quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Operação 'Alcmeon'

Polícia Federal apura compra e venda de votos de magistrados em capitais do Nordeste

O cumprimento do mandado de prisão contra o magistrado faz parte da Operação Alcmeón


Créditos: Reprodução / WEB
A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal no Rio Grande do Norte (MPF/RN) deflagraram hoje (30) uma operação cujo alvo é um grupo que articularia a compra e venda de votos de magistrados membros de um turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5).
A Operação Alcmeon cumpre mandados nas cidades de Natal, Mossoró (RN) e Recife.
Foram expedidos dois mandados de prisão preventiva, oito mandados de condução coercitiva e 13 mandados de busca e apreensão.
Ao todo, 70 policiais federais trabalham na operação, cujo nome vem de um personagem da mitologia grega que, segundo a Polícia Federal, está relacionado à traição e quebra de confiança.
O grupo alvo da operação seria formado por advogados e um ex-desembargador, que intermediariam a venda de votos em sentenças criminais para a libertação de presos, atenuantes de pena e liberação de bens apreendidos.
Em nota divulgada pela corporação, a PF cita o caso de um ex-prefeito que teve a pena reduzida de 28 anos de prisão para dois anos e oito meses.
Segundo os investigadores, os principais beneficiados seriam políticos e o grupo teria atuado no caso investigado pela Operação Pecado Capital, que apontou desvios de recursos do Instituto de Pesos e Medidas no Rio Grande do Norte.
Também há indícios de “exploração de prestígio” em processos relacionados à Operação Lava Jato.
O esquema foi desvendado a partir de um acordo de delação premiada de um empresário do Rio Grande do Norte.
Segundo a PF, o acusado relatou que em pelo menos duas ocasiões teria conseguido benefícios do grupo. Os envolvidos cobrariam cerca de R$ 350 mil pelo serviço.
Os alvos da Operação Alcmeon são acusados também de associação criminosa, confecção e uso de documentos falsificados e lavagem de dinheiro.
Mais detalhes serão divulgados em entrevista coletiva pela Polícia Federal (PF) no Rio Grande do Norte na manhã desta quarta-feira.
No Recife, foi cumprido um mandado de condução coercitiva – quando a pessoa é obrigada a comparecer à PF para prestar esclarecimentos – de um servidor público estadual de 58 anos, morador do bairro de Boa Viagem.
Ele foi indiciado pelo crime de corrupção ativa.
Depois de ser ouvido no início da manhã, na sede da PF em Pernambuco, ele foi liberado e responderá ao inquérito em liberdade.
O Tribunal Regional Federal da 5ª Região foi procurado para que pudesse se posicionar, mas até a publicação da reportagem não houve retorno.
O desembargador, que não teve o nome divulgado pelo MPF, agia com outro magistrado, já falecido. Eles teriam contado, segundo o MPF, com a intermediação de advogados e de um assessor, com repasses de valores "de forma oculta e dissimulada". As quantias eram repassadas tanto em espécie quanto por transferências bancárias envolvendo terceiros. O grupo cobraria em média R$ 350 mil pelo serviço, sempre de forma antecipada. Em determinado momento, um dos advogados ligado à organização criminosa teria retido os documentos de veículos de um dos delatores como forma de garantia do pagamento futuro da propina.
Segundo o MPF, as investigações estão sendo feitas por meio de um trabalho conjunto do MPF, PF e Receita Federal, de posse das informações fornecidas pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), além de colaborações premiadas, gravações ambientais, interceptações telefônicas, afastamento de sigilo de dados fiscais, bancários, telefônicos e telemáticos, além da obtenção de documentos e colheita de depoimentos.
O nome da operação faz referência a um personagem da mitologia grega e está relacionado à traição e quebra de confiança.
UOL

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