Estudo sugere que mulheres “farejam” a concorrência
Por Jennifer Viegas
O mero odor de uma mulher que está prestes a ovular é suficiente para
aumentar o nível de testosterona de outra mulher, estimulando o desejo
de competir. Essa é a conclusão de um estudo feito por pesquisadores da
Universidade Estadual da Flórida e publicado na revista Evolution and
Human Behavior.
“A ligação entre a testosterona, agressividade e competitividade é
bem conhecida”, afirma o autor do estudo, o psicólogo Jon Maner. “Com
base em nossos resultados, podemos especular que as mulheres expostas ao
odor da ovulação podem se tornar mais agressivas ou competitivas”.
Maner e o co-autor James McNulty mediram o nível de testosterona de
mulheres antes e depois de cheirarem camisetas usadas por outras
participantes do experimento, com idades entre 18 e 21 anos. Elas
vestiram as camisetas quando estavam no período de alta fertilidade, nos
dias 13, 14 e 15 do ciclo menstrual, e de baixa fertilidade, nos dias
20, 21 e 22.
Ao longo do estudo, as mulheres que vestiram as camisetas não
mantiveram relações sexuais; tomaram banho com sabonete e xampu sem
perfume; não usaram perfumes ou desodorantes; não fumaram e evitaram a
ingestão de alimentos que produzem odor corporal, como alho e aspargos.
As mulheres que cheiraram as camisetas sabiam apenas que o estudo
analisava “o quanto podemos saber sobre outra pessoa sem conhecê-la”,
mas não como e quando as camisetas foram recolhidas.
As participantes expostas ao odor das mulheres no período de alta
fertilidade apresentaram um nível mais elevado de testosterona. Já o
cheiro de uma mulher fora do período fértil produziu uma redução
significativa da testosterona.
Não percebemos conscientemente os odores de outras pessoas, a menos
que sejam muito bons ou ruins, mas eles nos afetam de alguma forma.
“Os seres humanos são muito mais influenciados pelos estímulos
ovulatórios do que imaginamos”, explica Maner. “Em geral, as pessoas não
têm consciência disso. Há evidências sólidas de que os homens
consideram agradável o odor da ovulação (em relação ao cheiro de uma
mulher que não está ovulando). No entanto, grande parte dos efeitos
comportamentais e hormonais geralmente acontece de forma inconsciente”.
Pesquisas anteriores comprovaram que o nível de testosterona dos
homens também é sensível à ovulação feminina. Em um dos estudos
anteriores de Maner, homens que interagiram com uma assistente de
pesquisa que estava no período fértil se mostraram mais ousados e
sedutores.
Essa dinâmica hormonal pode até influenciar o que homens e mulheres
vestem, de acordo com o estudo. A equipe de Daniel Farrelly, da
Universidade de Sunderland, descobriu que os homens que escolheram
vestir vermelho enquanto competiam com outros “machos” tinham níveis
mais elevados de testosterona que os que optaram por usar azul.
“A pesquisa mostra que há algo de especial na cor vermelha durante
uma competição sexual, e está associada a nossos sistemas biológicos
subjacentes”, explica Farrelly.
Em todos os casos citados, as interações sociais humanas de hoje
parecem ter sido induzidas pela forma como evoluímos como primatas.
“Algumas pessoas gostariam de acreditar que não somos animais, ou
pelo menos que o nosso comportamento não está ligado aos mesmos
processos biológicos de outras espécies. Mas os seres humanos são muito
semelhantes a outras espécies, de várias maneiras, e essas similaridades
são mais visíveis que nunca quando se trata da sexualidade”.
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