Fotógrafa brasileira faz séries de nus na França, nos EUA e no centro de SP
CASSIANA DER HAROUTIOUNIAN
DE SÃO PAULO
"Portrait16", retrato de casal nu na França
A fotógrafa Mona Kuhn é brasileira, mas um pouco americanizada. Nascida
em São Paulo em 1969, de ascendência alemã, a artista se mudou para os
EUA ainda criança para estudar fotografia em San Francisco. Mona falou à
Serafina por telefone, em português, e por e-mail, em inglês.
Por quê? Segundo ela, porque o teclado é americano. Para logo em seguida
justificar, em inglês: "Você pode me tirar do Brasil, mas não tira o
Brasil de mim".
- Atriz de "Jogos Vorazes" diz que faltam bons papéis para mulheres em Hollywood
- 'Eu o perdoei': Menina estuprada por Polanski aos 13 lança livro 37 anos depois
Sua família está espalhada pelo mundo, assim como ela. "Acredito em ser
eu mesma além de nacionalidades. É claro que tenho traços dos lugares em
que vivi e isso pertence ao meu coração. Talvez eu seja mais alemã e
americana durante a semana e, definitivamente brasileira nos fins de
semana", define.
"Mirage", foto do projeto em desenvolvimento, sobre desertos americanos
Mona gosta de retratar corpos nus. Seu trabalho está sempre ligado a uma
delicadeza das formas e das cores. Com sua primeira câmera, aos 12 anos
de idade, começou a fotografar os amigos e parentes em suas
intimidades. Sua relação com o nu começou 15 anos atrás, quando foi
apresentada a Médoc, uma comunidade naturista na costa da França. Desde
então, tem seu bangalô, meio ateliê, na região e passa todos os verões
por ali. Suas imagens são predominantemente de pessoas jovens. "A
juventude tem uma espontaneidade linda", diz ela.
Mesmo assim, cada série da artista tem ao menos um idoso. "Quando peço
permissão para fotografar alguém mais velho, geralmente recebo uma
negativa", justifica.
NATIVA DE MUITOS LUGARES
"Fotografo o humano em nós, sem vergonha, sem arrependimento, livre. As
cores vêm antes para mim. Daí amarro as emoções, depois a locação e por
último a pessoa", explica.
Influenciada pelos fotógrafos Mario Cravo Neto e a americana Nan Goldin,
os filmes de Julian Schnabel ("O Escafandro e a Borboleta") e o
universo preto e branco do fotógrafo americano Leon Levinstein
(1910-1988), Mona já expôs na Alemanha, Espanha, França, Estados Unidos e
Austrália.
Quase sempre com a mesma fórmula, seus cinco livros contam pequenas
histórias com uma mescla equilibrada de paisagens, interiores e nus.
Em "Native" (Ed. Steidl, não disponível no Brasil), Mona retorna ao
Brasil, como um exercício de memória para tentar encontrar-se entre seu
passado e o presente na natureza e na cidade.
Para as imagens do mato, escolheu uma região ao norte de São Paulo e se
instalou em uma chácara, sozinha, por um mês. Saía todos os dias para
descobrir a luz da região, apenas acompanhada por sua câmera e dois
cachorros. Na temporada de dois meses na cidade, se instalou em um
apartamento no centro paulistano. Fotografava amigos de amigos. "Aprendi
que o passado sempre permanecerá como passado", diz ela sobre a
experiência no país onde nasceu e para onde quer voltar muitas vezes.
"JeanPhilipp", retrato de um francês
Nenhum comentário:
Postar um comentário