Sessentão, Sidney Magal vira sensação entre os machões do futebol
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| Sidney Magal: nascido no bairro de Botafogo e alvinegro desde criancinha Foto: Marcelo Theobald/Extra |
Fim
da década de 1970. Rebolativo, colorido, enérgico, sensualíssimo,
Sidney Magal enlouquece o mulherio em seus shows ao som de “Meu sangue
ferve por você”. Uma miscelânea de jeito latino, voz potente e
feminilidade instigante enfeitiça as fãs, deixando-as fora de si: elas
se jogam das arquibancadas, batem com a cabeça na quina do palco, mordem
braços, rasgam camisas, arrancam-lhe mechas de cabelo. Início de 2014.
Um Maracanã abarrotado de botafoguenses, eufóricos com a reestreia de
seu time na Copa Libertadores após 17 anos, vibra e canta em uníssono os
versos daquele que já é considerado o segundo hino da torcida: “Fogo,
eu te amo/ Fogo, eu te amo, meu amor/ Fogo, eu te amo/ O meu sangue
ferve por você”. No meio dos mais de 50 mil alvinegros, Sidney de
Magalhães, 60 anos de vida e 37 de carreira, chora, emocionado. Um
placar de 4 a 0 contra o Deportivo Quito, abraços apertados, pulos de
alegria, pedidos de fotos e autógrafos... Quem diria! Ele conquistou
também o coração da marmanjada.
—
Meu grande trunfo é que, quando as pessoas que curtem o meu trabalho me
encontram, enxergam em mim um ser humano como elas. Isso me mantém
respeitado, querido até hoje. O que eu vivi no último dia 5 de
fevereiro, no Maracanã, foi a mais recente prova disso. Aquele bando de
machões vindo fervorosos ao meu encontro: “Bicho, você é demais, a gente
te ama”. É porque eles sabem que sou um cara legal, normal, e não um
artista deslumbrado. Quando subo ao palco, devo respeito ao público e
faço com amor. Quando desço, deixo o glamour ali e volto a ser o Sidney
de Magalhães — analisa o cantor: — Quanto mais o artista bota banca,
quem mais se prejudica é ele, que vive isolado. Eu, graças a Deus, estou
sempre cercado de gente querida, sendo acarinhado pelos fãs, pela
família, pelos colegas. Adoro ser mimado!
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| O cantor na sede do Botafogo: fotos com fãs e funcionários Foto: Marcelo Theobald |
A
visita à sede do Botafogo, na Zona Sul do Rio, onde foram realizadas as
fotos para esta reportagem, deu uma amostra do quanto os alvinegros,
homens ou mulheres, fervem ao se depararem com Sidney Magal.
— Ô,
homem lindo! E ainda é botafoguense, o que eu quero mais? — empolgou-se
dona Elza Fernandes Reis Jorge, de 75 anos, após um clique ao lado do
artista querido.
Jogador do sub-20, Pablo Freitas Lemos, de 19, também pediu para posar ao lado do agora ídolo botafoguense:
—
Já cantei muito a música dele nos estádios, junto da torcida. Espero em
breve poder estar dentro de campo ouvindo a galera cantar para mim. Dá
uma energia danada!
Zagueiro do time profissional, Dória, também de 19 anos, experimentou a sensação:
—
A versão alvinegra para a música do Sidney Magal ficou perfeita! E
sentir a vibração, o apoio da torcida, só impulsiona e inspira a gente a
fazer bonito no gramado.

Herança de família
A
paixão de Magal pelo Botafogo é herança de família. Carioca nascido,
coincidentemente, no bairro homônimo ao time, ele se tornou torcedor
alvinegro ainda criança, por influência do pai, Darcy.
— Ele era
botafoguense alucinado e sempre me levava aos jogos. Eu me deixei
encantar, óbvio, até por conta dos jogadores que o Botafogo tinha na
época: Nilton Santos, Garrincha, Jairzinho, Manga... Mais tarde, só não
virei frequentador assíduo de estádios por causa da vida artística,
corrida demais. Mas adoro futebol. Só não sei jogar, sou um tremendo
perna de pau. O máximo que consigo é arrancar algumas boas gargalhadas
das pessoas quando estou em campo. É que sou extremamente cuidadoso
comigo, e se o cara vem com um pontapé ou tenta me derrubar, largo a
bola e saio correndo — revela.
Do alto de seu 1,90m, Magal bem que
tentou desenvolver habilidades no basquete, no remo, no vôlei de praia e
no boliche, mas acabou desistindo de tudo isso:
— Não tenho
espírito algum de atleta. Confesso que sou daqueles que não insistem
muito nas coisas. Tudo que exige certa disciplina não me ganha. Não sei
se é influência do signo, sou geminiano, mas imediatamente já quero
mudar se está repetitivo, chato. Só a música mesmo para me arrebatar.
Se
o horóscopo justifica a falta de interesse pelos esportes em geral, a
genética, de certa forma, continua aproximando Magal desse universo.
Filho único do casamento de seu Darcy com dona Sônia, o cantor acabou
ganhando dois irmãos provenientes de um segundo relacionamento do pai.
Um deles é Vinny Magalhães, o internacionalmente famoso lutador de MMA.
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| No encontro furtivo com o meio-irmão Vinny, em São Paulo, no início do mês Foto: Reprodução de Instagram/Agência O Globo |
—
Nosso pai morreu em 1990, e só voltamos a nos encontrar em 2001. Não
nos vemos com frequência porque moro há dez anos nos Estados Unidos e,
quando venho ao Brasil , é mais para rever a minha mãe no Rio — conta
Vinny, deixando clara sua admiração pelo irmão mais velho: — Sou fã
desde pequeno. Ele foi o primeiro artista de quem aprendi a cantar todas
as músicas de cor. Por outro lado, acredito que ele não goste muito de
lutas, mas acho que também admira o meu esforço e se sente feliz ao
perceber que nosso pai teve mais um filho bem-sucedido, mesmo que em
áreas tão opostas.
Magal comemora as poucas vezes em que consegue encontrar o irmão:
—
Semana passada, estive em São Paulo para um show e descobri que o Vinny
estava hospedado num hotel próximo ao meu, para gravar aquele reality
show de UFC da Globo. Dei uma passada lá para dar um beijo nele, estava
com saudade. Foi ótimo!



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