Agregar, a palavra que fica da desistência do apresentador Luciano Huck
Por Heron Cid
Muito
antes das convenções, o apresentador Luciano Huck preferiu economizar
as expectativas de um razoável contingente social que depositava
esperanças em uma eventual candidatura à Presidência da República.
Eis
a primeira lição que o televisivo dá em cima da política tradicional.
Fosse matreiro no meio, esgotaria todo o tempo a que teria disponível,
aproveitaria meses de glória, valorizaria o passe e, no final,
negociaria seu apoio.
Depois, o apresentador, em seu artigo,
realimentou a crença de que o Brasil tem jeito e pode se reinventar do
caos que a deformação política atual nos empurrou. E ele não está só. Há
muitos homens e mulheres, cidadãos, instituições, trabalhadores e
intelectuais colaborando nas suas missões e dispostos a oferecer o
melhor em defesa de um novo vento sobre nosso destino.
O terceiro,
e não menos importante. A convicção e postura de que é possível
influenciar, fazer política, interferir, provocar reflexões e promover
transformações, sem necessariamente uma voz no palanque eletrônico do
debate ou um cargo eletivo para chamar de seu.
Por último, Luciano
deixa para todos nós uma exortação a partir de sua decisão pessoal ao
dizer que vai “direcionar toda a energia de que disponho para outra
coisa que acredito saber fazer: agregar”.
“Agregar as mentes
sábias que fui encontrando em diferentes camadas da sociedade, dentro e
fora do Brasil, pessoas extremamente capazes e dispostas de fato a
conjugar o verbo servir no tempo e no sentido corretos. Vou trabalhar
efetivamente para estruturar e me juntar a grupos que assumam a missão
de ir fundo na elaboração de um pensamento e principalmente de um
projeto de país para o Brasil”.
A palavra agregar chega em momento
mais do que oportuno. Estamos numa quadra da divisão, do agravamento
dos radicalismos e extremos, um processo em que a unidade nacional,
nossa marca, corre sério riscos pela bandeira do “nós contra eles”,
desfraldada com ódio, rancor e revanche.
Na crise, no
desmantelamento a que estamos mergulhados, nunca foi tão necessário
juntar, somar e reunir o maior número possível de esforços em torno de
uma reconstrução. Uma tarefa gigante que não tem perspectiva de êxito se
continuarmos enveredando caminhos opostos e pautados pelo signo da
separação.
Em vez de usar seu prestígio pessoal para lançar mais
um campo de divisão, Luciano Huck optou por se juntar a outros tantos
brasileiros, felizmente a maioria, empenhados em fazer de todos os
brasis uma só Nação.
MaisPB - Por Heron Cid
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