quarta-feira, 13 de março de 2013

Masculinismo

Masculinismo

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O Masculinismo é uma corrente teórica, uma filosofia moral ligada a movimentos políticos[carece de fontes], que se fundamenta na experiência masculina. Segundo alguns de seus militantes, sua proposta é analisar as desigualdades de gênero e promover o combate ao sexismo antimasculino. No entanto, essa ideologia sofre várias críticas (ver secção de críticas abaixo), sobretudo por parte de grupos ligados aos direitos humanos, que alegam que os masculinistas fomentam um discurso preconceituoso contra as mulheres e o movimento feminista. Embora a expressão "masculinismo" seja confundida com o termo genérico "machismo", ela se caracteriza por ser uma corrente pretensamente mais intelectualizada. Mesmo dentro da comunidade masculinista parece não haver consenso a respeito do androcentrismo.

História

A primeira resposta secular ao feminismo partiu do britânico Ernest Belfort Bax, considerado por isto o primeiro masculinista. Foi um teórico de escopo social democrata de fins do século XIX e início do século XX que, em resposta às ideias feministas que começavam a ganhar força, escreveu seu livro A fraude do Feminismo (inglês) cujos capítulos têm títulos como A cruzada anti-homem, Sempre as inocentes machucadas e O falso cavalheirismo. Outro texto que apresenta o ponto de vista masculinista sobre diversos temas é Em defesa das mulheres, de Henry Louis Mencken, publicado em 1917.
No século XX, o masculinismo se desenvolveu como resposta à mudança de papel e de atitude das mulheres, que passaram a exigir tratamento digno e igualitário, confrontando a visão androcentrista vigente até então. Entretanto, o masculinismo não se limitou a uma resposta ao feminismo. Ainda que algumas ideias masculinistas tenham surgido do confrontamento às questões feministas, existem outros temas, como a paternidade e o serviço militar obrigatório que podem ser identificados como causas masculinas em si. Ou seja, temas abordados pelo masculinismo sem vínculos com a temática feminista.
Apesar de já existirem algumas instituições masculinistas desde a década de 1970, como a National Coalition for Men(Inglês), a partir da década de 1990 essas associações tomam força e começam a se espalhar por diversos países. Destaca-se a Uomini 3000 na Itália. O masculinismo ganhou popularidade, contando com o apoio da sua interpretação particular do discurso da autora feminista Doris Lessing, que pediu que os homens deixassem de ser insultados [1]. Outros autores, como Warren Farrell se distanciaram dos ideais feministas e incorporaram uma visão masculinista às questões de gênero [2].

