domingo, 3 de dezembro de 2017

Polêmico suicídio

Suicídio de reitor da Universidade Federal de Santa Catarina deixa Polícia Federal sob suspeita

Ele havia sido preso pela Polícia Federal, na chamada Operação Ouvidos Moucos


O suicídio do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Luiz Carlos Cancellier de Olivo completou dois meses neste sábado (2). Ele havia sido preso pela Polícia Federal, na chamada Operação Ouvidos Moucos, no 14 de setembro, estava sendo investigado, sem saber, pela delegada Érika Mialik Marena.
O reitor, que não tinha antecedente criminal algum, era suspeito de uma suposta tentativa de obstruir uma investigação sobre desvios no programa de educação a distância. A denúncia foi feita, principalmente, por um desafeto do reitor, o corregedor-geral da UFSC, Rodolfo Hickel do Prado, integrante da Advocacia-Geral da União em Santa Catarina.
No dia seguinte à prisão dele, a PF manchetou, em seu site, o erro de que a operação combatia "desvio de mais de R$ 80 milhões", conforme atesta matéria do Estadão. Ainda segundo a reportagem, após depor na PF, o reitor, sem que alguém tenha explicado o motivo de sua prisão, foi levado para a penitenciária de Florianópolis, como se já estivesse condenado. Teve os pés acorrentados, as mãos algemadas e foi submetido, nu, à revista íntima. Ele passou mal por ser cardiopata, e foi examinado e medicado por seu cardiologista.
Posteriormente, a delegada afirmou que os R$ 80 milhões era o total de repasses do Ministério da Educação para o programa de ensino a distância ao longo de dez anos, 2005 a 2015, quando Cancellier não era o reitor. Ele assumiu a reitoria a partir de maio de 2016.
Depois da prisão, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) divulgou nota afirmando ser "inadmissível que o país continue tolerando práticas de um Estado policial" e o Núcleo da União da Juventude Socialista na UFSC fala em "perseguição política".
Site Jornalistas Livres também repudiou a ação da PF. "Trata-se de suicídio que cobre de vergonha todo o país, que consagrou como métodos de investigação a deduragem, a humilhação pública e a prisão estrepitosa, sob os holofotes de uma mídia linchadora e vulgar", escreve Laura Capriglione.
Vale ressaltar que o denunciante, Rodolfo Hickel do Prado, era opositor político do reitor. No dia 13 de setembro, um dia antes da prisão, Cancellier autorizou seu chefe de gabinete, Aureo Moraes, a abrir um processo administrativo-disciplinar contra o corregedor, pedido pelo professor Gerson Rizzatti. Prado tentou uma liminar contra a portaria que o afastava até a conclusão, mas não teve êxito.
Na última terça-feira, o juiz Marcelo Volpato de Souza mandou arquivar o inquérito que apurou a morte do reitor, concluindo por suicídio. 
Brasil 247

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