Ministério Público Federal denuncia procurador e advogado da JBS por corrupção
Rodrigo Janot afirmou que a prisão do procurador da República e do advogado, em 18 de maio, foi embasada em robusta documentação
Prisões foram autorizadas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot - (Foto: Divulgação) |
Ministério Público Federal (MPF) denunciou o
procurador da República Ângelo Goulart Villela, que trabalha na
Procuradoria Geral Eleitoral, e o advogado Willer Tomaz de Souza. Ambos
foram presos pela Polícia Federal (PF) em 18 de maio por suposto
envolvimento com a operação Greenfield – que apura fraudes em fundos
públicos de pensão e favorecimento a uma empresa de celulose controlada
pelo conglomerado J&F, que também abarca o frigorífico JBS.
As
prisões foram autorizadas pelo procurador-geral da República, Rodrigo
Janot. Villela foi preso em Brasília e alguns de seus equipamentos de
trabalho, como documentos e celular, foram apreendidos na sede do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Já Souza foi detido em um hotel em
São Luís, no Maranhão.
A denúncia foi feita ao Tribunal Regional
Federal (TRF3), que irá decidir se os dois viram réus ou não. Villela
foi denunciado por corrupção passiva, violação de sigilo funcional
qualificada e obstrução à investigação de organização criminosa; já o
advogado Souza foi acusado pelos crimes de corrupção ativa, violação de
sigilo e obstrução.
As defesas dos dois denunciados não foram localizadas.
Na
mensagem aos integrantes da Procuradoria Geral da República (PGR),
Rodrigo Janot afirmou que a prisão do procurador da República e do
advogado foi embasada em robusta documentação.
"Foi deflagrada
nesta quinta-feira, 18 de maio, mais uma fase do caso Lava Jato,
especificamente a partir de investigações que correm perante o Supremo
Tribunal Federal. O sucesso desta etapa, contudo, tem um gosto amargo
para a nossa Instituição", declarou.
Ainda segundo o
procurador-geral, Goulart Villela e Willer Tomaz são investigados "por
tentativa de interferir nas investigações da Operação Greenfield" e de
atrapalhar o processo de negociação do acordo de colaboração premiada do
empresário Joesley Batista, um dos do sócios da holding J&F, dona
do frigorífico JBS.
Janot destacou na nota que as prisões
preventivas do procurador e do advogado foram solicitadas por ele com o
objetivo de "interromper suas atividades ilícitas".
Diligências no TSE
Agentes
da polícia federal cumpriram mandados na sede do TSE, em Brasília, no
dia das prisões. Em nota, a assessoria do tribunal eleitoral informou
que a busca na Corte se limitou à estação de trabalho do procurador
Ângelo Goulart Villela.
Ainda de acordo com o tribunal, as
diligências da PF não tiveram qualquer relação com a Justiça eleitoral
ou com processos em trâmite na Corte.
Conforme a assessoria do
TSE, foram apreendidos um HD externo, um celular, documentos e mídias,
material pertencente ao Ministério Público Federal. A Polícia Federal
chegou à sala da PGE por volta das 6h e deixou o local às 8h, informou a
assessoria.
Associação do Ministério Público
A Associação
Nacional dos Procuradores da República (ANPR) afirmou, por meio de nota,
que Ângelo Goulart Villela integra a diretoria da entidade, que é a
mais importante organização de membros do Ministério Público.
No
comunicado, o presidente da ANPR, José Robalinho Cavalcanti, disse que a
prisão do procuradora da República demonstra que a investigação do MPF
“é impessoal e respeitadora do estado de direito”.
“As apurações têm de prosseguir sempre, independentemente dos envolvidos”, escreveu o dirigente da ANPR.
Segundo a página do tribunal na internet, Villela é "membro auxiliar" na Procuradoria-Geral Eleitoral.
Pelo
regimento, o procurador auxiliar é "aquele que, em razão da necessidade
de serviço, poderá ser designado pelo procurador-geral Eleitoral,
dentre os membros do Ministério Público Federal, para oficiar perante os
tribunais regionais eleitorais". Apesar disso, Villela tem lotação na
Procuradoria da República em Osasco (SP).
ClickPB
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