Aécio Neves usou celular com linhas registradas em nome de laranjas para ligações sigilosas
(Foto: Jorge William, Agência O Globo) |
Um
relatório elaborado pela Polícia Federal (PF) após a análise de objetos
e documentos que foram apreendidos no apartamento do senador Aécio
Neves (PSDB-MG), no Rio de Janeiro, em 18 de maio, aponta indícios de
que o tucano usava dois celulares com linhas telefônicas supostamente
registradas em nome de laranjas para fazer ligações sigilosas.
Ao G1,
o advogado Alberto Toron, responsável pela defesa de Aécio, afirmou que
não poderia comentar as conclusões do relatório da PF porque não teve
acesso ao documento. Além disso, o criminalista destacou que, “para
responder qualquer coisa”, teria que consultar o cliente dele.
“Eu
não tive acesso ao documento. Para responder qualquer coisa, teria que
consultar Aécio para ter meios de responder. Sem falar com ele, é
absolutamente impossível responder qualquer coisa a esse respeito”,
disse Toron.
Segundo
a perícia da Polícia Federal, “aparelhos celulares simples” foram
encontrados pelos agentes na sala de TV e no closet do apartamento de
Aécio localizado no bairro de Ipanema.
Na
ocasião, policiais federais cumpriram, simultaneamente, mandados de
apreensão em endereços ligados ao parlamentar tucano na capital
fluminense, em Brasília e em Minas Gerais.
As
ordens judiciais foram expedidas pelo ministro Luiz Edson Fachin,
relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), com base na
delação premiada do empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo
J&F.
O
delator gravou Aécio pedindo a ele R$ 2 milhões para, supostamente,
pagar os honorários do advogado que o defendia nos processos da Lava
Jato.
De
acordo com a perícia da PF, entre as dezenas de itens recolhidos pelos
policiais no imóvel do senador tucano, estavam um celular Nokia e outro
LG.
Para
identificar quem eram os proprietários das duas linhas móveis
disponíveis nos celulares encontrados na casa de Aécio, a Polícia
Federal teve que solicitar os dados às operadoras de telefonia TIM e
Vivo. As empresas, então, informaram que os telefones pré-pagos estavam
registrados em nome de duas pessoas diferentes:
- Laércio de Oliveira, agricultor que trabalha no cultivo de café em fazendas do interior de Minas
- Mitil Ilchaer Silva Durao, montador de andaimes com endereço registrado no Espírito Santo
A
perícia ressaltou que Laércio de Oliveira “é uma pessoa simples,
agricultor de café que, em tese, não pertence ao convívio social” de
Aécio, sugerindo que, por esse motivo, os dados pessoais do agricultor
podem “ter sido usados para habilitação da linha sem o seu
consentimento”.
Funcionários de Andréa Neves
Além
das duas linhas telefônicas registradas em nome de Oliveira e Durao, os
peritos da PF descobriram que um dos aparelhos já havia sido registrado
em nome de pessoas que tinham vínculos empregatícios com a irmã de
Aécio, a jornalista Andréa Neves.
- Valquiria Julia da Silva, trabalha como empregada doméstica de Andréa Neves desde 2009
- Agnaldo Soares, trabalhou como motorista da irmã de Aécio no ano passado
Braço
direito do parlamentar do PSDB, Andréa chegou a ser presa por ordem do
STF por suspeitas de que ela tenha pedido dinheiro para Joesley Batista,
mas, posteriormente, foi autorizada pela Segunda Turma do tribunal a
cumprir prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica.
O
relatório da PF observa que os titulares das linhas telefônicas
identificadas nos celulares apreendidos são “pessoas simples” e que não
se pode “descartar a possibilidade” de terem sido habilitadas “sem o
consentimento deles”.
O
perito responsável pelo parecer também chama a atenção de que os
últimos registros de ligações realizadas por aqueles aparelhos “não
denotam ser de pessoas de convívio social de assinantes daquelas
linhas”.
“Como
visto, os itens analisados [os dois aparelhos celulares] podem
representar importância para a investigação, mas sugere a devolução dos
objetos analisados haja vista haver cópia pericial em mídia específica”,
conclui o perito da Polícia Federal.
Obras de arte
Além
dos celulares, a Polícia Federal apreendeu na residência de Aécio, no
Rio de Janeiro, 16 obras de arte, entre as quais uma tela supostamente
pintada pelo artista plástico Cândido Portinari, e uma escultura.
O
motorista da família de Aécio, conforme o documento, foi designado pela
PF como fiel depositário do acervo de obras de arte do senador tucano.
G1
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