Lula insinua que STF vazou prisões para a Globo
Blog do Josias
Em discurso para prefeitos do PT, Lula criticou na noite passada a
forma como Joaquim Barbosa executou as primeiras sentenças do mensalão.
Sem mencionar o nome do presidente do STF, ele disse: “O que nós
queremos é que a decisão seja cumprida tal como ela foi determinada e
não pela vontade de alguém.” A certa altura, Lula insinuou que, além das
ordens de prisão, o Supremo providenciou os holofotes.
Voltando-se para o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que compunha a
mesa, Lula declarou: “Fui informado, não sei se é verdade, Suplicy, acho
que vocês deveriam se informar, que a Globo recebeu a informação antes
da Polícia Federal. Se isso aconteceu é muito grave.” Lula não
esclareceu como teria sido “informado”.
Foi a primeira vez que Lula falou sobre a execução fatiada das
condenações dos mensaleiros. Entre eles os petistas José Dirceu, José
Genoino e Delúbio Soares. Na quinta-feira da semana passada, um dia
antes das prisões, ele controlara a língua ao ser questionado sobre o
tema: “Quem sou eu para fazer qualquer julgamento ou insinuação sobre a
Suprema Corte?”.
No discurso que dirigiu aos prefeitos petistas, na cidade paulista de
Santo André, Lula julgou e insinuou abertamente. Falou por 33 minutos
(ouça lá no rodapé). Ecoando os correligionários que se queixam da
demora em assegurar a Dirceu, Genoino e Delúbio as regalias do regime
semiaberto, Lula evocou a lei e a biografia dos presos.
“Nós temos companheiros condenados, tem uma sentença dada. A pena de
cada companheiro está determinada já. O que não pode é tentar tripudiar
em cima da condenação das pessoas sem respeitar o histórico das pessoas e
a lei. Tem uma lei, tem uma decisão. E o que nós queremos é que a
decisão seja cumprida tal como ela foi determinada e não pela vontade de
alguém.”
Foi nesse ponto do discurso que Lula fez a insinuação de que a
Polícia Federal, incumbida de executar as ordens de prisão, só soube dos
mandados expedidos por Barbosa depois que a notícia já havia chegado à
TV Globo. Na sequência, o orador deu a entender que a balança da Justiça
está desregulada.
“Para nós, todo e qualquer cidadão deve ser inocente até prova em
contrário. Na hora que provar a culpabilidade, puna quem quer que seja,
meu parente ou meu adversário. A lei é para todos. Isso vale para nós e
vale para eles. Agora, me parece que a lei só vale para o PT.” Foi como
se Lula aderisse às queixas do petismo quanto à postergação do
julgamento do processo do mensalão do PSDB mineiro, que também tramita
no STF.
Lula prosseguiu: “Nós precisamos ter coragem de fazer esse debate
político no momento certo.” Deu a entender que a hora propícia será
2014. “A resposta que a gente vai dar para eles é garantir o segundo
mandato da companheira Dilma Rousseff. [...] E o segundo ato, sem ficar
nervoso, é eleger esse caboco aqui governador do Estado de São Paulo”, arrematou, lançando olhares para o ministro Alexandre Padilha (Saúde).
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