Som em carro de morta salvou dupla de amigos em ação da PM, diz laudo
Haíssa foi morta por PMs durante abordagem policial na Baixada
A perícia no carro onde estava
Haíssa Vargas Motta, de 22 anos, morta no sábado (2) em abordagem
policial na Baixada Fluminense, apontou que dois amigos dela escaparam
de ser mortos por pouco. Segundo o laudo, o alto-falante do carro onde
estavam impediu a passagem de mais balas. Apenas uma passou pelo banco
de trás e atingiu a jovem, que estava no meio.
Uma bala foi encontrada dentro do veículo e encaminhada para exame de
balística. As marcas dos tiros estão na traseira do carro. O motorista
do carro, que não quer ser identificado, diz que os policiais não
sinalizaram para que ele parasse o veículo.
A versão do rapaz contradiz a dos PMs. Em depoimento, eles disseram que
na madrugada de sábado faziam um patrulhamento na Avenida Nazaré, em
Anchieta, quando avistaram um carro HB20 branco. De acordo com os
policiais, eles estavam procurando dois veículos, da mesma cor, que
estariam com criminosos.
Os PMs disseram que deram sinal para o carro parar, mas o motorista não
teria obedecido. Houve perseguição e os policiais atiraram. O carro foi
atingido por quatro tiros, na Avenida Roberto Silveira, em Nilópolis.
Haíssa foi atingida e morreu no hospital.
A Polícia Militar abriu uma sindicância para apurar o caso e os quatro
PMs do batalhão de Irajá, envolvidos na ação vão trabalhar
administrativamente até que o inquérito seja concluído. As armas usadas
por eles foram entregues para perícia. Testemunhas já prestaram
depoimento. Os investigadores pediram imagens de câmeras de segurança
próximas ao local do crime. O caso foi registrado como homicídio
decorrente de intervenção policial.amigas da jovem contestam a versão,
dizendo que os policiais atiraram sem qualquer aviso ou pedido para
averiguação.
"Não sinalizaram nada, não piscaram farol, não fizeram barulho de nada.
Eles simplesmente surgiram e alvejaram a gente. Eles atiraram pra matar.
Não foi pra advertir, pra chamar atenção. Como que a polícia atira mais
de 10 vezes com fuzil em cima de um carro sem saber quem são?",
questionou a amiga, que preferiu não se identificar.
Outra amiga, que estava do lado de Haíssa quando os disparos
aconteceram, disse que ela chegou a ser socorrida, mas morreu no
hospital. “Quando eu vi que ela estava atingida, que os policiais não
fizeram nada num primeiro momento. Ver ela sangrando, falando que tinha
sido baleada... Foi horrível. Se dizem que querem proteger vidas, não
estão protegendo vida nenhuma, estão acabando com as vidas", desabafou.
Família chora
O pai da vítima, Ironildo Motta, questionou a punição para policiais que
cometem crimes em abordagens e que acabam soltos. “Será que ela vai ser
mais uma das estatísticas? Será que vai ser mais uma [vez] que esses
policiais não vão ser punidos?"
G1
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