Causas

Os masculinistas alegam a existência de leis diferenciadas, aplicação seletiva das leis e a negação de seus direitos civis como exemplos de discriminação contra homens de qualquer idade e orientação sexual. Algumas das causas masculinistas estão relacionadas e analisadas a seguir:
Diferenças de tratamento por parte do Estado
Tribunais de todo o mundo privilegiam as mulheres quando há disputas pela guarda dos filhos de casais separados. Os masculinistas preconizam o uso de critérios mais igualitários e a adoção, sempre que possível, da guarda compartilhada. [3]
Há leis específicas que tomam conta das necessidades femininas sem levar em conta necessidades correspondentes masculinas.[carece de fontes] Os masculinistas esperam que haja mais políticas públicas voltadas para o público masculino. [4]
Preconceito contra homens no sistema judiciário, que recebem penas mais longas pelos mesmos tipos de crimes. [carece de fontes]
Diversos países condenam à cadeia os homens que não têm condições de cuidar economicamente dos próprios filhos [5]. A mesma medida não é tomada relativamente às mulheres [carece de fontes].
Em alguns estados estadunidenses as mulheres podem se casar com idade menor que os homens.[6]. Também há estados onde é ilegal existir escolas exclusivamente femininas, mas não masculinas.
Educação
Em diversos países, inclusive no Brasil, observa-se que homens abandonam os estudos mais cedo que as mulheres,[7][8][9] por conta da manutenção da ideia de que é do homem a obrigação de sustento da família. Entretanto, nos últimos anos o número de mulheres chefes de família tem aumentado significativamente [10], de modo que se fazem desnecessárias políticas públicas voltadas exclusivamente para homens chefes de família.
Em algumas universidades, os programas de estudo de gênero se ocupam mais em pesquisar assuntos relacionados às mulheres que aos homens. Há feministas que sustentam que discutir temas masculinos é menos relevante, uma vez que o cânone histórico e acadêmico sempre esteve ligado à hegemonia masculina. Reivindica-se, então, que alguns temas importantes e atuais, como saúde, homossexualidade, paternidade/maternidade e divórcio sejam debatidos de maneira mais igualitária, levando em consideração tanto as necessidades dos homens quanto a das mulheres, sem preconceitos para nenhum dos lados.
Emprego
Em diversas ocupações os critérios de admissão são mais rígidos para os homens. No caso das carreiras militares, isso se deve ao fato de, salvo em alguns países como Israel, o interesse das mulheres pelas forças armadas ser muito menor que o dos homens. Alguns masculinistas supõem que, ao se exigir maior capacidade física de homens que de mulheres espera-se que eles trabalhem mais para receberem o mesmo salário.
Para os masculinistas há desigualdade entre as licenças por paternidade e maternidade, além do que se justifica por conta do cuidado com a saúde da mãe. O contacto com os pais nos primeiros meses de vida são um direito do bebê.
Muitos empregos são majoritariamente masculinos, como motorista e bombeiro. Algumas feministas sempre trataram este fenômeno como preconceito de gênero e lutam para derrubá-lo.[11] Outros tantos empregos são maioritariamente ocupados por mulheres, como auxiliar de enfermagem ou professor do ensino primário, mas há falhas em leis anti-discriminação para que possam valer também nessas áreas. [a].
Dados de um relatório estadunidense de 1994 demonstraram que 94% das fatalidades relacionadas ao trabalho naquele ano ocorreram aos homens[carece de fontes]. O masculinista Warren Farrell argumentou que os trabalhos perigosos, sujos e fisicamente exigentes são geralmente dados aos homens, devido à sua maior resistência física.
Saúde
Por diversos motivos (sobretudo pelo fato de trabalharem em média 25% mais que as mulheres e terem menos tempo livre [12]) os homens buscam menos assistência médica que as mulheres, mesmo tendo direito a licenças médicas, que os permitiriam faltar ao trabalho em caso de doença.[13] A maioria dos programas de conscientização sobre questões de saúde e de popularização de métodos diagnóstico/terapêuticos se destinam ao público feminino (como câncer de mama, de útero, etc) enquanto o câncer de próstata (que atinge 1/6 dos homens) que possui um índice de mortes muito maior, é pouco ou nada divulgado.[14]
Opções limitadas de anticoncepcionais masculinos. Dificuldade de acesso a eles, exceto preservativos (distribuídos gratuitamente em postos de saúde em diversos países), pelo sistema de saúde pública.[15]
Sociedade
Falta de defesa do direito dos homens; maior número de programas sociais destinados às mulheres que aos homens.
