sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Google designou um engenheiro para cuidar da felicidade de seus profissionais

Chad-Meng Tan: ele é o homem do Google que mede a felicidade dos funcionários (Foto: Divulgação)
Você já conhece bem os títulos de diretores de empresas internacionais: CEO, o chefão, CFO, o da grana, CIO, o dono da tecnologia... e por aí vai. Nem sempre usamos estes nomes em nossas empresas no Brasil, especialmente nas pequenas, mas há sempre alguém fazendo as mesmas funções, com outros nomes

Mas você já tem um CHO na sua empresa? O Google já tem. E a novidade está se espalhando pelo universo empresarial. Agora, o Google começa uma campanha para que outras empresas o acompanhem nesta inovação empresarial.
CHO, em inglês, quer dizer Chief Happiness Officer, ou traduzindo, Diretor de Felicidade na Empresa, o que poderíamos chamar de CFelO.
Chade-Meng Tan é o nome do CFelO do Google, a quem vamos chamar a partir de agora de Meng. O conceito é o seguinte: felicidade não é mais uma coisa que você procura ou se esforça para alcançar, nem é tarefa sua, é dever e obrigação de sua empresa. É algo que você compra e recebe como e onde quiser. E qual a função do Meng no Google? Ele é o responsável pela satisfação dos funcionários da empresa, baseado na premissa de que funcionários felizes são mais produtivos. Grandes companhias americanas e algumas startups já têm esta função em seus organogramas.
Os CFelOs fazem diagnósticos pessoais de cada colaborador e ajustam a relação de cada um com a empresa, para torná-los pessoas felizes. As atividades propostas para atingir este objetivo são variadas, e podem ser feitas dentro ou fora da empresa: seminários, passeios nos dias de semana, meditação sensorial, diagnósticos do ambiente empresarial, distribuição de presentes e objetos que distingam cada um dos funcionários, entre muitas outras.
O Meng, o do Google, é conhecido na empresa como o Jolly Good Fellow, ou o Cara Muito Legal. Segundo o próprio, seu trabalho é “iluminar consciências, abrir corações, criar um ambiente de paz e harmonia”. A frase me parece conhecida, já a li muitas vezes em textos budistas, cabalistas e franciscanos. Eu mesmo já a usei, algumas vezes, em meus artigos. Meng, engenheiro, foi designado para este trabalho depois de ter frequentado um seminário com o monge budista Mathieu Ricard. Ele garante que “Ricard é o homem mais feliz do mundo”, baseado no padrão de atividade que conseguiu em seu córtex frontal esquerdo. Mas como exatamente alguém cria felicidade?
“Nós identificamos os níveis de felicidade de cada um na empresa, e criamos um medidor, o Índice de Felicidade Empresarial. Assim, descobrimos os pontos básicos de infelicidade e engajamos as pessoas na superação destes problemas.”
Uma corrida bizarra para determinar qual a empresa “Mais Feliz do Mundo” já está em curso, envolvendo centenas de grandes e pequenos empregadores nos EUA e na Europa. O Google quer que você e sua empresa participem deste movimento.
Você gostaria de ter alguém profissionalmente responsável pela sua felicidade? Será que o Meng e centenas de outros Mengs já em atividade nos EUA e no Brasil não estão se metendo demais na vida das pessoas? Alguma vez você já parou para pensar no desempenho do seu córtex cerebral esquerdo?
O CFelO de uma cadeia de restaurantes diz que monitora todos os e-mails e todos os passos digitais dos funcionários de sua empresa, e garante que este hábito é saudável e cria “ um clima de aumento da produtividade social da empresa”
A pergunta é: quando estas práticas passam a ser, pura e simplesmente, invasão de privacidade? E se você, como Steve Jobs, Thomas Alva Edison, Santos Dumont, Charles Darwin e centenas de outros gênios, não quiser, ou não puder, ser feliz? Na sua empresa, os mais competentes e produtivos são os mais felizes ou os mais inquietos e ansiosos por crescimento profissional e sucesso?
Já se fala em uma nova onda, chamada “felicismo, a nova febre empresarial”.
A obrigação de ser feliz não será mais um foco de tensão e angústia dentro das empresas, fazendo o tiro sair pela culatra? Mas que o tema da maior satisfação do pessoal empregado está na moda, não há dúvida. Outra ideia, que também tem o apoio do Google, vem de Carlos Slim, o mexicano que disputa com Bill Gates, cabeça a cabeça, o título de homem mais rico do mundo.
Slim acaba de propor o seguinte: modificar a forma do trabalho, reduzindo os dias de trabalho para apenas três, com duas folgas intercaladas. Você trabalharia três dias por semana, de 10 horas da manhã até às 10 horas da noite, e folgaria nos outros quatro. Além disso, a aposentadoria passaria de 65 anos para 75, já que vivemos mais e acumulamos cada vez mais conhecimento.
Que tal a ideia? Qual das duas vai prosperar? Seja como for, é de se notar que o capitalismo, velho de mais de 500 anos, mas astuto como sempre, está preocupado com os limites do esforço e da dedicação humana, e ensaia mudanças. Não se esqueça que em torno do ano 1.750 nossos antepassados trabalhavam 14 a 16 horas por dia, todos os dias menos aos domingos. Pela ideia do Chefão Slim e do Google, vamos trabalhar 36 horas por semana e folgar 136 horas. Hoje trabalhamos entre 40 a 48 horas, e folgamos entre 132 a 128, incluindo as noites, é claro.
Pequenas e médias empresas são as mais adequadas para experimentar a mudança nos horários de trabalho. Tente, por um ou dois meses, e veja se funciona. E não esqueça que você, empreendedor, também será beneficiado pela mudança, que de quebra diminui custos de energia, telefonia, vale-transporte e infraestrutura. No momento escalafobético que vive a economia brasileira, talvez o Brasil seja o país ideal para experimentar a ideia.
Na outra ponta, que tal abrir uma startup chamada BeHappy.com.br para oferecer serviços de “felicismo” terceirizados para pessoas, empresas e para o próprio país? Que estamos precisando, estamos...
Via Pequenas Empresas, Grandes Negócios 


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