PT desiste de adiantar anúncio de pré-candidatura do ex-presidente Lula
Partido pretende fortalecer agenda pública do ex-presidente antes de formalizar disputa pelas eleições de 2018
© Nacho Doce / Reuters
Alertados por advogados sobre a possibilidade de a Justiça
Eleitoral impedir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de disputar a
Presidência da República, em 2018, o PT e o staff do ex-presidente
desistiram da estratégia de antecipar o lançamento da candidatura de
Lula para este ano.
O plano agora é priorizar grandes agendas públicas para Lula. A
próxima deve ser a cerimônias de entrega da Medalha da Inconfidência, em
Ouro Preto (MG), no dia 21 de abril, onde o petista deve ser o
principal orador a convite do governador Fernando Pimentel (PT).
Em dezembro do ano passado, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo
que "a melhor maneira de tentar barrar essa interdição é colocar
publicamente para a população a pré-candidatura. Aí não será mais um
eventual pretendente".
A ideia era aproveitar o 6.º Congresso Nacional do PT, marcado para
os dias 3 e 4 de junho, em Brasília, para fazer um lançamento informal
da pré-candidatura de Lula à Presidência. O objetivo seria blindar o
ex-presidente das possibilidades de interdição judicial de sua
candidatura. Lula é réu em cinco processos, sendo dois na Lava Jato, em
Curitiba, e um na mesma operação em Brasília. Se for condenado em
primeira e segunda instâncias, ele pode ser enquadrado na Lei da Ficha
Limpa.
Na sexta-feira, depois de participar do seminário O que a Lava Jato
tem feito pelo Brasil, Falcão mudou de discurso, disse que não há
necessidade de antecipar o calendário eleitoral - que prevê convenções
partidárias em junho do ano que vem - e que a precipitação poderia ser
entendida pela Justiça Eleitoral como campanha antecipada, aumentando a
possibilidade de passivos judiciais do petista.
Questionado sobre a mudança de estratégia, Falcão respondeu: "Desde quando mudar de ideia é crime?".
Assimilação
Internamente, petistas avaliam, com base nas pesquisas de opinião que
mostram Lula liderando a corrida por 2018, que a população já assimilou
a ideia de que ele será candidato pela sexta vez. A antecipação,
portanto, seria inócua e traria mais riscos do que benefícios.
A ordem é preparar grandes agendas populares para Lula em todo o
Brasil. O ex-presidente avaliou como muito positivas suas participações
tanto no protesto contra a reforma da Previdência que reuniu dezenas de
milhares de pessoas na Avenida Paulista no dia 15, quanto na
"inauguração popular" da transposição das águas do rio São Francisco em
Monteiro (PB), no dia 19. Ambos tiveram tom francamente eleitoral.
No seminário de sexta-feira, em São Paulo, Lula pediu a líderes
petistas que preparem sugestões de agendas semelhantes em todo o País.
A próxima deve ser a entrega da Medalha da Inconfidência, a mais
tradicional comenda conferida pelo governo de Minas Gerais, Estado que
desequilibrou a favor do PT as últimas quatro eleições presidenciais.
Como Lula já recebeu a ordem máxima, o grande colar da Inconfidência,
em 2003, das mãos do então governador Aécio Neves (PSDB), o petista
deve ser convidado a ser o orador principal. O governo Pimentel não
confirma mas fontes do Palácio da Liberdade dão o convite a Lula como
certo.
Notícias ao Minuto com informações do jornal O Estado de S. Paulo
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