Crédito: Site Terceiro Tempo
Do UOL, em São Paulo
Criador de apelidos que viraram marca de muitos jornalistas e idealizador de históricas brincadeiras ao vivo na TV, Milton Neves foi sinônimo de humor com informação durante muitos anos nos programas esportivos na hora do almoço.
Atualmente apresenta aos finais de semana o pós
jogo na Bandeirantes com o Terceiro Tempo. No programa, mantém o estilo e
abusa das piadas com os ex-jogadores Neto, Denilson e Edmundo. E diz
que estar longe da tela diariamente ao meio dia não o faz se sentir mais
distante dos telespectadores. “O top do top no futebol é o pós jogo”,
falou.
Em entrevista de aproximadamente duas horas ao UOL Esporte em um jantar em uma churrascaria de São Paulo, o apresentador e blogueiro do UOL contou histórias e opinou sobre como anda o esporte na TV.
Milton
Neves não evitou polêmicas ao falar sobre âncoras de programas
esportivos de hoje que deu oportunidade. “Isso aí pode colocar, é a mais
pura verdade. Pode colocar”, falou, em um de seus comentários ácidos.
“Não estão sabendo tirar do Morsa na TV. Está sem graça.”
Um dos
personagens que mais renderam falas foi Renata Fan, que o apresentador
conta como bancou perante a desconfiança de alguns diretores de TV. Não
economizou palavras e contou que a insistência em bancar o talento da
apresentadora fez diretores da Record acharem que tinha até um caso com a
loira.
Mas reiterava sempre a seriedade e fineza da gaúcha e que
apenas entendia que ela tinha grande potencial para brilhar. Milton
deixa transparecer todo seu orgulho pela “descoberta”, mas gosta de ser
reverenciado pelo feito. “Ela deveria ser mais (grata)”, disse à
reportagem quando ouviu que Fan já dissera ter toda consideração e
respeito ao “descobridor” por seu sucesso.
Também falou de antigas
rusgas com o comentarista Roberto Avallone e o narrador Silvio Luiz.
Sobre o primeiro, disse ainda ser seu amigo. O segundo, fez elogios como
profissional, mas questionou seu temperamento azedo e que o levou a
ficar escondido na profissão, segundo Neves.
O apresentador diz
que foi um dos idealizadores do modelo divertido que é feito até pela TV
Globo com o formado de apresentação do Globo Esporte.
Diz que a
ideia de se fazer esse formato partiu de um de seus filhos durante os
tempos de TV Bandeirantes. E que depois se transferiu para a TV Record,
na década de 2000, quando marcou época com o programa Debate Bola,
marcado por brincadeiras como caixões para enterrar times derrotados.
“Meu
filho Rafael, formado em publicidade, falou ´pai, vocês estão cagando
regra demais lá e na hora errada. Na hora do almoço é molecada
adolescente. Está muito sério aquilo, tem que brincar mais”, contou. “Aí
comecei a chamar o Roberto Benevides de Coruja. Aí começamos a brincar
com o nariz do Alberto Helena Junior. O Ricardo Capriotti virou Girafa,
começamos a falar da peruca do Mauro Beting e chamamos o Cacá Rossett
como humorista. O programa subiu muito de audiência”, continuou.
Chegou a chorar quando lembrou ter sido chamado de “enciclopédia” pelo ex-lateral Nilton Santos.
“Toda
vez que eu falo sobre isso eu choro. Ser chamado assim por um cara como
Nilton Santos. E ele sofre de Alzheimer, mesma doença que minha mãe
teve”, falou, emocionado. “Falam que eu sou merchan, que isso, que
aquilo, mas sou um cara que sei que não tem preço ajudar as pessoas como
eu ajudo”, falou, em outro momento da entrevista.
UOL Esporte: Você a todo tempo diz que deu oportunidade para muitas pessoas na TV. Lembra todo mundo que foi cria sua?
Milton Neves:
Levei Cacá Rosset, Daniela Freitas, Oscar Roberto Godoy, que estava
desempregado, Eduardo Savoia também foi eu que inventei. Juarez Soares
estava totalmente desempregado e o Paulo Morsa quem inventou na TV foi
eu. Inventei o Morsa e o apelido dele. Neto também é invenção minha. Ele
estava desempregado, coitado, gordo lá em Campinas. Eu falava pros
diretores da Record pra convidar ele para os programas. Ele tentou ser
técnico, dirigente de futebol. A gente convidava sete, oito jogadores
por domingo no Terceiro Tempo (na Record). O Neto estava fodido em
Campinas. E o Terceiro Tempo pagava R$ 2 mil pra cada um. O Neto me
ligava numa sexta-feira da vida…e eu falava ´põe o Neto, coloca ele´
Tirávamos um jogador pra colocar ele. Esse eu tirei da sarjeta mesmo.
Mas ele era bom. Ele sempre foi muito leal esse cara. Eu já via que ele
era bom e queria tirar o melhor.
UOL Esporte: A Renata Fan foi descoberta por você também?
Milton Neves:
Renata Fan, pô! A Renata Fan tem o seguinte. Tinha um diretor na
Record que perguntava pra mim ´está saindo com ela?´ E eu falava ´que
isso, essa moça tem respeito, ela é minha filha, minha irmã, sempre
gostei muito dela´. Ela foi a maior amiga que tive na TV. Levei ela pra
Rede Mulher e a treinei. E um diretor da Record falava ´Milton Neves,
você deve estar interessado nessa mulher. Ela não tem voz, usa cabelo e
vestidos dos anos 60 dos Estados Unidos. Parece cantora cubana´. Tinha
um diretor e um bispo que falavam isso. Sempre falei que ela era uma
mulher muito culta. E ela sempre foi uma mulher fina, de berço, educada.
Eu brigava na Record para darem uma chance pra ela. Todos programas que
eu fui e tinha colocava ela. E ,quando tive chance de ir pra
Bandeirantes novamente, eu falava ´contrata, essa vale a pena, leva
ela´. Ela foi minha irmã durante cinco anos, mas faz cinco anos que eu
não a vejo. Hoje estamos distantes, eu faço programa à noite enquanto
ela está na hora do almoço.UOL Esporte: Ela já falou em entrevistas que é muito grata a todas as oportunidades que você deu e que valoriza muito isso.
Deveria ser mais (grata). Mas tenho orgulho porque acertei. Essa eu tirei da sarjeta mesmo. A primeira vez que eu a vi, ela não parava de falar. Uma magrela que não parava de falar. Um dia (do teste dela) antes tinham mandado a Daniela Freitas embora. Ia ter teste para nova ´Miltete´. Falei ´bota essa magrela aí, ela não para de falar´. Nunca vou me esquecer. Ela fez um teste lá e o bispo falou ´pode colocar´.
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