Dia Nacional da Cachaça
Pedro Triginelli e Flávia Cristini Do G1 MG
Data relembra rebelião de produtores contra a Coroa Portuguesa.
Brasil tem hoje 40 mil produtores da bebida.
A data foi criada pelo Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac) em 5
junho de 2009, durante a feira Expocachaça, em Belo Horizonte. Apesar
de os produtores e o instituto comemorarem o dia, ele ainda é um projeto
de lei, que tramita na Câmara dos Deputados.
Produção de cachaça em Minas e no Brasil está
cada vez mais diversificada
• De acordo com dados do Ibrac, hoje no Brasil, existem 40 mil produtores
de cachaça, sendo que 99% são micro ou pequenos produtores.
Ainda segundo o instituto, existem quatro mil marcas de cachaça no
país, que contribuem com 600 mil empregos diretos e indiretos. No ano
passado, o país exportou 10,8 milhões de litros da bebida. Os
principais compradores foram Alemanha, Estados Unidos, Portugal e França.

De acordo com o folclorista, as primeiras referências históricas
dão conta de que a produção da cachaça começou
no Rio de Janeiro e na Bahia. “No século 16, já há
relatos da bebida fabricada do restolho da cana. A cana não utilizada
na produção de açúcar era colocada para fermentar
e consumida alambicada, isto é, esquentada e filtrada. Esse produto
era para bebida de escravos, dava energia para eles”, conta.
Produção em Minas
Em Minas, estado hoje com tradição na arte da cachaça
artesanal, a produção começa mais tarde, na segunda metade
do século 17. “A partir do final do século 17 e durante
o século 18, Minas era a província mais populosa, inclusive
de população escrava. Havia o maior consumo de bebidas e esse
consumo era abastecido por bebidas feitas na terra. A cachaça era produzida
no fundo de quintal. Era mais fácil fazer a cachaça que trazer
vinhos de Portugal. Para atender essa demanda, fabricava-se muita cachaça.
Aos poucos, virou um produto típico de Minas Gerais”, explica.
A cachaça Germana, marca produzida há mais de 26 anos em Nova
União, região central de Minas, chega a produzir 300 mil litros
da bebida por ano. O gerente comercial da marca, Márcio Gomes, disse
que eventos como o Dia Nacional da Cachaça são muito importantes
para mostrar o valor desta bebida que é genuinamente brasileira.
Segundo Gomes, uma das maiores conquistas da Germana foi a criação
de uma casa noturna para divulgação da marca. “O Alambique
foi criado para divulgar nossa cachaça. Ele cresceu e hoje é
uma casa noturna para 25 mil pessoas. Isso é uma conquista muito importante”,
disse.
Quem faz parte deste mercado e consegue manter o ritmo da produção
e a qualidade, se mostra entusiasmado. O produtor da cachaça Rainha
do Vale, feita há mais de 15 anos em Minas, explica que o segredo para
uma cachaça de qualidade está na paixão dos produtores.
“O produtor mineiro é um apaixonado pelo que faz. Esse carinho
na hora da fabricação é que assegura a existência
da cachaça mineira. Os pequenos detalhes fazem a diferença”,
disse Márcio Vieira de Moura, que chega a produzir 70 mil litros da
bebida por ano.
Moura não revela o segredo para conseguir uma bebida de qualidade,
mas diz que os quatro passos da fabricação da cachaça,
matéria-prima, fermentação, destilação
e o armazenamento, devem ser feitos com muita paciência e cuidado para
que tudo saia como o planejado.
Na hora de servir, o copo pode fazer a diferença, segundo
apreciadores da cachaça
Bom negócio
Ronaldo Garcia não produz cachaça, mas revende há 17
anos. Em duas barracas no Mercado Central de Belo Horizonte, ele tem para
oferecer mais de 300 marcas. “Temos o belo-horizontino e o turista como
cliente. O pessoal de fora que vem a Minas sempre leva uma cachacinha”,
conta. Muitas da marcas revendidas vêm da região do norte de
Minas, em que se destacam na produção cidades como Salinas,
Januária e Buenópolis.
Com tantos anos de prática, Garcia também é um grande
apreciador e diz não dispensar uma dose no fim de semana. Para o sabor
ser ainda melhor, um detalhe pode fazer toda a diferença. “Tacinha
de cristal, que veio lá de Santa Catarina”, mostra o comerciante.
Segundo ele, a boca da taça no formato mais aberto faz com que o cheiro
forte do álcool não atrapalhe na hora de degustar a cachaça.
Ronaldo Garcia Filho e o pai revendem cachaça há 17 anos.

De acordo com a assessora de comunicação da Secretaria Estadual
de Turismo, Roberta Andrade, em Minas Gerais, a cachaça artesanal se
consolidou como um dos principais produtos da produção associada
ao turismo. “Os museus da cachaça são de extrema importância,
pois resgatam a história, o modo antigo de produção,
os costumes e as tradições do estado, além de representar
a valorização deste produto turístico ao longo das últimas
décadas”.
Museu da Cachaça
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Acervo do Museu da Cachaça, em Betim, na Grande BH. (Foto: Elderth Theza/Divulgação)
Fonte: http://g1.globo.com/minas-gerais
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No Museu da Cachaça, em Betim, Região Metropolitana de Belo Horizonte, os visitantes podem fazer uma viagem no tempo pelos painéis que ilustram a história da bebida, desde seus primeiros relatos no Egito antigo até os dias de hoje.
O Museu conta com um acervo com mais de 1500 exemplares de diversas marcas.
Algumas das mais curiosas estão à cachaça Pelé
Caninha, dedicada ao Pelé pela conquista da Copa de 1958 e uma cachaça
datando 1935.
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