Salgueiro, Mangueira e Beija-Flor levantam público no 1º dia de desfiles
O
primeiro dia do desfile de escolas de samba do Grupo Especial do Rio
foi marcado por homenagens à História do Brasil e às tradições herdadas
pelos povos africanos. Seis escolas passaram pela Sapucaí entre a noite
de domingo (2) e madrugada desta segunda-feira (3): Império da Tijuca, Grande Rio, São Clemente, Mangueira, Salgueiro e Beija-Flor.
Duas
delas (Grande Rio e Mangueira) falaram sobre o Descobrimento do Brasil
em suas comissões de frente. A cultura africana permeou a maior parte do
desfile da Império da Tijuca, mas também foi retratado novamente na
Mangueira e no desfile do Salgueiro. Todas as escolas mostraram
criatividade na hora de trazer elementos acrobáticos e efeitos
especiais. Na São Clemente, até piscinas de plástico subiram nas
alegorias. Acrobatas se apresentaram em um canhão humano na Grande Rio.
Houve tirolesa na Mangueira e uma artista chegou a "levitar" em uma
alegoria do Salgueiro, graças a um truque mecânico.
Sem atrasos,
os imprevistos foram pequenos: na Mangueira, um carro alto demais ficou
entalado na avenida, e acabou com peça arrancada. No Salgueiro, uma das
alegorias soltou fumaça, mas não teve os movimentos comprometidos, e um
dos carros, dedicado ao elemento fogo, teve problemas na iluminação. A
Beija-Flor fechou os desfiles versando sobre comunicação, com homenagem a
Boni, ex-diretor da TV Globo, e muitos famosos.
Veja a seguir o resumo dos desfiles deste domingo:
A
escola da Zona Norte do Rio abriu os desfiles com o enredo "Batuk", que
mostrou a força do batuque que chegou ao Brasil com os negros africanos
e se disseminou em festas. A Império lembrou os ritmos que vieram da
África e também apostou em ritmos mais novos, representados pela figura
de Chico Science e Nação Zumbi, Filhos de Gandhi e AfroReggae. O desfile
falou ainda a formação do samba, do jongo e do maxixe.
Empolgante,
a apresentação da escola marcou sua volta ao Grupo Especial, depois de
16 anos no Grupo de Acesso. Ela foi assinada por Júnior Pernambucano,
carnavalesco mais jovem entre as 12 escolas do Rio, com 34 anos. No ano
passado, ele ajudou a conquistar o título do Grupo de Acesso. (leia o relato completo do desfile).
Para
comemorar os 200 anos de fundação da cidade de Maricá, na Região dos
Lagos do Rio de Janeiro, a Acadêmicos do Grande Rio levou à avenida um
samba-enredo poético e diversas surpresas nas alegorias. Além de carros
com detalhes articulados e um show de bailarinos, a escola arrancou
aplausos do público ao levar, como parte da comissão de frente, um
canhão humano, com a participação de um artista chileno profissional.
A
cantora Maysa, moradora de Maricá, foi a principal personalidade
homenageada pela Grande Rio. O naturalista inglês Charles Darwin, que
participou de uma expedição à cidade, inspirou boa parte dos carros
alegóricos e fantasias, com alusões à flora e à fauna locais. Uma enorme
locomotiva com fumaça e som contou a história do progresso da cidade,
que passou a transportar seus produtos agrícolas após a construção da
estação de trem. O desfile durou 81 minutos e não apresentou percalços
técnicos (leia o relato completo do desfile).
Com
o tema "Favela", a São Clemente escolheu um belo samba-enredo e abusou
das cores e da criatividade para falar dos hábitos nos morros. Usando
muito humor, abordou a pobreza, falou de esperança, justiça social e
contou detalhes da história desses locais. Entre os 3.200 componentes
pôde se ver detalhes divertidos do cotidiano das comunidades:
churrasquinho na laje, pipas, piscininhas de plástico e latas d'água
ganharam espaço na Marquês de Sapucaí.
A escola homenageou
diversas favelas do Rio em suas alas, com fantasias originais e
diferentes uma das outras. A da Rocinha trouxe bastante verde nas roupas
de seus integrantes, a da Mangueira tinha a árvore que dá nome ao lugar
e a do Complexo do Alemão mostrava postes e fios emaranhados em cada
componente. Mais criativa de todas era a que representava o Morro Santa
Marta, com a enorme pedra que existe no local e uma alusão ao astro
Michael Jackson, que gravou um clipe ali quando esteve no Brasil, em
1996. A escola inteira cantou alto e a plateia acompanhou (leia o relato completo do desfile).
A
Mangueira invadiu a avenida com carros alegóricos cheios de truques de
iluminação e uma orquestra de tamborins surpresa no show da bateria.
Tudo para contar a história das maiores festas brasileiras e tentar
conquistar o 20º título da escola. O desfile empolgou o público ao
mostrar celebrações tradicionais como a cavalhada e o congo, festas que
nasceram do sincretismo religioso, como a reverência à deusa das águas,
Iemanjá, e eventos mais recentes, como a Parada Gay.
Grandes
festanças locais, como o São João nordestino, a Festa do Boi de
Parantins, na Região Norte, e a Festa da Uva, no Sul do Brasil, também
apareceram com maestria na Sapucaí. O desfile foi fechado quase com
chave de ouro com um carro alegórico em alusão ao Réveillon e, como não
podia faltar, uma alegoria dedicada à maior festa do país, o próprio
carnaval. Um problema técnico com um dos carros deixou a escola
apreensiva, depois que ele ficou entalado na avenida. Mas a questão logo
foi corrigida e a Mangueira não estourou o tempo (leia o relato completo do desfile).
Com
samba-enredo cantado em coro nas arquibancadas, a Acadêmicos do
Salgueiro falou da criação do mundo e aproveitou o tema para fazer um
alerta sobre a necessidade de preservação da natureza. O público da
Marquês de Sapucaí por pouco não anulou a voz dos puxadores do samba
cantando mais alto que eles e gritando "É campeã" ao final do desfile.
A
comissão de frente trazia os quatro elementos da natureza (fogo, água,
terra e ar) representados pelos deuses africanos, mas o melhor efeito
veio logo a seguir, no abre-alas, onde uma bailarina parecia levitar em
cima do carro alegórico. O carro dedicado à água também chamou a
atenção. Bem iluminado e com uma imensa serpente marinha, o azul de
toda a alegoria se destacou na Sapucaí e aumentou o brilho da
apresentação (leia o relato completo do desfile).
A
Beija-Flor foi a última a desfilar. A escola de Nilópolis entrou na
avenida às 4h21 e levou para o sambódromo a história da evolução da
comunicação, com uma homenagem a José Bonifácio de Oliveira Sobrinho,
ex-diretor geral da TV Globo.
Boni desfilou no chão, à frente do
último carro alegórico da escola, fantasiado de Chaplin. Literatura,
televisão, rádio e internet foram lembrados na Sapucaí. Claudia Raia foi
a rainha de bateria da escola. A ala com Boni teve artistas e amigos do
empresário e diretor de televisão, muitos estreantes na Sapucaí, como
Tarcísio Meira, Glória Menezes, Faustão, Regina Duarte, Cid Moreira e
Lima Duarte (leia o relato completo do desfile).
G1
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