Sindicato dá respaldo à pediatra que não atendeu bebê de petista
O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) deu respaldo à
pediatra que negou atendimento ao filho de uma vereadora suplente de
Porto Alegre, filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT). Por meio de
nota, a entidade afirmou nesta quarta-feira (30) que segue o Código de
Ética Médica, que prevê que o profissional deve exercer a profissão com
autonomia, podendo recusar consultas, exceto em casos de urgência ou se
for o único médico em uma cidade.
A profissional foi denunciada no Conselho Regional de Medicina do Rio
Grande do Sul (Cremers) pela mãe da criança, a ex-secretária estadual
de Política para Mulheres Ariane Leitão. Advogada, a vereadora suplente
pelo PT em Porto Alegre desabafou nas redes sociais no dia 22 de março,
após a médica a comunicar sobre a decisão de suspender a consulta do
bebê de um ano pelo fato de a mãe dele “ser petista”.
Em entrevista ao jornal Diário Gaúcho, o presidente
do Simers, Paulo de Argollo Mendes, saiu em defesa da pediatra, e disse
que admira a profissional pela atitude. Para ele, a médica foi
“absolutamente leal” ao recusar o atendimento.
“É uma relação interna entre médico e paciente, em que o médico foi
absolutamente leal e franco. Certamente atrás disso tem uma história de
desconforto, às vezes militantes de um partido fazem proselitismo
constante”, sustentou ele após a publicação, em entrevista à Rádio
Gaúcha.
Segundo ele, o Código de Ética Médica prevê que os profissionais da
área podem recusar atendimento em caso de desavenças ou aborrecimentos
com os pacientes, com exceção de situações de urgência, quando há risco
de morte, ou quando o médico é o único profissional da cidade.
“Se tu não és o único médico a cidade, tu tens que ter a honestidade
de entender que a relação entre médico e paciente tem que ser uma
relação de cordialidade, afetiva”, explicou. “Este é o ponto que nós
admiramos, e exaltamos os médicos que cumprem com o Código de Ética
Médica”, completou.
Mendes ainda criticou a atitude da vereadora diante da recusa da
pediatra. “Essa senhora é uma política, pode ser uma política
fracassada, ela se candidatou e não se elegeu”, analisou. “Eu não vejo
como uma coisa admirável, como uma coisa que mereça respeito, ela se
valer de um filho menor para estar na mídia, ter o nome divulgado, e
fazer isso que os políticos gostam de fazer”, criticou.
Apesar de apoiar a atitude da pediatra, o Simers, na nota, afirmou que “é uma entidade absolutamente apartidária”.
Cremers investiga pediatra
Segundo a mãe do bebê de um ano, a pediatra, que era médica da
criança desde o nascimento, atende pelo plano de saúde do Instituto de
Previdência do Estado do Rio Grande do Sul (Ipergs). No texto publicado
nas redes sociais, Ariane escreveu que foi surpreendida com a mensagem
da pediatra. “Ela escreveu que estava declinando de maneira irrevogável
de atender o Francisco, por eu ser petista! Justificando com ataques sua
decisão! Pasmem!”.
A denúncia foi protocolada no Cremers na segunda-feira (28). Uma
sindicância será aberta para apurar o caso e ouvir as duas partes. Se
for apurado que houve falta de ética, a sindicância pode evoluir para um
processo, sujeito a punições. Caso contrário, a investigação pode ser
arquivada.
Confira o texto do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul na íntegra:
“Em relação à entrevista concedida pelo presidente do Sindicato
Médico do RS (SIMERS), Paulo de Argollo Mendes, ao jornal Diário Gaúcho
nesta quarta-feira, 30, sobre o episódio que envolve a negativa de
atendimento entre uma médica e o filho de uma vereadora, esta entidade
esclarece:
– A declaração confirma o posicionamento do SIMERS a respeito do
cumprimento do Código de Ética Médica, o qual garante que “o médico
exercerá sua profissão com autonomia, não sendo obrigado a prestar
serviços que contrariem os ditames de sua consciência ou a quem não
deseje, excetuadas as situações de ausência de outro médico, em caso de
urgência ou emergência, ou quando sua recusa possa trazer danos à saúde
do paciente”.
– O SIMERS reforça sua posição apartidária e de respeito a todos os cidadãos.
G1
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