Catalunha se recusa a desistir de independência; separatistas fazem protestos
O governo espanhol ameaçou colocar a Catalunha, que representa um quinto da economia, sob controle central direto caso seu governo não abandone a independência até quinta-feira
O governo da Catalunha rejeitou o prazo do primeiro-ministro Mariano Rajoy - (Foto: Reprodução) |
A Catalunha se recusou nesta terça-feira a aceitar a
exigência do governo espanhol de renunciar uma declaração simbólica de
independência, colocando-a em uma rota de colisão política com Madri
nesta semana.
O governo espanhol ameaçou colocar a Catalunha, que representa
um quinto da economia, sob controle central direto caso seu governo não
abandone a independência até quinta-feira.
Mas o governo da Catalunha rejeitou o prazo do primeiro-ministro Mariano Rajoy.
"Desistir não faz parte dos cenários deste governo", disse o
porta-voz do governo catalão, Jordi Turull. "Na quinta-feira, nós não
daremos nada diferente do que demos na segunda-feira".
A maior crise política da Espanha em décadas se agravou na noite de
segunda-feira, quando o Supremo Tribunal de Madri determinou a prisão
dos chefes dos dois principais grupos separatistas da Catalunha pendendo
uma investigação por suposta insubordinação.
O governo catalão acusou Madri de deter "prisioneiros políticos", e
dezenas de milhares de manifestantes reuniram-se ao longo da avenida
Diagonal, em Barcelona, para pedir a libertação deles.
As pessoas levantaram velas acesas, assobiaram e gritaram "liberdade" e "fora forças de ocupação".
"Não deveria haver prisioneiros políticos em um país democrático no
século 21. Este país não é democrático. Estou aqui para apoiar a
democracia", disse Alicia Cabreriza, programadora de computação, de 26
anos.
Os protestos terminaram pacificamente por volta das 18h (horário de Brasília).
O líder catalão, Carles Puigdemont, em um tuíte após as detenções,
disse: "Infelizmente, nós temos prisioneiros políticos novamente".
A frase foi uma alusão à ditadura militar sob Francisco Franco,
quando a cultura e língua catalã foram sistematicamente reprimidas. A
publicação carrega uma ressonância emotiva, uma vez que o fascismo ainda
é uma memória viva para muitos espanhóis.
O ministro da Justiça, Rafael Catala, respondeu dizendo que a prisão
dos líderes da Assembleia Nacional Catalã e Omnium foi uma decisão
judicial, e não política.
"Nós podemos falar de políticos na prisão, mas não de prisioneiros
políticos", disse. "Estes não são prisioneiros políticos porque a
decisão da prisão de ontem foi por conta de um (suposto) crime."
A crise aprofundou divisões no coração da jovem democracia espanhola,
destacando o complexo senso de nacionalismo na quarta maior economia da
zona do euro. Em Madri, moradores enfeitaram suas casas com bandeiras
nacionais espanholas, enquanto prédios em Barcelona estavam repletos de
bandeiras catalãs.
ClickPB com Reuters
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