As decisões,
mais uma vez, já são esperadas pelo mercado. Sobre a Selic, todas as 34
instituições consultadas pela Bloomberg esperam uma manutenção em 15% ao
ano.
Já nos EUA,
segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group, os investidores veem uma
chance de 87,4% de um corte de 0,25 ponto nas taxas do Fed. Entre
analistas consultados pela Bloomberg, 85 dos 104 entrevistados apostam
numa redução dessa magnitude.
Nesta terça
(9), o dólar fechou em alta de 0,31%, cotado a R$ 5,437, ainda sob
impacto da entrada de Flávio Bolsonaro na corrida pela Presidência da
República em 2026.
Apesar das
apostas quase unânimes, o mercado estará atento a sinalizações tanto do
BC (Banco Central) quanto do Fed sobre seus próximos passos.
As apostas
sobre o início do corte de juros no Brasil ainda estão divididas. A
discussão maior é se a autoridade monetária iniciará o ciclo de cortes
em janeiro ou em março de 2026, ano eleitoral.
O governo do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pressiona para que o BC reduza
os juros, o que deve resultar em novas críticas caso a projeção unânime
de manutenção da taxa se confirme.
Entre os que
acreditam numa redução já em janeiro, pesa o cenário de desaceleração
econômica no Brasil. Segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística), o PIB do país avançou apenas
0,1% no terceiro trimestre deste ano na comparação com os três meses
anteriores.
Além disso,
desde a reunião anterior, em novembro, a projeção para a inflação
coletada pelo boletim Focus para este ano recuou para dentro do teto da
meta, a 4,43%. Para 2026, a estimativa caiu ligeiramente, de 4,2% para
4,17%, e, para 2027, se manteve em 3,8%.
O objetivo
perseguido pelo BC é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto
percentual para mais ou para menos. No modelo de meta contínua, o alvo é
considerado descumprido quando a inflação acumulada permanece por seis
meses seguidos fora dessa margem, que vai de 1,5% (piso) a 4,5% (teto). O
primeiro estouro no novo formato ocorreu em junho.
Por outro
lado, o comitê afirmou em seu último comunicado que vê necessidade de
uma manutenção do atual nível de juros por um período "bastante
prolongado". E a taxa de desemprego, que ficou em 5,4% no trimestre
encerrado em outubro, ainda está baixa, mostrando resiliência da
atividade econômica.
Nos EUA, a
decisão do Fed se dará com dados defasados. Isso porque o "shutdown" do
governo interrompeu as leituras econômicas a partir de agosto e, com a
retomada das atividades, as agências federais estão fazendo divulgações
retroativas. O último dado de inflação, por exemplo, mostra
desaceleração da alta de preços, mas é datado de três meses atrás.
Os agentes se
valem de uma série de dados do mercado de trabalho para calibrar as
apostas sobre os juros. Na quinta, por exemplo, o Departamento do
Trabalho divulgou que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego
estaduais somaram 191 mil na semana encerrada em 29 de novembro, ante
expectativa de 220 mil de economistas consultados pela Reuters.
É o nível
mais baixo desde setembro de 2022, o que sugere que o desempenho do
mercado de trabalho americano não está tão fraco. Na quarta, porém, um
relatório de emprego da ADP referente a novembro mostrou que o setor
privado teve a maior queda em mais de dois anos e meio durante o mês.
Foram fechados 32 mil postos de trabalho em novembro, ante estimativa de
economistas consultados de abertura de 10 mil postos de trabalho.
Nesta terça,
um novo dado também mostrou que a economia americana está registrando
uma estabilidade nas contratações e nas demissões.
Diante de
dados mistos, a decisão do Fed promete ser dividida -ainda mais ao se
considerar que outros relatórios importantes ainda não foram divulgados
por causa do shutdown. O "payroll", que avalia o estado do mercado de
trabalho, está defasado e só será atualizado em 16 de dezembro, ou seja,
após a reunião da autoridade norte-americana.
Se as
projeções se confirmarem, a diferença nos juros entre Brasil e Estados
Unidos vai aumentar ainda mais, o que deve favorecer o real.
Quando a taxa
americana cai - como ocorreu nas últimas reuniões do Fed- e a Selic
permanece em patamares altos, investidores se valem da diferença de
juros para apostar na estratégia de "carry trade".
Isto é:
toma-se empréstimos a taxas baixas, como a americana, para investir em
mercados de taxas altas, como o brasileiro. O aporte aqui implica compra
de reais, o que desvaloriza o dólar.
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