Papa Francisco irá à Colômbia na próxima quarta-feira para impulsionar reconciliação
O papa Francisco inicia, na próxima quarta-feira, uma
visita histórica à Colômbia para impulsionar a paz e a reconciliação em
um país dividido apesar da assinatura de um acordo de paz com a
ex-guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Durante a estadia de quatro dias, até 10 de setembro, o papa visitará
quatro cidades, celebrará missas para multidões, fará discursos e,
sobretudo, se reunirá com vítimas e atores do conflito interno. Também
visitará bairros esquecidos em um dos países com maior desigualdade
entre ricos e pobres na América Latina.
A Santa Sé afirmou nesta sexta-feira(1), no entanto, que não está
prevista na agenda de Francisco o encontro com membros das Farc, da
oposição colombiana, contrária ao acordo de paz, ou com bispos
venezuelanos durante sua estadia no país.
A terceira visita de um pontífice à Colômbia, depois das de Paulo VI
em 1968 e de João Paulo II em 1986, será marcada por uma série de
gestos, mais do que palavras, em prol da reconciliação.
“É verdade que o papa chega a um país muito polarizado, mas sabe que
todos os colombianos anseiam pela paz, uma paz com o espírito da
solidariedade e da justiça. Uma paz possível somente se atacarem as
causas da injustiça social, da desigualdade, da opressão”, explica o
arcebispo colombiano Octavio Ruiz, da delegação que acompanhará o
pontífice.
A única viagem do papa argentino este ano à região inclui as
emblemáticas cidades de Bogotá, Villavicencio, Medellín e Cartagena,
onde falará sobre família, religião e reconciliação entre as pessoas e
com a natureza, dois dos temas centrais de seu pontificado.
Em Villavicencio, ele escutará os relatos de vítimas e perpetradores
da violência na Colômbia nesta cidade emblemática do conflito interno,
informou o Vaticano nesta sexta-feira(1).
Com o lema “Demos o primeiro passo”, o papa, que desde o início
apoiou as negociações do país com o então maior grupo guerrilheiro,
propõe aos colombianos romper com o passado de violência e confrontos, e
se comprometer de forma ativa para construir a paz.
Francisco, de 80 anos, apresenta-se na Colômbia como um mediador, e
em novembro viajará para Mianmar e Bangladesh, cenário de um violento
conflito religioso.
Ameaçada pelos novos movimentos religiosos protestantes, evangélicos e
cristãos, cuja influência cresceu, a igreja católica colombiana
organizou uma visita alegre com um hino que mistura ritmos locais com
rap, que será transmitida ao vivo pela televisão pública.
Francisco dormirá todas as noites na sede da nunciatura apostólica de
Bogotá, e de lá se deslocará todos os dias para as diferentes cidades.
Ele sairá de Roma no dia 6 pela manhã em um voo da Alitalia e chegará
na tarde deste mesmo dia ao país sul-americano.Além disso, se deslocará
em três papamóveis, sem luxos ou vidros blindados, fabricados
localmente, para poder saudar as pessoas, respeitando o seu costume de
deixar ser tocado e de abraçar os fiéis, apesar dos riscos que isto
envolve.
O pontífice homenageará diante de seu túmulo, em Cartagena, o jesuíta
São Pedro Claver, uma das figuras mais carismáticas do Cristianismo no
século 17 e grande defensor dos escravos.
Estadão
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