Janot prevê novas delações: ‘Se um abrir a boca, todo mundo abre’
Procurador disse ainda que, a princípio, os indícios dão conta de que há uma quadrilha operando o esquema de desvio de recursos da Petrobras
O procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, acredita que os executivos presos na sétima fase da
Operação Lava Jato, que levou para cadeia dirigentes de empresas que
formam entre as maiores e politicamente mais influentes do Brasil – OAS,
Camargo Corrêa, Mendes Júnior, Queiroz Galvão, UTC, Engevix, Iesa e
Galvão Engenharia –, além do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato
Duque, vão buscar acordos de delação premiada na tentativa de reduzir
suas penas. A afirmação foi feita ao jornal Folha de S. Paulo. "Se um
abrir a boca, abre todo mundo", avalia.
"Isso é um rastilho de pólvora. Quando um começa a falar, o outro diz:
'Vai sobrar só para mim?' E aí eles começam a falar mesmo", afirmou
Janot ao jornal. O procurador disse ainda que, a princípio, os indícios
dão conta de que há uma quadrilha operando o esquema de desvio de
recursos da Petrobras. "Mas está cedo para falar", avalia.
Sobre os crimes que teriam sido cometidos pelos empreiteiros, o
procurador afirma que eles são investigados por fraude em licitação,
lavagem de dinheiro, crime contra o mercado e corrupção ativa. "As
empreiteiras diziam que eram alvo de concussão [exigência de dinheiro
pelos funcionários da estatal]. Se puder me explicar como fraude à
licitação decorre de concussão, eu concordaria com a tese. Como a
concussão te obriga a fazer um cartel, fraudar uma licitação e ganhar um
dinheirão? Está sendo extorquido para ganhar dinheiro? Vamos combinar,
não é", afirmou Janot.
A Justiça Federal rejeitou ne domingo mais seis pedidos de liberdade
para os executivos presos. No sábado, outros cinco pedidos de habeas
corpus haviam sido indeferidos. A decisão coube à desembargadora
plantonista Maria de Fátima Freitas Labarrère, do Tribunal Regional
Federal da 4ª Região de Porto Alegre. Os investigados que tiveram o
pedido de liminar rejeitados foram o presidente da OAS, José Aldemário
Pinheiro Filho; o diretor financeiro da OAS Mateus Coutinho de Sá
Oliveira; o advogado da OAS Alexandre Portela Barbosa; o vice-presidente
da Engevix, Gerson de Mello Almada; e os diretores técnicos da Engevix
Carlos Eduardo Strauch Albero e Milton Prado Júnior.
No sábado, os habeas corpus analisados e indeferidos foram do diretor
vice-presidente da Camargo Corrêa, Eduardo Hermelino Leite; do
presidente da Camargo Corrêa, Dalton dos Santos Avancini; do presidente
do Conselho de Administração da Camargo Corrêa, João Ricardo Auler; do
diretor presidente da área de internacional da construtora OAS, Agenor
Medeiros; e do funcionário da OAS José Ricardo Nogueira Breghirolli.
Na decisão, a desembargadora manteve o argumento da Justiça Federal de
que as detenções foram necessárias para impedir que os acusados
atrapalhassem a investigação da Polícia Federal.
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