Órgãos governamentais destinados à atenção feminina sem equivalentes masculinos.
Masculinistas reivindicam normas penais específicas contra mulheres que acusam falsamente um homem da paternidade de seus filhos, esperando obter vantagens com isso.[15] Geralmente esse tipo de crime é enquadrado como fraude ou estelionato.
Violência
Os homens arriscam suas vidas no serviço militar obrigatório em um grande número de países em desenvolvimento (e pequeno número de países desenvolvidos).[16]
A circuncisão é uma tradição considerada inofensiva - e inclusive benéfica - por algumas culturas e vista como mutilação genital masculina por outras. Sua origem remonta a antigas medidas sanitárias, tendo sido adotada por muitos povos a fim de prevenir doenças decorrentes da acumulação de bactérias no pênis. Alguns grupos requerem a equiparação dessa prática ao tratamento dado à Mutilação genital feminina [17] Grupos costumam ter atitudes que reforçam a ideia de que uma escolha livre e consentida por mudanças corporais permanentes deveriam serem sempre a regra. Deve-se atentar para o fato de que a mutilação genital feminina é muito mais danosa, uma vez que trata-se da mutilação do clitóris, enquanto na circuncisão a área afetada é o prepúcio, composto apenas de pele. Isso não justifica o uso da circuncisão, mas explica a revolta muito maior contra a mutilação genital feminina, cujo equivalente nos homens seria a castração e não a circuncisão.
Na cultura popular, o sexo entre um garoto coagido por uma mulher mais velha é geralmente considerado como irrelevante - a revista Time observou que o assunto é "tratado com uma piscada"[18] - embora esta forma de abuso infantil possa causar transtornos mentais, na vítima masculina[19]. Entretanto, no caso de abuso de meninos por mulheres mais velhas raramente são relatados danos físicos graves ao agredido, ao contrário do que acontece com as mulheres, em quem o dano psicológico é associado e agravado pela agressão física. De qualquer forma, a idade de consentimento sexual é de 14 anos no Brasil e 16 anos em Portugal, para ambos os sexos.
Controvérsias com relação a leis que criminalizam o estupro de homens quando perpetrados por mulheres. Uma pesquisa mostra que quando os homens são estuprados (ou por mulheres ou outros homens), os estupradores utilizarão as respostas não-naturais dos seus corpos - como ereções, sensações de tontura, ejaculação, etc. - para fazer com que as vítimas acreditem que na verdade "queriam aquilo". A psicóloga Helen Smith declarou que:
"A nossa sociedade (nos Estados Unidos) envergonha os homens que são abusados por mulheres da mesma forma que envergonhou e culpou as mulheres vários anos atrás que foram abusadas por homens. Nenhuma dessas estratégias é boa para uma sociedade que se propõe a promover a justiça e a equidade."[20]
Os responsáveis condicionam desde cedo os meninos a papéis agressivos e as meninas a papéis protectores e submissos (por exemplo, soldadinhos de chumbo para eles e bonecas de pano para elas).
É dada mais relevância às descrições de violência contra mulheres.[21] [22] Na mídia e em outros veículos (veja a controvérsia do slogan publicitário "Garotos são estúpidos, joguem pedras neles!"), a violência contra os homens é minimizada e tratada como piada.[23] Além disso, a violência em geral tem sido banalizada pela mídia e negligenciada pelas autoridades.
Há um entendimento coletivo, que permeia inclusive o judiciário e os meios acadêmicos de que as mulheres são vítimas a priori e incapazes de cometer um ato criminoso por vontade e ação própria.[24][25] Esta imagem coletiva se reflete em penas menores para as mulheres.[26] [27]
Homens com parceiros de gênero igual ou diferente, quando vítimas de violência doméstica, sofrem das mesmas dificuldades que as mulheres vítimas de violência doméstica (vergonha de se expor, discriminação por parte da sociedade, descaso dos quadros policiais e judiciários quando se queixam),[28] porém não contam com nenhuma rede destinada a facilitar sua atenção.[29]
Mulheres que agridem homens não cumprem pena como homens que agridem mulheres.
No Brasil há casos explícitos em que a mulher é absolvida ou não cumpre a pena que deveria quando acusada por agressão contra homens. Como exemplos, existe o caso da Adriana Almeida que assassinou o ganhador da mega sena Renné Senna e não somente foi absolvida como recebeu a herança milionária.[30] Outro caso que chamou bastante a atenção foi o da Vereadora Verônica Costa que torturou o marido, não foi presa e continuou atuando na política.[31]

