Ex-presidente da Guatemala e ex-presidente da Oxfam são presos por corrupção
“Veremos o que diz o juiz [do caso]”, declarou o ex-presidente guatemalteco, segundo os principais veículos de imprensa do país
De acordo com o MP, agentes públicos e empresários de transporte participavam do esquema - (Foto: Reprodução) |
O ex-presidente da Guatemala, Álvaro Colom Caballeros,
e oito ex-ministros de seu governo (2008-2012), além de um
ex-vice-ministro, foram presos ontem (13), acusados de fraudar e desviar
milhões de dólares do sistema de transporte público implantado na
Cidade da Guatemala a partir de 2009.
Entre os ex-ministros detidos na operação coordenada pelo
Ministério Público (MP) guatemalteco está Juan Alberto Fuentes Knight,
que até ontem presidia a organização humanitária Oxfam International.
Durante o governo Colom, Fuentes chefiou a pasta de Finanças Públicas.
Pouco após ser detido em sua residência, Colom disse a jornalistas
que, para sua equipe, todo o projeto transcorreu dentro da legalidade.
“Veremos o que diz o juiz [do caso]”, declarou o ex-presidente
guatemalteco, segundo os principais veículos de imprensa do país.
Juan Alberto Fuentes também disse a jornalistas que é inocente. A
Oxfam anunciou que Fuentes renunciou ao cargo para se defender das
acusações “com vigor”. Colom estava à frente da entidade desde abril de
2015 – quando a organização não-governamental (ONG) anunciou que sua
nomeação coincidia com uma “importante mudança institucional, em um
momento em que a Oxfam se reorganiza para se converter em uma entidade
mais global, dinâmica e influente”.
Acusações de exploração sexual
A prisão de Fuentes é mais um duro golpe na credibilidade da
organização não-governamental (ONG), que enfrenta acusações de que
dirigentes locais e colaboradores pagavam para ter relações sexuais com
mulheres no Haiti, no Chad e no Sudão do Sul. No Haiti, onde a
prostituição é proibida, os casos teriam ocorrido logo após o terremoto
que devastou o país, em 2011.
Os escândalos sexuais motivaram a diretora adjunta da Oxfam, Penny
Lawrence, a pedir demissão do cargo, lamentando os ocorridos. “Me
envergonho de que isto tenha sucedido sob o meu mandato e assumo toda a
responsabilidade”, lamenta Penny Lawrence em nota divulgada pela Oxfam.
“Sinto profundamente o dano e a angústia gerada naqueles que apoiam a
Oxfam, em todos os setores e, sobretudo, nas pessoas em situação de
vulnerabilidade que confiaram em nossa organização.”
A Oxfam Brasil se manifestou hoje (14) sobre os casos, afirmando que
os abusos sexuais “são revoltantes e inadmissíveis”. Segundo a
instituição, uma comissão independente investigará os casos relatados e
os processos de recrutamento estão passando por uma revisão. “Não pode
haver espaço na Oxfam para quem abusa da posição de poder e da confiança
de milhares de pessoas”, disse a instituição em nota.
A filial brasileira também se manifestou sobre a prisão de Fuentes e
considerou que seu indiciamento e prisão provisória tornaram
“insustentável sua permanência no cargo de presidente do Conselho da
Oxfam Internacional, ainda que o caso seja do período anterior ao seu
mandato com a organização”, completou.
Fraudes na Guatemala
Segundo a Procuradoria-Geral da Guatemala, os indícios de
irregularidades na gestão do chamado Transurbano indicam que cerca de
US$ 35 milhões foram desviados por meio de mecanismos legais
fraudulentos. De acordo com o MP, agentes públicos e empresários de
transporte participavam do esquema.
Investigadores da Promotoria Especial Contra a Impunidade, do
Ministério Público e da Comissão Internacional Contra a Impunidade
analisaram documentos, mensagens eletrônicas e a movimentação financeira
dos suspeitos, bem como as normas legais e os procedimentos
administrativos aprovados no período sob suspeita.
De acordo com o MP, testemunhas afirmaram que, em 2007, a Associação
de Empresários de Ônibus (AEAU), não só financiou parte das campanhas
eleitorais dos dois principais candidatos à presidência do país, como
mobilizou eleitores – um dos favorecidos foi Álvaro Colom, que acabou
eleito.
Ainda segundo o MP, após a vitória de Colom, a associação de
empresários se organizou para “monopolizar” o sistema de transporte
público, criando quatro empresas anônimas com o propósito de captar os
recursos destinados ao Transurbano.
Agência Brasil
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