General admite intervenção militar se houver clamor das ruas: o povo pode pedir o fechamento do Congresso!
Ex-chefe do Estado Maior do Ministério da Defesa e já aposentado, militar diz que “as Forças Armadas poderão ser chamadas a intervir, inclusive em defesa do Estado e das instituições” |
O general da reserva Rômulo Bini
Pereira, ex-chefe do Estado Maior do ministério da Defesa, admitiu a
intervenção militar como saída para a crise política que envolve os três
Poderes da Republica. Em artigo publicado nesta quinta-feira (15) no
jornal O Estado de S. Paulo (leia íntegra abaixo), o militar
escreve: “Se o clamor popular alcançar relevância, as Forças Armadas
poderão ser chamadas a intervir, inclusive em defesa do Estado e das
instituições”.
Um dos mais influentes militares das gerações que atuaram durante a ditadura militar, o general faz uma análise da situação política brasileira, critica o Congresso Nacional e até o governo. Segundo ele, a elite política empurra o Brasil para o brejo. Sob o título de “Alertar é Preciso 2”, o artigo do general diz que as Forças Armadas serão a “última trincheira defensiva desta temível e indesejável ida para o brejo”. E conclui: “Não é apologia ou invencionice. Por isso, repito: alertar é preciso”.
Um dos mais influentes militares das gerações que atuaram durante a ditadura militar, o general faz uma análise da situação política brasileira, critica o Congresso Nacional e até o governo. Segundo ele, a elite política empurra o Brasil para o brejo. Sob o título de “Alertar é Preciso 2”, o artigo do general diz que as Forças Armadas serão a “última trincheira defensiva desta temível e indesejável ida para o brejo”. E conclui: “Não é apologia ou invencionice. Por isso, repito: alertar é preciso”.
No longo artigo, o general faz uma
análise da situação política no Brasil e no Mundo. Critica o Congresso
por ter acrescentado punições ao Judiciário entra as medidas de combate à
corrupção propostas pelo Ministério Público. Sem citar o nome, lembra
que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), é réu por
peculato e afrontou uma decisão de um ministro do Supremo que determinou
seu afastamento do cargo, por estar na linha sucessória presidencial.
Também citou “um grande número de parlamentares envolvidos em processos
judiciais”.
Sobre o Judiciário, o general diz que a
sociedade ainda confia nos juízes de primeira instância, mas coloca em
dúvida a atuação dos tribunais superiores. “Nas instâncias superiores o
quadro é diferente”, escreveu. Aproveitou para criticar o foro
privilegiado, direito das autoridades de serem julgadas exclusivamente
pelo STF – o que, segundo ele, acarreta sobrecarga e morosidade nos
processos julgados pelo Supremo. Diz que o Judiciário está contaminado
pela política partidária.
General Bini considera ainda que o país
enfrenta uma “desgraça sem precedentes” e tenta profetizar: “É nesse
cenário de ‘desgraças’ que as instituições maiores e seus integrantes
deverão ter a noção, a consciência e a sensibilidade de que o país
poderá ingressar numa situação de ingovernabilidade, que não atenderá
mais aos anseios e às expectativas da sociedade, tornando inexequível o
regime democrático vigente”. E insinua: “É um caso, portanto, a se
pensar”.
Reincidente
Esse não é o primeiro artigo do general Bini fazendo análise política e propostas de solução. Em novembro de 2015, ele escreveu outro texto
e o veiculou no mesmo jornal, com o mesmo título, em que fazia uma
análise também catastrófica da situação política daquele momento.
No texto do ano passado, o militar
lembra que um colega general, em documento interno, alertou para o
agravamento da crise institucional, que poderia conduzir o país a uma
“caótica conjuntura”. “Nesse casão, as Forças Armadas teriam de ser
empenhadas e, por isso, deveriam estar adestradas”, escreveu.
O general Bini está na reserva e não tem
qualquer comando de tropa. Seu artigo representa o que pensa uma
minoria mais barulhenta de oficiais das Forças Armadas, formada por
generais e coronéis saudosistas que viveram a ditadura militar
(1964-1985).
Fontes das Forças Armadas garantem que o
discurso político do general não tem eco na caserna atual, formada por
gente profissionalizada, de outra geração. O ministro da Defesa, Raul
Jungmann, leu o artigo do general logo cedo, mas nada comentou. Há uma
semana o comandante do Exército, general Eduartdo Vilas Boas, chamou de
“tresloucados” e “malucos” quem pede intervenção militar para resolver a
crise.
Leia a íntegra do artigo veiculado nesta quinta-feira (15):
“Alertar é preciso 2
Rômulo Bini Pereira (General da Reserva)
Rômulo Bini Pereira (General da Reserva)
A renomada escritora e jornalista
Cora Rónai, em lúcido artigo, fez um alerta: ‘(…) um país vai para o
brejo aos poucos construindo uma desgraça ponto por ponto (…)’.
Felizes palavras em face do momento crítico pelo qual passa a Nação
brasileira. Em cima de um conhecido ditado popular, ao citar o termo
brejo, fez uma sutil alusão a indicar para onde caminha o Brasil.
A inesperada e incorreta invasão
promovida recentemente na Câmara dos Deputados por um grupo de
manifestantes é uma dessas ‘desgraças’. Membros do governo,
lideranças políticas e a imprensa expressaram seu desacordo e sua
indignação quanto à invasão e enquadraram o grupo de manifestantes como
representantes da ‘direita’ e, até para alguns, da ‘extrema direita’.