Variações da ideologia

Distinguem-se duas posturas dentro do masculinismo. Uma sustenta que homens e mulheres devam ser considerados diferentes e interdependentes, na qual se ressalta a ideia de que os papéis diferenciados dados a cada gênero são naturais e devem estar a salvo das intervenções do Estado. A outra postura, defendida, por exemplo, por Warren Farrell, ao invés da crença em diferenças inalteráveis, se sustenta na ideologia da equivalência entre os sexos. Definem o masculinismo como "um movimento para dar aos homens o seu espaço na sociedade e para reparar as discriminações contra eles".
Nomeando um movimento político e social, o masculinismo pode ser definido como a luta pelos direitos dos homens e dos pais. Todavia, alguns dos movimentos pelos direitos dos pais se distinguem do masculinismo, por não apoiarem outras das reivindicações quanto às relações de gênero. Alguns masculinistas sustentam que existe um matriarcado velado e se empenham em combatê-lo.

Críticas




Embora seja um contraponto ao feminismo, uma das grandes críticas é que acham que o movimento masculinista ignora que o feminismo é a tentativa de se destruir a opressão e o sexismo por uma perspectiva feminina. Quando existe uma hostilidade declarada entre feministas e masculinistas, isto trata-se muito mais de guerra cultural de dois setores da sociedade (geralmente, um mais conservador e outro mais liberal) do que um confronto entre estas ideologias que, em teoria, nada possuem de opostas.
Um motivo de crítica feminista é que, mesmo com a chamada revolução sexual e com outras mudanças políticas e culturais, as mulheres ainda sofrem mais discriminação institucionalizada que homens na maioria dos países do mundo e estão em situações muito mais desfavoráveis, como números muito maiores em pobreza absoluta, prostituição, opressão doméstica, estupros e abusos generalizados aos direitos humanos e individuais que os de homens. Em certas sociedades ocidentais mais pobres, como no Brasil, o avanço à proteção dos direitos das mulheres ainda não se compara ao que ocupa em países mais desenvolvidos, e não há exemplos de sociedades pós-neolíticas no mínimo ao longo dos últimos 4000 anos em que homens tenham comprovadamente sido uma subclasse. Muitas formas de "opressão aos homens" são justificadas por muitas correntes ideológicas pela teoria tradicional da existência corrente do patriarcado.
De uma forma geral, direitos humanos e individuais progridem em sociedades desenvolvidas contemporâneas, para ambos os sexos e gêneros. A conscrição, ou serviço militar obrigatório, não é um elemento comum entre elas. Na medida em que o movimento pelos direitos dos homens é associado com o masculinismo anti-feminismo, seu foco primário se torna a "masculinidade e o lugar dos homens brancos heterossexuais em sociedades norte-americanas e europeias".[32]
Como previamente mencionado, algumas pessoas no movimento pelos direitos dos homens acreditam que papeis de gênero diferenciados são naturais (isto é, no sentido de não serem socialmente construídos). Há considerável evidência para as influências sociais (a citar, divisão de gênero no trabalho e socialização) como origem primária, senão única, para a origem das diferenças entre os gêneros.[33][34] Mais a fundo, a crença em diferenças de gênero oriundas de bases biológicas imutáveis permite a igualdade e o assertamento de poder por meio de diferença percebida pelo grupo dominante em uma sociedade.[33]
Apesar de preocupação de alguns grupos feministas por uma igualdade de sexo que também expanda uma consciência sobre os direitos dos homens, alguns, muitos dos movimentos masculinistas são explicitamente anti-feministas.[32] According to Blais and Dupuis-Déri, “the contents of [masculinist] websites and the testimony of feminists that we questioned confirm that masculinists are generally critical of even moderate feminists and feminists at the head of official feminist organizations.”[32] Ativismo masculinistas é envolvido com a agitação popular de eventos organizados por feministas, e processos legais contra acadêmicos, jornalistas e ativistas feministas.[32] Ainda mais, ações masculinistas são algumas vezes extremadas; ativistas pelos direitos dos homens que são pais bombardiaram cortes familiares na Austrália e ameaçaram outras no Reino Unido, ainda que seja ammbíguo se houve envolvimento do público consciente dessa ideologia, ou de grupos militantes organizados.[32] Eles também estão envolvidos em “tire-slashing, the mailing of excrement-filled packages, threats against politicians and their children”, isto é, furamento de pneus, o envio de bilhetes de correio com excrementos dentro, e ameaças contra autoridades políticas e suas crianças.[32] Representantes destes grupos também se manifestaram contra campanhas de conscientização pública para prevenir ataques sexuais contra a integridade física, argumento que eles representam uma imagem negativa dos homens, e um grupo masculinista perseguiu administradores de dúzias de abrigos para mulheres que sofreram abusos e maus-tratos, e centros para mulheres.[32]
Educação
  • Um estudo com crianças em pré-escolas no mundo desenvolvido descobriu que garotas são punidas por professoras caso falem, brinquem ou se movam em geral, enquanto comportamento similar foi ignorado quando feito por meninos.[35]
Emprego
  • Em referência a requerimentos para habilidade física em certas ocupações (a citar forças armadas, forças policiais, corpo de bombeiros, etc. que hoje abrigam um número razoável de profissionais femininas mesmo em certos países com igualdade de gênero menos significativa como o Brasil), mulheres em profissões que são dominadas por homens devem se provar mais fisicamente habilitadas a um degrau maior que o outro sexo, e são mais prováveis de receberem salário inferior e menos de receberem promoções de emprego.[36] Adicionalmente, muitas destas instituições são menos prováveis de terem padrões definidos para direitos trabalhistas como licença-maternidade, ou códigos sobre assédio sexual – o qual mulheres em profissões dominadas por homens são muito prováveis de experienciarem ao longo de suas carreiras nestas áreas.[37]

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