Lava Jato: organização criminosa une petrolão, mensalão e Celso Daniel
Foi o caminho documental do dinheiro do petrolão - o uso da propina para calar chantagistas - que levou a Lava Jato a Santo André
| Coletiva de imprensa na Sede da Superintendência da PF em Curitiba nesta sexta-feira (1º) (Foto: Divulgação) |
A 27ª fase da Operação Lava Jato – que culminou nas
prisões temporárias de Silvio Pereira, ex-secretário-geral do PT, e
Ronan Mario Pinto, empresário dos setores de comunicação, transporte e
coleta de lixo, além de dez outros mandados judiciais de condução
coercitiva e busca e apreensão – demonstra o alcance e a gravidade dos
atos imputados por investigadores à organização criminosa controlada,
segundo as provas do caso, pelo Palácio do Planalto de Luiz Inácio Lula
da Silva, do PT.
As evidências bancárias e testemunhais, hoje, unem petrolão, mensalão
e Santo André, no esquema de corrupção local que foi seguido pelo ainda
não esclarecido assassinato do prefeito Celso Daniel (PT), em 2002. O
mensalão, o petrolão e a extorsão do PT no caso de Santo André
constituem atividades praticadas, na visão dos investigadores da Lava
Jato, pela mesma organização criminosa. Foi o caminho documental do
dinheiro do petrolão - o uso da propina para calar chantagistas - que
levou a Lava Jato a Santo André.
É pelos objetivos e pelas necessidades dessa organização criminosa
que se confirmam provas que unem Santo André, mensalão e petrolão. Há
indícios de longa continuidade delitiva por parte de uma sofisticada
organização criminosa, na visão do Ministério Público Federal. Isso
significa que um mesmo grupo de pessoas cometeu, por muitos anos e
especialmente no topo do aparelho estatal, uma longa e variada lista de
crimes, destinados ao lucro político e econômico - e à manutenção, por
necessidade existencial, desse mesmo grupo no comando do poder.
A longa continuidade delitiva, associada à cadeia de comando bem
definida e com divisão clara de tarefas, entre outros pontos,
caracteriza o crime organizado. A criminologia ajuda a entender por que
um mesmo grupo é acusado de ter cometidos tantos e variados crimes no
decorrer de muitos anos - e explica como a força-tarefa da Lava Jato
pensa, investiga e analisa fatos criminosos aparentemente distantes uns
dos outros. É por isso, também, que personagens como Delúbio Soares,
Silvio Pereira, Marcos Valério (que entregou o caso de extorsão) e o
operador José Carlos Bumlai, amigo de Lula, aparecem em fatos criminosos
que, na superfície, nada têm a ver entre si.
As evidências obtidas pela Lava Jato ligam o dinheiro do petrolão e
do mensalão às dívidas políticas do PT na cidade. As propinas
financiaram atividades ilícitas do partido. Graças à admissão de Bumlai,
a Lava Jato já tem provas de que dinheiro do petrolão bancou a
chantagem de um dos homens de Santo André. As provas mais contundentes
de hoje, porém, são os documentos bancários. Eles comprovam que dinheiro
do grupo Schahin passou por Bumlai e chegou ao empresário Ronan .Essa é
a avaliação da Lava Jato.
Por que dinheiro do petrolão foi repassado pelo amigo de Lula ao
empresário Ronan, como está provado? Extorsão, segundo os depoimentos de
Bumlai e de Marcos Valério, além da delação de um dos donos da Schahin -
grupo que ganhou contrato bilionário, de maneira fraudulenta, na
Petrobras .Esses depoimentos explicam muito, mas não contam tudo. Daí a
necessidade das investigações deflagradas hoje pela Lava Jato.
A Lava Jato espera que Silvio Pereira, que se afastou do PT após seu
envolvimento no mensalão, disponha-se a esclarecer a extorsão em Santo
André ligada a Celso Daniel. Silvinho, como ele é conhecido, era da
cúpula do PT e executava ordens do Planalto na época dos crimes
investigados. Há múltiplas ramificações e áreas de atuação da
organização criminosa sendo investigadas, com base em evidências
documentais e testemunhais.Alguns dos crimes – corrupção, lavagem de
dinheiro, extorsão e falsidade ideológica – remontam a 2004, 2005 e
2006, no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
quando o petrolão iniciava. Antes do governo Lula, apontam as provas,
havia corrupção na Petrobras. As evidências colhidas pela Lava Jato, no
entanto, demonstram que a criação de uma organização criminosa aconteceu
somente após a posse de Lula e o subsequente aparelhamento da estatal
entre PT, PMDB e PP.
Por Época
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