Esse enquadramento teve como origem a utilização de palavras de ordem
que exigiam intervenção militar. O ministro da Defesa declarou que os
militares não aprovaram o ato e permanecem em observância dos preceitos
constitucionais, atitude que as Forças Armadas vêm adotando desde 1985.
A invasão suscita, entretanto,
algumas considerações em razão do cenário político não só do País como
do mundo. Os adeptos da adoção de uma intervenção militar vêm crescendo
visivelmente. Não se tem conhecimento se são adeptos de uma ação direta manu militari
ou de um apoio total e participativo num novo governo não eleito pelo
voto popular. São cidadãos de meia-idade que conviveram com o regime
militar e consideram o período de proveito para a sociedade brasileira.
Por terem a mesma visão, a eles se juntam jovens revoltados e sem
esperanças de melhoras na crise que o País vive. Já não se intimidam com
o patrulhamento e com o ‘politicamente correto’ tão apregoado
no Brasil. Alegam que as Forças Armadas cultuam princípios e valores que
não veem em outras instituições e que elas seriam a única solução para a
crise atual.
No cenário mundial, dois fatos
políticos recentes suscitam também observações válidas: as eleições
presidenciais nos Estados Unidos e o plebiscito que definiu a saída do
Reino Unido da União Europeia (Brexit). As análises feitas por
institutos de pesquisa mostram que a principal causa dos surpreendentes
resultados é creditada aos governos centrais e suas instituições, que se
afastaram das opiniões e dos interesses de suas respectivas populações.
Acrescentam que houve uma verdadeira desaprovação, por parte dos
eleitores, dos defensores do ‘politicamente correto’, isto é,
votaram contra opiniões e pareceres dos intelectuais, de segmentos do
mundo artístico e cultural e, ainda, da mídia em geral. Todos davam como
certa a vitória das propostas derrotadas. Uma discordância dos que se
arvoram a ditar e impor propostas e ações afastadas da realidade de seus
povos.
Em 8 de novembro de 2015, este
jornal publicou artigo intitulado Alertar é preciso, no qual questionei
se as instituições maiores estavam consolidadas e funcionando
corretamente. Passado um ano, reafirmo o meu questionamento com uma
agravante. O segundo artigo da Constituição está em vigor ou é um
princípio fundamental inócuo?
No Legislativo, sabemos agora que a
Câmara dos Deputados não é um cartório, e sim que três centenas de
deputados fizeram ‘’“emendas à meia-noite” a desvirtuar as medidas
anticorrupção propostas pelo povo brasileiro. O presidente do Senado,
considerado réu pelo STF por acusação de peculato, confrontou e
desobedeceu a uma decisão monocrática de juiz da Suprema Corte, fato que
fere qualquer sistema dito democrático. E para agravamento do quadro
político, é grande o número de parlamentares envolvidos em processos
judiciais. Uma ‘desgraça’ sem precedentes.
No Judiciário os brasileiros ainda
depositam esperança, graças ao corajoso desempenho dos juízes de
primeira instância. Nas instâncias superiores o quadro é diferente. O
esdrúxulo direito de foro privilegiado acarreta uma sobrecarga de
processos no STF, o que lhe dá uma pauta extensa e criticada e
indesejável morosidade. Com a transmissão de suas sessões pela TV,
constata-se que são graves as divergências pessoais entre alguns de seus
membros. E a presença da política partidária faz-se notar. A divulgação
de altos salários no Judiciário – ditos legais, mas imorais –, o
‘fatiamento’ de artigo da Constituição aprovado pelo
ex-presidente da Corte no processo de impeachment e o desgastante e
inédito processo envolvendo o presidente do Senado afetaram a imagem e a
credibilidade da instituição.
No Executivo, a situação econômica
indefinida, o possível envolvimento da equipe governamental em atos de
corrupção, o desgastante processo das tratativas parlamentares para a
aprovação de propostas úteis para o País e uma oposição agressiva são
aspectos que, gradativamente, fragilizam e deixam acuado o governo. Já
se fala em novas eleições e até mesmo em deposição. A atual oposição
esqueceu-se de que foi a única responsável pela calamidade que tomou
conta do País. Governou durante 13 anos, deixou-o na bancarrota e
instituiu uma imoralidade sistêmica. Está em pleno processo de
“vitimização” e já defende, histericamente, as manifestações radicais de
rua com ações e depredações. É o mesmo modus operandi de passado
recente.
É nesse cenário de ‘desgraças’
que as instituições maiores e seus integrantes deverão ter a noção, a
consciência e a sensibilidade de que o País poderá ingressar numa
situação de ingovernabilidade, que não atenderá mais aos anseios e às
expectativas da sociedade, tornando inexequível o regime democrático
vigente. O aludido brejo é significativo. É um caso, portanto, a se
pensar.
Desse modo, se o clamor popular
alcançar relevância, as Forças Armadas poderão ser chamadas a intervir,
inclusive em defesa do Estado e das instituições. Elas serão a última
trincheira defensiva desta temível e indesejável ‘ida para o brejo’. Não é apologia ou invencionice. Por isso, repito: alertar é preciso.
* General de exército,foi chefe do Estado-Maior do Ministério da Defesa”
Fonte: Jornal do País com congressoemfoco.uol.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário