Mídia nacional diz que o senador José Maranhão guarda milhões embaixo do "colchão"
Levantamento de ISTOÉ revela quem são os parlamentares que guardam verdadeiras fortunas em casa
No momento em que a Receita Federal fecha o cerco sobre quem declara altas somas de dinheiro em espécie, levantamento da Revista ISTOÉ revela quem são os parlamentares brasileiros que guardam verdadeiras fortunas em casa. Na lista está o senador paraibano José Maranhão (PMDB), que, segundo a revista, tem R$ 398 mil guardados em casa |
Milhões debaixo do colchão
Muita gente gosta de dispor de dinheiro vivo em casa. Uns por
comodismo, outros para escapar das filas e das tarifas dos bancos. Mas
há também os que escondem grandes quantias de origem duvidosa debaixo
dos colchões para escapar da fiscalização e dos rigores da lei. Foi o
caso do ex-deputado Geddel Vieira Lima, que mantinha em um apartamento
em Salvador malas com mais de R$ 50 milhões. É de olho nesses desvios
que a Receita Federal acaba de adotar uma medida que torna obrigatória a
comunicação de operações que envolvam dinheiro em espécie em valor
igual ou superior a R$ 30 mil. Com a medida, o governo espera lacrar uma
porta que ainda estava aberta à corrupção, à sonegação e à lavagem de
dinheiro. Daqui em diante, até será possível guardar em casa dinheiro
amealhado ilegalmente, mas será muito mais difícil fazer uso da propina.
Na prática, a Receita quer saber quem compra imóveis, carros, joias,
quadros e outros bens com dinheiro vivo – uma das ferramentas mais
comuns da lavagem de dinheiro. Ou seja, a partir de agora, os políticos
que lançam mão desse expediente nada republicano deverão ter mais
cuidado.
ISTOÉ fez um levantamento com base nas declarações de bens de deputados
federais das principais bancadas e dos 27 senadores eleitos em 2014
para saber quem poderia cair na mira do Leão caso realize transações em
dinheiro vivo. Entre os senadores da safra 2014, somente dois declararam
guardar valores em espécie na residência: Acir Gurgacz (PDT-RO), que
mantinha R$ 500 mil, e José Maranhão (PMDB-PB) que dispunha de R$ 398
mil.
As seis maiores bancadas, por estado, possuem 269 deputados. São elas:
São Paulo (70 parlamentares), Minas Gerais (53), Rio de Janeiro (46),
Bahia (39), Rio Grande do Sul (31) e Paraná (30). Desse total, 25
deputados declararam à Justiça Eleitoral, em 2014, terem mais de R$ 300
mil em espécie. Chama atenção os valores milionários mantidos dentro dos
portões de suas residências pelos deputados Fernando Torres (PSD-BA)
com R$ 3.234.256,82, Leonardo Quintão (PMDB-MG) com R$ 2,6 milhões,
Misael Varella (DEM-MG) com R$ 1.374.191,69, e João Bacelar (PR-BA) com
R$ 1,2 milhão. Em geral, a justificativa dada aos curiosos é a
proximidade de compromissos financeiros de ordem pessoal. Daí a
necessária liquidez.
Primeiro lugar
O campeão de recursos em espécie guardados em casa pertence à bancada
de Pernambuco. É o deputado Marinaldo Rosendo (PSB), que declarou ter R$
3,82 milhões. Em agosto desse ano, Marinaldo teve as contas de sua
gestão à frente da prefeitura de Timbaúba rejeitadas pelo Tribunal de
Contas do Estado por três votos a zero. Foi acusado de irregularidades
na compra de material escolar e no repasse de recursos de empréstimos
consignados aos servidores. De família tradicional mineira, o deputado
Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), que está no 10º mandato consecutivo,
possuía, em 2014, R$ 950 mil em dinheiro vivo. Ele foi o relator da
segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente
Michel Temer e proferiu um parecer pela rejeição do caso.
O deputado Nelson Meurer (PP-PR) é réu da Lava Jato no Supremo Tribunal
Federal, acusado de receber propinas de R$ 29 milhões entre 2006 e
2014. Apontado como um dos líderes do ‘quadrilhão do PP’, Meurer
declarou ao TSE uma quantia de R$ 762.360 mil em espécie. O processo
contra ele na Lava Jato está na reta final e o julgamento será marcado
em brave. Outros paranaenses com fortunas em casa são Luiz Nishimori
(PR), que possui R$ 800 mil, e Osmar Bertoldi (DEM) com R$ 700 mil. Em
São Paulo, a curiosidade é que Paulo Maluf não aparece na lista. O
ex-governador declarou ao TSE um patrimônio de R$ 39 milhões, composto
de imóveis, terrenos ações, aplicações de renda fixa e fundo de
investimento. Mas não tem reserva financeira em casa. Os principais
destaques de SP no quesito dinheiro em espécie vão para os deputados
Ricardo Izar (PSD), de R$ 800 mil, e Ricardo Tripoli (PSDB), num total
de R$ 742 mil. Bruna Furlan (PSDB), que em 2010 tornou-se a deputada
federal mais votada da história de São Paulo e é filha do prefeito de
Barueri, Rubens Furlan, declarou guardar R$ 300 mil em casa.
Agora, os nobres parlamentares devem se cautelar, mesmo quando o
dinheiro tiver origem lícita. Cada vez que recorrerem ao cofre doméstico
para consumir ou cobrir despesas correntes, as operações deverão ser
reportadas em formulário eletrônico denominado Declaração de Operações
Liquidadas com Moeda em Espécie (DME), disponível no site da Receita.
Quando a transação for feita em moeda estrangeira deverá ser efetuada a
conversão em reais para fins de declaração.
Será quase impossível movimentar dinheiro vivo sem chamar atenção das
autoridades. A pessoa física ou jurídica que receber recursos em espécie
em valores iguais ou superiores a R$ 30 mil e não declarar à Receita
Federal ficará sujeita a multa de 1,5% a 3,0% do valor da operação,
respectivamente, quando omitir informações ou prestá-las de forma
inexata ou incompleta. Guardar dinheiro embaixo do colchão deixará de
ser uma prática tão vantajosa. E pode ser arriscado. O Leão está com os
dentes afiados.
WSCOM
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