Roberto Gonçalves, ex-gerente da Petrobras, é preso na 39ª fase da Operação Lava Jato
Roberto Gonçalves já vinha sendo investigado pela Lava Jato após depoimentos prestados por investigados que firmaram acordos de colaboração premiada com o MPF
Roberto Gonçalves chegou a ser interrogado em novembro, quando teve sua prisão prorrogada pelo juiz Sérgio Moro - (Foto: Reprodução/Paulo Lisboa/Estadão Conteúdo) |
O ex-gerente executivo da Petrobras Roberto Gonçalves
foi preso na manhã de hoje (28) em Boa Vista, durante a 39ª fase da
Operação Lava Jato. Inicialmente, a Polícia Federal havia informado que o
mandado de prisão preventiva seria cumprido no Rio de Janeiro, já que a
informação de que o investigado estava no estado de Roraima chegou de
última hora. A previsão é que ele seja levado a Curitiba até as
primeiras horas de amanhã (29).
Roberto Gonçalves sucedeu Pedro Barusco como gerente executivo da
Área de Engenharia e Serviços da Petrobras no período entre março de
2011 e maio de 2012. No Brasil, ele já vinha sendo investigado pela Lava
Jato após depoimentos prestados por investigados que firmaram acordos
de colaboração premiada com o Ministério Público Federal.
Batizada de Operação Paralelo, a 39ª fase foi deflagrada pela Polícia
Federal a pedido do Ministério Público Federal no Paraná. Além do
mandado de prisão preventiva, foram expedidos cinco mandados de busca e
apreensão no Rio de Janeiro. Segundo a corporação, todos já foram
cumpridos. Os alvos, nesse caso, são pessoas físicas e jurídicas ligadas
à corretora Advalor Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários
Ltda.
De acordo com a Procuradoria da República no Paraná, o dirigente da
UTC Engenharia Ricardo Pessoa e o operador financeiro e intermediário
entre os executivos e agentes públicos Mário Goes admitiram o pagamento
de propinas a Roberto Gonçalves. Os colaboradores comprovaram
documentalmente quatro depósitos de US$ 300 mil feitos no exterior, a
partir de conta em nome da offshore Mayana Trading, mantida por Mário
Goes.
“Além disso, apuração interna da Petrobras imputou ao ex-gerente
executivo parte das irregularidades encontradas nas licitações e
contratos do Comperj [Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro], como a
contratação direta em 2011 do Consórcio TUC, formado, dentre outros,
pela Odebrecht e pela UTC Engenharia. Paralelamente, autoridades suíças
que investigam desdobramentos do caso Lava Jato transferiram ao Brasil
investigações por crimes de lavagem de dinheiro relacionadas a Roberto
Gonçalves, com base em acordos de cooperação internacional”, informou a
procuradoria, por meio de nota.
Ainda segundo o comunicado, durante a apuração dos fatos, foram
identificadas cinco contas bancárias – uma delas registrada em nome da
offshore Fairbridge Finance SA, que tem Roberto Gonçalves como
beneficiário final, recebeu, somente em 2011, cerca de US$ 3 milhões de
offshores ligadas ao Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht.
Outra conta, registrada em nome da offshore Silverhill Group
Investment Inc. e que também tem Gonçalves como beneficiário final,
recebeu, no ano de 2014, mais de US$ 1 milhão provenientes da conta da
offshore Drenos Corporation, vinculada a Renato Duque.
“Esta conta do ex-diretor da Petrobras foi abastecida por valores
oriundos da conta em nome da offshore Opdale Industries, que tem por
benefíciário final Guilherme Esteves de Jesus, acusado na ação penal
5050568-73.2016.4.04.7000 de ter intermediado propinas em contratos da
Petrobras para o Estaleiro Jurong”, acrescentou a procuradoria.
Ainda de acordo com documentos encaminhados pela Suíça, Roberto
Gonçalves transferiu, em abril de 2014, parte do saldo da conta
Fairbridge Finance S/A para contas na China e nas Bahamas. “Essa conduta
demonstra, além da reiteração de crimes de lavagem de dinheiro, o
propósito de impedir o bloqueio dos ativos criminosos e frustrar a
aplicação da lei penal. Apesar da tentativa de esconder o patrimônio,
ainda foi possível o sequestro de mais de US$ 4 milhões de conta ligada a
Roberto Gonçalves”, concluiu a nota.
ClickPB
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