Ministério Público da Paraíba obtém primeiro reconhecimento de paternidade com pai no exterior
O Ministério Público do Estado da Paraíba formalizou o
primeiro reconhecimento de paternidade com pai residente no exterior. O
trabalho foi feito no mês de julho deste ano pelo Núcleo Permanente de
Paternidade Nome Legal de Campina Grande (Nupar).
O caso foi encaminhado ao Nupar pelo Cartório de Registro Civil de
Campina Grande, que identificou a ausência do nome paterno no documento
de uma criança. A promotora de Justiça Rhomeik Porto instaurou
procedimento e ouviu a mãe da criança, que informou que o suposto pai
residia em Moçambique, na África. A partir de então, foi feito o contato
com o suposto pai, que confirmou a paternidade, restando apenas a
formalização do reconhecimento.
Conforme explicou a promotoria, o reconhecimento foi feito no
Ministério Público da Comarca do Rio de Janeiro, quando o suposto pai da
criança fez uma visita rápida ao Brasil. Em seguida, toda a
documentação foi remetida ao Nupar de Campina Grande.
De acordo com a promotora de Justiça Elaine Alencar, coordenadora do
Nupar-CG, todos os contatos mantidos com o suposto pai da criança se
deram com utilização de recursos tecnológicos, a exemplo de envio de
e-mails e comunicação através do aplicativo ‘Whatsapp’. “Graças à
postura inovadora adotada para solução da questão, após o primeiro
contato com o suposto pai, foi possível obter o reconhecimento, com
entrega da nova certidão de nascimento à mãe da criança, no curto prazo
de quatro meses. Ademais, o forte empenho da equipe do Nupar-CG e a
valiosa colaboração da Promotoria de Justiça do Rio de Janeiro/RJ foram
demasiadamente importantes para rápida e efetiva solução do caso. O caso
em referência, a exemplo de outros que já tramitaram no NUPAR-CG, cuja
solução se mostrava, a princípio, difícil e onerosa, foi solucionado com
rapidez e sem custos adicionais para Ministério Público”, destacou.
870 reconhecimentos voluntários em menos de dois anos
O Nupar foi instituído em 2015, através de ato do Procurador-Geral de
Justiça, depois do grande êxito obtido com o projeto ‘Nome Legal’,
implementado anos antes pelo Ministério Público paraibano para combater o
sub-registro de paternidade. O trabalho foi reconhecido inclusive pelo
Fundo das Nações Unidas pela Infância (Unicef). De outubro de 2015 a
junho 2017, o Núcleo proporcionou a realização de 870 reconhecimentos
voluntários de paternidade no estado da Paraíba. Foram 270 registros em
2015, 398 em 2016 e 202 até junho deste ano.
O trabalho do Nupar é viabilizado através de parcerias feitas com
cartórios de registro civil (para triagem dos casos e averbação gratuita
do nome do pai nas certidões de nascimento), Hemocentro e Secretaria de
Saúde do Estado (para a realização gratuita de exames de DNA) e escolas
públicas (que também triam e encaminham os alunos que têm registro de
nascimento incompletos ao Nupar).
A dinâmica do trabalho funciona através da realização de mutirões e
oitivas das genitoras e supostos pais, mediações para incentivar o
reconhecimento voluntário e sensibilizar o pai sobre a importância da
paternidade responsável no desenvolvimento da criança, homologações de
acordos e ajuizamento de ações de investigação de paternidade, quando
não há acordo. As consequentes retificações dos registros em caso de
reconhecimento e entrega das certidões de nascimento com as omissões
supridas são feitas de forma gratuita.
O Nupar possui duas coordenações, uma localizada em João Pessoa e
outra em Campina Grande e a atuação do núcleo se estende a todos os
municípios paraibanos, com o apoio de diversos promotores de Justiça. O
trabalho também é realizado em unidades prisionais, evitando que os
presos apontados como supostos pais das crianças atendidas pelo Núcleo
tenham que se deslocar às promotorias de Justiça para serem ouvidos.
MaisPB
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