domingo, 10 de agosto de 2014

Como gostaríamos de poder abraçá-lo, papai!

"VOCÊ NÃO FOI CORRETO COM SEUS FILHOS, PAPAI, QUANDO SE FOI TÃO CEDO SEM NOS AVISAR"!


Papai nunca foi de 'aprontar' com nós, os filhos seus. Porém, no dia 27 de maio de 1987, há exatamente 27 anos atrás, ainda aos 57 anos de idade, ele fez uma 'presepada' danada conosco e se foi sem ao menos se despedir da gente, deixando a imorredora dor da saudade no nosso peito. 

Ele não devia ter feito aquilo conosco, pois até hoje ainda não compreendemos essa sua precoce atitude, que envolve mamãe e a gente de luto até hoje. 

Lembro-me muito bem, eu estava com uma perna engessada por conta de um acidente de motocicleta que sofri, quando fui chamado às pressas porque ele havia passado mal. 

Naquela fatídica madrugada, quando cheguei na casa dos meus pais ele já havia sido socorrido para uma clínica em Princesa Isabel para onde me dirigi sem saber o que teria acontecido com ele. Lá, encontrei-me com a minha irmã Jenoveva, que já havia sido orientada pelo médico que o atendeu para trazê-lo de volta - recomendação esta que jamais aceitei, uma vez que o tiramos dos cuidados médicos para vê-lo morrer de infarto agudo do miocárdio em casa.  

Sem nenhuma formação escolar, o nosso pai era um sábio. Suponho que, sabiamente, prevendo que chegara a sua hora ele adoeceu para ser levado para mesma clínica onde a minha irmã, Inês, encontrava-se internada para 'trazer ao mundo' o filho Filipe. Talvez quisesse ouvir o choro do último neto seu que iria nascer enquanto vivo ele estivesse. E, hoje, noutra dimensão, junto ao Grande Arquiteto do Universo, certamente estão os dois rindo de nós outros que por enquanto ainda aqui estamos e até hoje não compreendemos porque ambos se foram tão cedo.    

Deus, no entanto, permitiu que assim fosse. Mais antes de partir, ele já havia nos ensinado a diferença entre o mal e o bem. Aliás, na escola da vida foi ele o nosso melhor professor. Na nossa adolescência, era a autoridade que impunha limites aos nossos desejos para somente agora, depois de adultos, percebermos que ele tinha razão e era o melhor conselheiro e amigo que tínhamos.

Ensinou-nos a ser forte e a manter a cabeça sempre erguida, fazendo-nos sentir por ele protegidos em quaisquer circunstâncias.

Na noite da última sexta-feira (08), foi impossível dele não lembrarmos quando em minha casa mamãe cozinhava angu para um amigo meu, residente em São Paulo, que recebi para jantar. Pois, este era o prato preferido do meu pai - de muito mal gosto, aliás!

E, por falar em mamãe, jamais contei pra ela as peripécias que ele, 'por debaixo dos panos', aprontava para que ela não soubesse. Fui, pois, e sempre serei, cúmplice dele nesse quesito, uma vez que dele herdei esse jeito de também assim agir em determinados momentos.

Além das muitas e boas amizades que tinha e do saber que ele nos deu, heranças materiais não nos deixou. Porém, de herança eu fui o seu filho mais beneficiado porque dele fui o único herdeiro político. Persegui, pois, os mesmos passos seus e, pela generosa vontade dos juruenses, fui eleito vereador e vice-prefeito, assim como ele também o foi. 

Já não estava mais conosco quando administrei os destinos de Juru, mais tenho certeza, contudo, que ele ficou muito feliz e torceu pelo meu sucesso, amante que era dessa terra e dessa gente.

Ainda não tinha os cabelos brancos como estão os meus agora, contando com a mesma idade que ele estava. E, apesar de ter corrido muito na vida para nos proporcionar dias melhores, jamais deixou transparecer que os seus passos lentos parecessem cansados. 

Foto
Antônio Luiz: meu saudoso pai, meu heroi!
Hoje, nesse dia em que os pais são homenageados, eu tenho dúvida se nós que estamos órfãos da sua presença estejamos realmente de parabéns. Falta-nos, pois, um porto seguro, o nosso esteio maior. 

Prefiro, portanto, acreditar que de parabéns plenamente estão aqueles pais que hoje recebem homenagens dos seus filhos e ainda têm a felicidade de ter o convívio dos seus pais para poder também abraçá-los.

Embora não possamos fisicamente o abraçar, papai, parabéns pelo seu dia!

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