Casal 'santo’ passa Dia do Sexo separado por 10 mil km
Noivos de Bauru, SP, optaram pela castidade antes do casamento.
Por causa de congresso, jovens não vão comemorar nem com beijos.
Caroline e André optaram pela castidade antes do casamento (Foto: Arquivo Pessoal/ Caroline Zanon)
O Dia do Sexo, comemorado nesta sexta-feira (6), geralmente é
relacionado à troca de carícias, beijos e outras intimidades, mas nem
todos os casais celebram a data dessa forma. Os jovens André Marino
Gonçalves e a noiva, Caroline Zanon, moradores de Bauru (SP), são
adeptos do chamado "namoro santo", que prega a castidade antes do
casamento.
O casal não vai poder comemorar a data nem com beijos e abraços -
permitidos no "namoro santo" - já que os dois estão separados por 10 mil
quilômetros. André está na Cracóvia, Polônia, para participar de um
congresso, enquanto a noiva está em Bauru. Não que a proximidade entre
os dois tornasse maior o risco de sucumbirem aos desejos sexuais.
Católicos, os dois optaram por seguir à risca a determinação de manter a
castidade até o dia do casamento, que começa a ser planejado depois de
quatro anos de namoro.
Eles se conheceram quando começaram a participar de grupo de
universitários católicos na faculdade em que estudaram, em Maringá (PR).
Como cresceu em uma família católica, Caroline conta que sempre teve o
desejo de fazer sexo somente depois do casamento. No entanto, ao entrar
na faculdade, algumas coisas começaram a mudar e a jovem passou a se
questionar.
“Minha mentalidade tentou mudar no período em que estive na faculdade.
Olhava algumas pessoas e pensava se era isso mesmo que eu queria, mas
quando entrei no grupo e conheci o André vi que a minha decisão seguia o
caminho correto. Além do mais, no meio onde vivemos isso é comum, as
pessoas acreditam que a castidade é possível. Não são simples palavras,
são experiências que deram certo”, comenta a jovem.
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| Casal se conheceu em um grupo de jovens católicos |
Segundo André, as reações das pessoas são as mais diversas e muitos
acabam não acreditando na opção que fizeram. “Muitas pessoas dizem que
admiram essa decisão. É interessante que muitas delas, principalmente
mulheres, dizem que gostariam de ter vivido a castidade em seus
relacionamentos, que era seu sonho, mas que depois de algum tempo,
desistiram. Percebo que em algum momento saíram de algum relacionamento
machucadas e depois desistiram de seguir a castidade”, diz o físico de
24 anos.
Para a noiva, faltam valores que prezam mais os sentimentos nos
relacionamentos de hoje e a escolha do casal representa um resgate do
namoro baseado no amor. “Por não acreditar mais que é possível, as
pessoas acham que o relacionamento com amor ficou para trás, ou seja, a
cumplicidade foi esquecida e o somente o prazer do sexo que é lembrado”,
diz Caroline.
Desconfiança e diálogo
Segundo André, a maioria dos homens às vezes não acredita na relação
que o casal possui. “Às vezes eles dão risada, mas depois que percebem
que falo sério se recompõem e apenas escutam”, diz. “Preconceito é uma
palavra muito forte. Algumas pessoas não acreditam e dizem que a gente
fala isso só para ver a reação delas, mas ninguém nunca bateu de frente e
quis discutir o porquê da nossa decisão. O olhar sempre foi somente de
desconfiança”, comenta Caroline.
Apesar de concordarem na forma de como querem seguir o relacionamento,
André diz que ele e Caroline são diferentes, inclusive no fato dele ter
perdido a virgindade com 15 anos, enquanto ela se mantém casta. “Tive
por um tempo uma vida sexual ativa e isso de certa forma trouxe marcas
ao nosso relacionamento. Mas, como tínhamos a firme decisão de não ter
relações, então sempre fomos, principalmente eu, muito rígidos, firmes
nesse propósito, então sempre evitávamos todas as possíveis situações de
'risco'", lembra André.
Hoje, apesar da escolha pela castidade, o casal tem liberdade para
expressar suas vontades e também assumi-las. “Hoje nós temos muita
liberdade em falar sobre sexo, em falar o que um espera do outro, do que
temos medo, como achamos que vai ser a nossa primeira vez juntos. E
Deus participa de nosso relacionamento, não temos constrangimento em dar
um beijo enquanto rezamos. Muitas vezes, quando estamos namorando,
começamos a louvá-Lo e agradecê-Lo, a pedir o Espírito Santo para
continuar a conduzir nossas vidas, nossos projetos. Afinal, Deus está em
todo lugar, e com certeza está no sofá onde estamos nos beijando”,
comenta André.
Para Caroline, amadurecer e saber como o outro se sente em relação ao
sexo é fundamental para que a relação seja duradoura. “Eu falava pouco
sobre isso e meu noivo sempre foi mais aberto. Amadurecemos muito com
isso porque agora vemos que é preciso conversar sobre sexo, saber o que o
outro quer e pensa, como gostaria que fosse. Não podemos deixar isso
como algo escondido e ter vergonha, porque não temos”, ressalta a
engenheira.
O noivo destaca que a mudança de visão em relação ao sexo também foi
importante para o sucesso do relacionamento. “Desde que comecei a
namorar a Carol sempre tive vontade de fazer sexo, e bem, isso nunca
mudou. Mas o que percebi depois de um tempo, é que antes eu tinha
vontade de sexo, e depois eu tinha vontade de fazer amor com a Carol, e
apenas com ela. O desejo é de ser um, uma só pessoa. E não só em relação
ao sexo, mas cada dia mais tenho vontade de conhecer mais a Carol, de
saber mais de sua história, de suas vontades e de seus medos”, completa
André.

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