Pai de assaltante procura vítimas para devolver dinheiro no interior de SP
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Pedreiro vai pagar parte dos R$ 1,5 mil roubados pelo filho em um posto de combustível e uma farmácia
O auxiliar de pedreiro Dorivaldo Porfírio de Lima não tem
carteira assinada e recebe pouco mais de um salário mínimo por mês.
Mesmo assim, procurou as vítimas dos assaltos praticados pelo filho para
os ressarcir dos prejuízos. Assinou notas promissórias e vai pagar em
10 parcelas parte dos R$ 1,5 mil roubados pelo filho de um posto de
combustíveis e de uma farmácia da cidade de Jales, no interior de São
Paulo. A história sensibilizou os moradores da cidade, que estão
ajudando o auxiliar a pagar os prejuízos.
"Quando recebi a visita dele, dizendo que queria pagar os
prejuízos do roubo, fiquei surpreso, quase caí de costas. Afinal, não
dá para acreditar numa coisas dessas. Hoje em dia até quem tem a dívida
já não paga, imagine alguém pagar pelos outros", comentou o comerciante
Pedro Paulo Santana, dono do autoposto Espacial, assaltado na madrugada
de terça-feira, 08.
As câmeras do posto filmaram quando dois rapazes
renderam o frentista e limparam o caixa da loja de conveniência após
ameaçar uma funcionária do estabelecimento. Um dos assaltantes é o filho
de 18 anos de Dorivaldo.
A dupla foi presa no dia seguinte e confessou os dois
roubos. Na quarta-feira, ao saber da prisão, Dorivaldo começou a
procurar os comerciantes para os ressarcir dos prejuízos. Foi por dois
dias seguidos procurar o dono do posto. "Ninguém deve ficar no prejuízo
de ninguém. Por isso, decidi procurar os donos do posto e da farmácia
para tentar consertar essa situação. E também vou acertar o celular da
moça que eles roubaram", contou.
Na quinta-feira ao encontrar Santana, o auxiliar fez um
acordo. Como não tinha dinheiro para pagar à vista, dividiu os R$ 900,00
roubados no posto em dez parcelas de R$ 90,00 cada uma.
Honestidade assusta
Dorivaldo também procurou a farmácia Silva Drogas, no
centro da cidade, roubada na manhã de domingo. "Quando ele se apresentou
como pai de um dos ladrões, levei um susto e fiquei mais assustado
ainda quando ele me disse que queria pagar o prejuízo do filho", conta
João Durval Passari, dono da farmácia.
Lá, Dorivaldo conseguiu um desconto, mas não foi preciso
pagar. "Como eram dois ladrões, aceitei parcelar só a metade dos R$
600,00 roubados, mas hoje (sexta-feira), quando algumas pessoas da
cidade souberam da história dele, vieram aqui e pagaram os R$ 300,00",
afirmou Passari.
"O pessoal da cidade ficou muito sensibilizado e decidiu
ajudá-lo. E não é por menos, porque uma história dessas a gente não vê
acontecer todo dia", completou o dono da farmácia.
Outro que se surpreendeu com o caso foi o delegado
Sebastião Biasi, que atendeu a ocorrência. "Em 20 anos de profissão
nunca vi uma situação dessas", contou. Segundo Biasi, o filho do
auxiliar de pedreiro, Bruno de Souza Lima, de 18 anos, confessou os
roubos. "Ele era primário, foi a primeira passagem dele. Ele é usuário
de drogas", disse o delegado.
Apesar da prisão, Dorivaldo diz acreditar na recuperação
do filho, que pela primeira vez praticou um assalto. "Ele se perdeu nas
drogas, que falaram mais alto na cabeça dele", conta. "Eu acredito que
ele vai se recuperar. Ele, saindo da cadeia, vai trabalhar para me pagar
o que paguei para as vítimas, pois ele é um rapaz trabalhador,
batalhador. Ele não precisa disso, só aconteceu porque as drogas falaram
mais alto. Tenho certeza disso", afirmou o pai.
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