Maranhão e Cartaxo: o rompimento entre os parceiros da chapa de 2006 ao governo do Estado
Ganha repercussão nos meios políticos paraibanos o cenário de
rompimento e até hostilidade entre o senador José Maranhão (MDB) e o
prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PSD).
Ambos querem disputar o governo do Estado nas eleições de outubro
apresentando-se como legítimos candidatos de oposição ao esquema do
governador Ricardo Coutinho (PSB), que tem como pré-candidato ao governo
o secretário de Recursos Hídricos e Infraestrutura, João Azevedo.
Maranhão e Cartaxo estiveram juntos na eleição municipal a prefeito de
João Pessoa em 2016, quando Cartaxo pleiteou a reeleição e o então PMDB,
hoje MDB, presidido pelo senador no Estado, indicou o então deputado
federal Manoel Júnior para vice.
A parceria entre Maranhão e Luciano mais comentada nos meios
políticos, no entanto, foi a de 2006, quando Maranhão encabeçou chapa ao
governo concorrendo pelo ex-PMDB e Luciano Cartaxo foi o postulante a
vice, indicado pelo Partido dos Trabalhadores, do qual, posteriormente,
se desfiliou. A chapa Maranhão-Cartaxo foi derrotada em segundo turno
pelo candidato do PSDB, o hoje senador Cássio Cunha Lima, cujo vice foi o
ex-deputado estadual José Lacerda Neto, indicado pelo ex-PFL, atual
DEM. Em fevereiro de 2009, Maranhão e Cartaxo foram convocados pela
Justiça Eleitoral para investir-se nos cargos de governador e vice,
completando a gestão Cássio Cunha Lima-José Lacerda.
A Justiça Eleitoral, acatando recursos impetrados pelo PMDB e outras
legendas de oposição, cassou o mandato de Cássio sob alegação de conduta
vedada e improbidade administrativa – argumentos largamente contestados
pela defesa do tucano e que renderam sucessivas liminares que
garantiram a permanência de Cunha Lima e do seu vice.
Com a mudança de entendimento do TSE, Cássio deixou de concluir o
segundo mandato. Maranhão e Cartaxo foram automaticamente empossados no
Executivo, mas não puderam realizar muita coisa, até porque
aproximavam-se as eleições de 2010 que renovariam governos de Estados.
Em 2010, numa guinada espetacular na cena política paraibana, Cássio
Cunha Lima apoiou Ricardo Coutinho (PSB) ao governo e fez dobradinha com
ele para o Senado, obtendo hum milhão de votos. Ricardo derrotou
Maranhão, que já era tríplice coroado no Executivo. Cartaxo disputou
novamente mandato de deputado estadual, sendo eleito.
Em 2012, concorreu pela primeira vez a prefeito da Capital, tendo
como vice o jornalista Nonato Bandeira (PPS), hoje aliado novamente do
governador Ricardo Coutinho. Maranhão, que disputou a prefeitura, estava
entre os derrotados na competição. O segundo turno para prefeito acabou
se dando entre Luciano e o então senador Cícero Lucena, do PSDB, com a
derrota deste.
Nas tratativas para formação de chapas às eleições municipais de
2016, quando estavam em jogo prefeituras, vice-prefeituras e mandatos de
vereador, Luciano Cartaxo se reaproximou de Maranhão propondo aliança
em que o então PMDB indicaria o vice, Manoel Júnior, que vive a
expectativa de assumir a titularidade com a saída de Cartaxo mas está
desconfortável dentro do MDB devido à insistência de Maranhão em ser
candidato próprio.
Nos meios políticos há especulações diversas, como a de que Júnior
pode ser levado a migrar para outra agremiação se houver uma
radicalização política entre Maranhão e Luciano Cartaxo.
Até agora, o senador emedebista tem revelado que aceita dialogar com
outros políticos sobre a sucessão ao governo, mas exclui da lista de
“conversáveis” o prefeito Luciano Cartaxo. Mas há articulações em
diversas frentes, inclusive neste Carnaval, que poderão trazer reflexos
surpreendentes no desenho final das chapas para as eleições de outubro.
Por enquanto, Maranhão tem tentado convencer os emedebistas de que é
melhor para o partido disputar o governo do que se contentar com a
vice-prefeitura e a perspectiva de alcançar a titularidade no município.
É a senha de Maranhão, segundo seus interlocutores, para descartar
uma desistência na disputa ao governo e um suposto apoio a Luciano
Cartaxo.
Polêmica Paraíba - Por Nonato Guedes - Publicado por: Gutemberg Cardoso
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