“Ela que vá mandar na Rede dela”, diz dirigente do PSB sobre Marina
Um
dia após o PSB oficializar a candidatura de Marina Silva para a
Presidência, o coordenador-geral da campanha de Eduardo Campos , Carlos
Siqueira, anunciou nesta quinta-feira (21) seu desligamento do posto
alegando divergências com a ex-senadora. Ao sair de reunião do PSB,
Siqueira – que é secretário-geral do partido –, mandou um recado para
Marina:“ela que vá mandar na Rede dela”, disse o dirigente, referindo-se
ao grupo político da presidenciável, a Rede Sustentabilidade. Tentando
evitar polêmicas com a cúpula do PSB, Marina disse que a divergência
era motivada por um "mal entendido".
Quadro histórico do PSB, Siqueira confirmou sua saída da coordenação da
campanha na manhã desta quinta, pouco antes de os dirigentes socialistas
se reunirem, em Brasília, com os demais partidos da coligação. Indagado
por repórteres se estava magoado com a candidata ao Planalto, o
secretário-geral criticou o fato de Marina ter feito indicações para
cargos-chave da campanha sem consultar o PSB.
O ex-coordenador também criticou o fato de, na opinião dele, Marina ter
feito alterações na equipe da campanha sem consultar o PSB.
Equívoco
Pouco depois das declarações de Siqueira, Marina deixou a reunião que
estava fazendo com os demais partidos da coligação e foi questionada por
jornalistas sobre a reação do secretário. Ela classificou a fala como
“equívoco” e “incompreensão” e a atribuiu à “gravidade do momento, ao
tensionamento”.
“Há que ter compreensão com as sensibilidades das pessoas e essa
compreensão, essa capacidade eu tenho. Sempre digo que prefiro sofrer
uma injustiça a praticar uma injustiça”, disse. Ela ainda acrescentou
que tem “profundo respeito” pelas pessoas. “Ainda mais nesse momento de
dor”, disse em referência à morte de Eduardo Campos.
Trocas na campanha
Durante longa reunião dos dirigentes do PSB e da Rede nesta quarta-feira
(20), Marina acertou algumas trocas entre os integrantes da coordenação
da campanha. Ela deu mais poderes a dois integrantes da Rede que são de
sua confiança.
O deputado federal Walter Feldman, que era o porta-voz da Rede, foi
colocado como coordenador-geral adjunto para atuar ao lado de Siqueira.
Bazileu Margarido, um dos militantes que trabalharam pela fundação da
Rede, foi nomeado titular do comitê financeiro da campanha. Ele ocupava o
lugar que foi designado a Feldman.
O gesto de Marina foi interpretado por Siqueira como uma demissão,
segundo avaliaram pessoas ligadas a candidata. O secretário gostaria de
ter sido indicado pessoalmente pela ex-senadora e não gostou do fato de
ela ter designado ao PSB a tarefa de escolher seus integrantes na
coordenação.
“Ele me disse que foi uma maneira elegante de a Marina o destituir do
cargo”, relatou Bazileu Margarido. Durante a reunião, a senadora chegou a
pedir desculpas a Siqueira, mas ele não voltou atrás e decidiu romper
com a candidata.
Novo coordenador-geral
O presidente do PSB, Roberto Amaral, concedeu entrevista ao lado
candidata e reiterou que “não há nenhum ruído entre o PSB e a Rede”. A
declaração de Siqueira, segundo Amaral, é um “mal entendido”. “Uma
reação puramente pessoal que eu respeito sem nenhum conteúdo político”,
concluiu.
Ele também disse que o partido indicará um novo coordenador-geral para a
campanha ainda nesta tarde. Ele disse ainda que Siqueira – que é
primeiro-secretário da legenda - trabalhará ao seu lado no comando do
partido.
Coligação
Após parte dos seis partidos que integram a coligação do PSB reclamar de
não ter sido consultado sobre a escolha de Marina e Beto Albuquerque
para a disputa presidencial, os dirigentes socialistas se reuniram nesta
quinta com as siglas aliadas. Ao final do encontro, as legendas
aprovaram a nova chapa. Além do PSB, integram a aliança PPS, PPL, PHS,
PRP e PSL.
O PSL foi o único que não deu o aval. O presidente da sigla, Luciano
Bivar, não compareceu à reunião na sede nacional do PSB. Nesta quarta, o
PSL já havia anunciado que não ficou satisfeito em ter Marina como
candidata e advertiu que poderia deixar a coligação.
Bivar disse que se reunirá nesta sexta-feira (22) com Marina Silva, em
Recife, para definir o futuro do partido dentro da coligação.
G1
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