Regina Navarro Lins
Comentando o “Se eu fosse você''
A questão da semana é o caso da internauta que se frustra porque o namorado nunca se dispõe a fazer sexo oral nela.
O
sexo oral é alvo de dois tipos de preconceito: imoralidade e falta de
higiene. Na nossa cultura judaico-cristã qualquer prática que não leve à
procriação sempre foi condenada, e os genitais são, para muita gente,
considerados uma parte suja do corpo, por sua proximidade com os órgãos
de excreção. Claro que nada disso tem fundamento. É sabido que a grande
maioria do sexo que se pratica não é para a procriação, e com a higiene
comum os órgãos sexuais podem ficar tão limpos e cheirosos como qualquer
outra parte do corpo. Além disso, em condições normais, o pênis e a
vulva contêm muito menos germes do que a boca.
Muitas pessoas
evitam essa prática sexual ou a utilizam, sentindo-se ansiosas e
constrangidas, apenas para agradar o parceiro(a). Na conclusão do
estudo sobre a opinião dos homens a respeito da cunilíngua, Shere Hite
diz no seu relatório: “Será que as mulheres não são asseadas? Um dos
temas mais frequentes sobre a vagina e a vulva está relacionado com o
asseio da mulher, ou se ela se lavou recentemente. O fato de tantos
homens sentirem desejo de enfatizar esse ponto parece refletir a
influência das antigas opiniões patriarcais sobre a sexualidade feminina
(e sobre as mulheres) como algo sujo, sórdido, ou não muito bonito”.
Apesar
de tantos tabus, de alguns acharem uma pouca vergonha, outros uma
imundície, o sexo oral é a atividade que mais se pratica antes da
penetração. Calcula-se que hoje, no Ocidente, cerca de 75% dos casais
experimentam a estimulação oral-genital, e pelo menos 40% o usam com
frequência.
E pesquisas indicam que esses casais têm mais chance
de se ajustarem sexualmente. Não é para menos. A boca e os genitais são
os órgãos mais sensíveis do corpo e bastante receptivos às sensações de
prazer. Sem contar com o adicional que a criatividade erótica pode
proporcionar. Os homens de uma ilha da Micronésia, por exemplo, colocam
um pequeno peixe dentro da vagina da mulher, que é gradativamente
lambida por eles nas preliminares.
Há homens que, sem coragem de
sugerir às esposas o sexo oral, procuram, com as prostitutas, a
satisfação desse prazer proibido em casa. As mulheres, além de todo o
constrangimento por conta da repressão sexual, temem engasgar com o
pênis na boca e, para decepção de seus parceiros, evitam engolir o
esperma. Coisa que, indevidamente, é vista como falta de amor. Existem
outras dificuldades na prática do sexo oral.
Os homens reclamam
das mulheres que sugam o pênis com força ou roçam os dentes, causando
desprazer. As mulheres dizem que os parceiros, não conhecendo bem a
anatomia feminina, concentram a estimulação nos grandes lábios vaginais,
onde há poucas terminações nervosas e por isso não proporcionam prazer.
Ou então, o que é pior, friccionam o clitóris de forma rude, causando
dor.
Como o sexo é um aprendizado, se houver vontade, é possível
melhorar o desempenho. Contudo, o mais complicado de resolver, e que
gera sérios desentendimentos, deixando a mulher ressentida, é a atitude
do homem em relação ao sexo oral. Não são poucos os homens que desejam
que a mulher sugue seu pênis, mas evitam sempre que podem fazer o mesmo
na vagina da parceira.

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