Os
cinco criminosos apontados como chefes da facção que promoveu uma
matança de presos na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, no Rio Grande do
Norte, foram transferidos nesta terça-feira (31) para presídios
federais. Por questões de segurança, o governo não informou para qual
presídio eles serão levados.
Antes do embarque para os presídios
federais, os detentos, que estavam na Central de Flagrantes da Polícia
Civil, foram levados para o Instituto Técnico de Perícia (Itep), onde
foram submetidos a exame de corpo de delito. O helicóptero Potiguar I,
da Secretaria de Segurança Pública do RN, participa da ação de
transferência.
O grupo prestou depoimento dias após os crimes a
uma comissão de delegados da Divisão de Homicídios e de Proteção à
Pessoa (DHPP). Entre o sábado (14) e o domingo (15), 26 detentos de
Alcaçuz morreram na rebelião que durou mais de 14 horas. Os presos
transferidos foram Paulo da Silva Santos, João Francisco do Santos, José
Cândido Prado, Paulo Márcio Rodrigues de Araújo e Thiago Souza Soares.
Ao
todo, 111 detentos do pavilhão 5 da Penitenciária Estadual de Alcaçuz
poderão ter suas penas aumentadas. Os presos foram ouvidos no sábado
(28) e, de acordo com a Polícia Civil, serão autuados de acordo com suas
responsabilidades por posse de arma de fogo, posse de drogas, dano
qualificado, apologia ao crime, associação criminosa ou motim.
Dois
dos 26 detentos vítimas da matança na Penitenciária de Alcaçuz foram
mortos com tiros. É o que diz o laudo da causa das mortes divulgado pelo
Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep). 15 foram decapitados,
conforme divulgou o Itep em 16 de janeiro. Outros foram mortos
degolamento, perfurações ou sangraram até a morte. Três não
identificados foram queimados vivos.
O secretário estadual de
Justiça e Cidadania, Wallber Virgolino, informou que será aberta
investigação sobre a entrada de armas na penitenciária de Alcaçuz, em
Nísia Floresta. Até agora, agentes penitenciários da Força Tarefa de
Intervenção Penitenciária encontraram seis armas de fogo e três
espingardas calibre 12 de fabricação atersanal.
Rebelião
Segundo o secretário de Justiça e Cidadania (Sejuc), Wallber Virgolino,
a rebelião em Alcaçuz começou na tarde do sábado (14) logo após o
horário de visita. O secretário disse que os presos do pavilhão 5, que
abriga integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), usando armas
brancas, quebraram parte de um muro e invadiram o pavilhão 4, onde há
presos que integram o Sindicato do Crime, facção criminosa rival do PCC.
Ainda de acordo com Virgolino, todos os 26 mortos são do Sindicato.
Os
cinco presos apontados pela Secretaria de Segurança Pública como chefes
da facção que promoveu a matança de presos em Alcaçuz foram levados
para a Divisão de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), em Natal, na
tarde desta segunda, para prestar depoimento a uma comissão de
delegados e, de lá, serão transferidos para outra unidade prisional.
Na
segunda-feira (16), os presos amanheceram em cima dos telhados dos
pavilhões com paus, pedras e facas nas mãos, além de bandeiras com as
siglas de facções criminosas. A Sejuc nega que a rebelião tenha sido
retomada, mas diz que a situação é tensa dentro da unidade.
Na
terça-feira (17), o governo federal anunciou que o presidente Michel
Temer decidiu colocar as Forças Armadas à disposição dos governadores
para operações específicas em presídios. O anúncio foi feito após
reunião de Temer com representantes de órgãos de inteligência federal e
ministros para discutir ações contra a violência nos presídios
brasileiros e contra o crime organizado. Ainda nesta quarta (18), o
governador Robinson Faria formalizou o pedido de auxílio.
Na
quinta (19), após novo enfrentamento, muitos presos ficaram feridos.No
sábado (21), enquanto os contêineres eram posicionados para separar as
duas facções, equipes do Instituto Técnico de Perícia (Itep) encontraram
e recolheram duas cabeças, um antebraço, um braço e uma perna.
Na
terça (24), policiais do Bope, Tropa de Choque e o Grupo de Operações
Especiais (GOE) da Secretaria de Justiça (Sejuc) ocuparam a
penitenciária para realizar uma revista minuciosa nos pavilhões.
Na
sexta (26), homens do Grupo de Operações Especiais (GOE) do governo do
Rio Grande do Norte e agentes federais de execução penal da força-tarefa
entraramem Alcaçuz. A operação, denominada Phoenix, serviu para retomar
o controle da unidade e reformar o presídio, palco de uma rebelião que
deixou 26 mortos no dia 14 de janeiro.
Violência
Com 26 mortos, a rebelião na Penitenciária de Alcaçuz foi a mais violenta da história do Rio Grande do Norte.
De
acordo com a Sejuc, os próprios presos desligaram a energia do local e,
com isso, os bloqueadores de celulares deixaram de funcionar.
Na
manhã de domingo (15), militares do Bope e do Choque, além do Grupo de
Operações Especiais, entraram em Alcaçuz com veículo blindado, vans e
carros para acabar com rebelião. Ela foi controlada por volta das 7h20,
mais de 14 horas depois do início.
Alcaçuz fica em Nísia Floresta,
cidade da Grande Natal, e é o maior presídio do estado. A penitenciária
possui capacidade para 620 detentos, mas abriga cerca de 1.150, segundo
a Sejuc, órgão responsável pelo sistema prisional do RN.
Transferências de presos
Além dos cinco presos transferidos nesta segunda, o secretário de
Justiça, Wallber Virgolino, disse que pretende fazer uma grande
transferência de presos de Alcaçuz para outras unidades prisionais do
Estado. O objetivo, segundo ele, é separar duas facções: Sindicato do
Crime e PCC. Ele classificou o local como “cenário de barbárie”.
Ainda
de acordo com o secretário, a rebelião no Rio Grande do Norte não tem
relação confirmada com os motins no Amazonas e em Roraima. “Não há
confirmação de relação, mas com certeza as rebeliões naqueles presídios
incentivaram o que aconteceu aqui.”
G1