Alckmin retoma disputa com Rio de Janeiro por água do Paraíba do Sul
Governador voltou a dizer que se for necessário, vai utilizar a terceira cota do volume morto
O governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin (PSDB), retomou nesta sexta-feira (31) a disputa com o
Rio de Janeiro pela utilização da água do Rio Paraíba do Sul - que
abastece os dois Estados - e cobrou que a ANA (Agência Nacional das
Águas) acione o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) para
priorizar o abastecimento humano na bacia hidrográfica à qual pertence a
represa paulista de Jaguari.
Segundo Alckmin, a ANA deve frear a utilização de um volume de 160 m³/s
de água do Paraíba do Sul na usina hidrelétrica de Santa Cecília,
unidade da Light em Barra do Piraí (RJ).
— Quando se verifica a retirada em Santa Cecília, são 160 m³/s. Para a
Cedae [Companhia Estadual de Água e Esgotos - do Rio de Janeiro] [para
abastecimento humano] são 45 m³/s.
Ele ainda acrescentou que na região metropolitana de São Paulo, com 22 milhões de pessoas, o consumo da bacia é de 66 m³.
— Como você pode tirar 160 [m³]? É obvio que a maioria é produção de energia elétrica e aí pode ter problema no futuro.
Alckmin evitou uma nova polêmica pessoal com o governador reeleito do
Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), pelo uso da água do Paraíba
do Sul, mas lembrou que quando alertou para a utilização dos mananciais
na produção de energia elétrica, a represa de Jaguari tinha 42% da
capacidade de armazenamento ante 11% hoje.
— A depressão [na represa] foi para produzir energia elétrica em
detrimento do abastecimento humano. Defendemos tanto o Rio de Janeiro,
quanto São Paulo e a prioridade é abastecimento humano; são regras
internacionais e energia elétrica você pode produzir por térmica,
cogeração, biomassa e fotovoltaica.
Cantareira
O governador de São Paulo disse ainda que utilizará a terceira parte do
volume morto do Sistema Cantareira para o abastecimento da região
metropolitana de São Paulo se houver necessidade, mas não deu prazos.
Ele ironizou as notícias que a Fundação Cacique Cobra Coral fora
contatada pelo governo paulista para que apelasse ao esoterismo em busca
de chuvas para a região castigada por uma das piores estiagens da
história.
— Com todo respeito a todas as cobras, nem procuramos nem fomos procurados.
Alckmin lembrou que o mês de outubro é o mais seco desde 1930, que em
todo o ano de 2014 o volume acumulado de chuvas é metade de 1953, o mais
seco da história, e defendeu a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico
do Estado de São Paulo).
— Temos 1.300 municípios com problemas [no País] e nenhum operado pela
Sabesp. Não vai faltar água. Mudanças climáticas são fenômeno mundial, é
preciso aumentar a capacidade de reservação para a água.
R7
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