Donald Trump está a um passo de declarar guerra comercial ao Brasil
Importações e exportações de etanol podem decretar uma nova disputa, na qual o Brasil leva vantagem
A retórica do America First (Primeiro os
Estados Unidos) do presidente norte-americano Donald Trump não está
favorecendo os produtores de etanol do país, que esperam evitar o início
de uma guerra comercial com os compradores do combustível no Brasil.
O governo dos Estados Unidos começou a
fazer barulho por conta do aumento das importações do biocombustível
brasileiro feito a partir da cana-de-açúcar. Isso fez com que o Brasil
apresentasse propostas de maior taxação sobre as importações do etanol
de milho produzido nos Estados Unidos.
Quem teria mais a perder com essa queda
de braço são os próprios produtores norte-americanos, que enviam ao país
sul-americano quatro vezes mais etanol do que recebem.
A disputa pode colocar frente a frente
os dois maiores produtores de etanol do mundo. Quanto mais acirrada fica
a rivalidade, os gestores de fundos comerciais sinalizam que o Brasil
será o vencedor, já que especuladores de mercado rebaixaram mais as
apostas de alta de milho na última semana do que as apostas na baixa do
açúcar.
“Os ventos do protecionismo estão
soprando em Washington”, afirma Joel Velasco, antigo representante da
Associação Brasileira de Cana de Açúcar (Unica) e atual diretor do Grupo
Albright Stonebridge, empresa de gestão estratégica de negócios, em
Washington. “A corrida pela barreira comercial pode rapidamente azedar
as relações entre os Estados Unidos e o Brasil”, completa.
Milho versus açúcar
O mercado de futuros para o açúcar
cresceu 8% desde o fim de junho, impulsionado pela perspectiva de
aumento do uso do etanol. O aumento do petróleo também incentivou a
Petrobras a aumentar os preços da gasolina, incentivando o fascínio pelo
etanol, combustível que compete diretamente nas bombas dos postos, uma
vez que a maioria dos carros são flex – além do que, recentemente, a
alta nos preços favorece o investimento em biocombustíveis.
Os especuladores reduziram suas apostas
de longo prazo no milho em 21% na Bolsa de Mercadorias e Futuros dos
Estados Unidos, na semana encerrada em 25 de julho – os dados são
divulgados três dias depois do fechamento. Em contrapartida, as posições
sobre o açúcar subiram 19%.
A escalada da tensão aconteceu durante o
mês passado, quando a Agência de Proteção ao Meio Ambiente nos Estados
Unidos propôs uma revisão das taxas de importação, e fez uma pesquisa
para obter comentários sobre o fato de o etanol brasileiro estar sendo
utilizado em para satisfazer uma parcela do uso de biocombustível no
país norte-americano.
O problema é que ambos os países têm um
longo relacionamento de comércio de etanol, com a demanda flutuando
conforme a variação do preço do açúcar e do milho no mercado.
Se por um lado o Brasil depende do envio
do produto norte-americano, o mercado interno brasileiro não é tão
dependente das exportações porque tem uma demanda doméstica alta, o que
faz a disputa comercial entre os países um problema a mais para os
produtores norte-americanos. Já os Estados Unidos possuem uma capacidade
de produção que excede a demanda doméstica.
FONTE: http://www.gazetadopovo.com.br
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