viabilizar o fornecimento de sondas de perfuração. A
negociação foi feita com a Diretoria Internacional da Petrobras,
comandada pelo ex-diretor Nestor Cerveró. O lobista teria influência na
área.
MAIS CONTRATOS
Outros R$ 95 milhões teriam sido pagos a Duque e um de seus subordinados
na estatal, o então gerente Pedro Barusco, para que “arranjassem”
contratos para construtoras em ao menos cinco grandes obras. Segundo as
investigações, as propinas eram pagas pelas empresas Treviso, Auguri e
Piemonte, de Júlio Camargo, contratadas pelas empreiteiras como
intermediárias junto à Petrobras. Parte da comissão recebida era
transferida a Duque e Soares.
À força-tarefa encarregada das investigações, Camargo disse que o grosso
dos pagamentos a Duque foi feito no exterior, em contas indicadas por
ele. Uma delas estava em nome da offshore Drenos, mantida no Banco
Cramer, na Suíça. Segundo o executivo, também foi pago suborno em
espécie, no Brasil, por meio de empresas controladas pelo doleiro
Alberto Youssef, responsável por lavar dinheiro do esquema. Autoridades
suíças já informaram ao Brasil a apreensão de US$ 20 milhões em nome de
Barusco.
NAS REFINARIAS
Para direcionar à Camargo Corrêa uma obra de R$ 1 bilhão na refinaria
paulista de Henrique Lage (Repav), Camargo diz ter pago R$ 6 milhões
para Duque e Barusco, a maior parte no exterior. Segundo ele, Eduardo
Leite, vice-presidente da empreiteira, sabia dos repasses ilegais.
Na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, o delator
contou ter azeitado a contratação do Consórcio Interpar, formado pelas
empresas SOG, Mendes Júnior e Skaska. “Houve solicitação de pagamento de
vantagem indevida por Duque e Barusco do valor aproximado de R$ 12
milhões”, declarou.
Na refinaria paranaense, Augusto Ribeiro disse que os valores pagos a
Duque e Barusco pelo cartel de empreiteiras, chamado por ele de “clube”,
foi de R$ 50 milhões a R$ 60 milhões entre 2008 e 2011. Segundo os
executivos houve pagamento de propinas para a construção de gasodutos
pela Toyo (Cabiúnas) e pela Camargo Correa (Urucu-Manaus). Nesses casos,
a soma dos repasses seria de R$ 5 milhões.
tribunadainternet
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