quarta-feira, 6 de agosto de 2014

No Rio de Janeiro

Som em carro de morta salvou dupla de amigos em ação da PM, diz laudo

Haíssa foi morta por PMs durante abordagem policial na Baixada



A perícia no carro onde estava Haíssa Vargas Motta, de 22 anos, morta no sábado (2) em abordagem policial na Baixada Fluminense, apontou que dois amigos dela escaparam de ser mortos por pouco. Segundo o laudo, o alto-falante do carro onde estavam impediu a passagem de mais balas. Apenas uma passou pelo banco de trás e atingiu a jovem, que estava no meio. Uma bala foi encontrada dentro do veículo e encaminhada para exame de balística. As marcas dos tiros estão na traseira do carro. O motorista do carro, que não quer ser identificado, diz que os policiais não sinalizaram para que ele parasse o veículo.

A versão do rapaz contradiz a dos PMs. Em depoimento, eles disseram que na madrugada de sábado faziam um patrulhamento na Avenida Nazaré, em Anchieta, quando avistaram um carro HB20 branco. De acordo com os policiais, eles estavam procurando dois veículos, da mesma cor, que estariam com criminosos. Os PMs disseram que deram sinal para o carro parar, mas o motorista não teria obedecido. Houve perseguição e os policiais atiraram. O carro foi atingido por quatro tiros, na Avenida Roberto Silveira, em Nilópolis. Haíssa foi atingida e morreu no hospital.

A Polícia Militar abriu uma sindicância para apurar o caso e os quatro PMs do batalhão de Irajá, envolvidos na ação vão trabalhar administrativamente até que o inquérito seja concluído. As armas usadas por eles foram entregues para perícia. Testemunhas já prestaram depoimento. Os investigadores pediram imagens de câmeras de segurança próximas ao local do crime. O caso foi registrado como homicídio decorrente de intervenção policial.amigas da jovem contestam a versão, dizendo que os policiais atiraram sem qualquer aviso ou pedido para averiguação.

"Não sinalizaram nada, não piscaram farol, não fizeram barulho de nada. Eles simplesmente surgiram e alvejaram a gente. Eles atiraram pra matar. Não foi pra advertir, pra chamar atenção. Como que a polícia atira mais de 10 vezes com fuzil em cima de um carro sem saber quem são?", questionou a amiga, que preferiu não se identificar. Outra amiga, que estava do lado de Haíssa quando os disparos aconteceram, disse que ela chegou a ser socorrida, mas morreu no hospital. “Quando eu vi que ela estava atingida, que os policiais não fizeram nada num primeiro momento. Ver ela sangrando, falando que tinha sido baleada... Foi horrível. Se dizem que querem proteger vidas, não estão protegendo vida nenhuma, estão acabando com as vidas", desabafou.

Família chora

O pai da vítima, Ironildo Motta, questionou a punição para policiais que cometem crimes em abordagens e que acabam soltos. “Será que ela vai ser mais uma das estatísticas? Será que vai ser mais uma [vez] que esses policiais não vão ser punidos?"

G1

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