José Maranhão: o peso da idade avançada versus a leveza do querer - Por Heron Cid
Veterano senador se movimenta com passos de quem ainda quer preparar um salto |
Menos de José Targino Maranhão, pela segunda vez no Senado e três
vezes governador da Paraíba, um currículo de fazer inveja a qualquer
homem público.
Para Maranhão, ainda não é suficiente. No gozo de plena vitalidade e
saúde, o peemedebista encontrou mais uma motivação para manter acesa a
chama do fogo que aquece a sua alma.
O ex-governador se movimenta com o ar e o espírito de quem ainda não
concluiu o bom combate, nem guardou a carreira, como assinalado pelo
apóstolo Paulo, ao final de sua missão evangélica.
Não é a toa que, em plena noite de sexta-feira, trocou o conforto de
sua casa para um jantar pra lá de simbólico com o ex-governador José
Lacerda Neto e sua filha (vereadora) Raíssa Lacerda, que ensaia filiação
ao PMDB.
Nem é por acaso que passa a fazer a defesa do deputado Veneziano
Vital, punido pelo PMDB pelo voto favorável à denúncia contra o
presidente Michel Temer.
Nem muito menos quando se posiciona no centro, entre Luciano Cartaxo e
Ricardo Coutinho, se deixando ser cortejado pelos dois sem firmar
compromisso com nenhum deles.
E o que Maranhão quer com esses movimentos? Dizer a Luciano que está
insatisfeito com a fatia na Prefeitura de João Pessoa? Comunicar a
Ricardo que topa voltar às boas com o PSB, desde que seja o cabeça da
chapa? Ou mandar a mensagem ao PMDB e ao seu eleitor de sua disposição
de repetir a eleição passada e sair na terceira faixa? Ou tudo ao mesmo
tempo?
A idade avançada pesa para o senador. Não somente pelo esforço físico
alucinante de um pleito, mas pelo enfrentamento conceitual com
personagens mais jovens e em processo de ascensão no cenário de
renovação.
Nada que esmoreça o querer mais íntimo de Zé. É como se o desafio
eleitoral fosse o combustível que o faz sentir vivo. O sentido desse
prazer pessoal, talvez até psicológico, desequilibra essa balança, entre
riscos e apostas, em favor da leveza de “deixar sempre de lado a
certeza e arriscar tudo de novo com paixão”, tal cantou Belchior.
Com o olhar ávido por 2018, Maranhão se apega à conjuntura que o
levou ao êxito em 2014. Apesar de aparentemente nada ter a contabilizar
como perda, não pode, entretanto, esquecer do erro de 2012. Quando
também pouco tinha a perder.
MaisPB
Nenhum comentário:
Postar um comentário