Odebrecht bancou treinamento empresarial para filho caçula de Lula
Publicado por:
Amara Alcântara
Um dos favores feitos pela Odebrecht
para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi pagar um orientador
de carreira para ajudar seu filho Luís Cláudio a colocar de pé a empresa
Touchdown Promoções e Eventos Esportivos, que organizava um campeonato
de futebol americano.
A informação consta da delação premiada da empresa, que ainda está sob sigilo.
Segundo a Folha apurou, foi o
próprio Lula quem pediu para que a empresa bancasse o “coaching”, cujo
objetivo era ensinar a Luís Cláudio, 31, técnicas de gestão.
Procurado, o Instituto Lula disse que não comentaria.
Caçula de Lula e Marisa, ele promoveu
entre 2012 e 2015 o Torneio Touchdown, que reunia cerca de 20 equipes de
futebol americano.
A informação sobre a contratação do
orientador foi dada pelo ex-diretor de Relações Institucionais da
Odebrecht Alexandrino Alencar, pessoa na empresa que era a principal
responsável por atender demandas ligadas ao petista.
A empreiteira contratou um profissional de fora de seus quadros e o pagou.
Alexandrino relata o caso como um dos
diversos serviços que a Odebrecht prestou ao ex-presidente. No pacote
elencado pelo ex-executivo também estão detalhes da reforma da sítio de
Atibaia frequentado pela família Lula.
Além disso, outros favores da empresa ao
petista são a construção do estádio do Corinthians –descrita como um
“presente” para o ex-presidente– e a compra de um terreno para ser a
nova sede do Instituto Lula.
A informação referente à contratação do
orientador de carreiras para Luís Cláudio foi decisiva para que
Alexandrino conseguisse fechar seu acordo com os procuradores da Lava
Jato.
Na primeira entrevista que teve com
representantes da PGR (Procuradoria-Geral da República) e da
força-tarefa de Curitiba, a sua colaboração havia sido recusada.
A avaliação dos investigadores no
primeiro encontro era de que Alexandrino estava poupando o petista e
escondendo informações para protegê-lo. Pressionado, ele trouxe novos
relatos.
O depoimento do ex-executivo foi realizado em novembro em Campinas (SP) e durou mais de dez horas.
CARREIRA
Formado em educação física, Luís Cláudio
trabalhou como auxiliar de treinamento nos grandes clubes paulistas:
Palmeiras, São Paulo, Santos e Corinthians.
Entre as funções que exercia estava
colocar nos gramados pequenos cones que balizam os exercícios dos
jogadores. Foi ajudante do técnico Vanderlei Luxemburgo.
Em 2011, abandonou os gramados e fundou a
LFT Marketing Esportivo, tendo como primeiro cliente o Corinthians, na
época presidido por Andrés Sanchez, hoje deputado federal pelo PT.
O filho do ex-presidente Lula recebeu
cerca de R$ 500 mil entre 2011 e 2013 sem ter desempenhado função no
clube, segundo relatos de funcionários do time, entre eles o então o
diretor de marketing, Luis Paulo Rosenberg.
Apesar de amadores, os torneios de
futebol americano da empresa do filho do ex-presidente tinham grandes
empresas como patrocinadoras, entre elas TNT, Budweiser, Tigre, Sustenta
Energia (grupo JHSF), Qualicorp, GOL e Caoa Hyundai.
ZELOTES
O nome de Luís Cláudio já havia sido
citado na Operação Zelotes. A Caoa é investigada por ter contratado o
escritório de lobby Marcondes & Mautoni para obter extensão da
desoneração fiscal por meio de medida provisória. A Caoa nega a
acusação.
Na época, o escritório contratou a LFT,
de Luís Cláudio, por R$ 2,5 milhões para uma consultoria na área de
marketing esportivo. O estudo feito pela LFT era um compêndio de
informações tiradas de sites, o que levou à suspeita de que o pagamento
ao filho de Lula seria uma forma de comprar influência junto ao governo.
Luís Cláudio nega e diz que a consultoria foi realizada.
Em 2016, o campeonato Touchdown deixou
de ser realizado. Depois que Luís Cláudio foi alvo da Zelotes, em
outubro de 2015, o torneio perdeu patrocinadores e os times decidiram
atuar em outra liga.
OUTRO LADO
Questionado sobre se houve a contratação
de um orientador profissional pago pela Odebrecht para dar assistência a
Luís Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula, o Instituto
Lula disse, em nota, que a reportagem da Folha se baseia “em
suposta delação para obtenção de benefícios judiciais que deveria estar
sob sigilo, sem apresentar transcrição, documento, contexto, época do
ocorrido ou qualquer informação básica que permita até compreender o que
está sendo perguntado pela reportagem”.
Disse ainda que não comentará “supostas
informações incompletas baseadas em supostos documentos fora de contexto
que estariam sob sigilo judicial”.
O advogado de Luís Cláudio não respondeu os questionamentos da reportagem.
A Odebrecht afirmou que não se manifesta
sobre depoimentos das pessoas físicas. “A empresa reafirma que segue
cooperando com as autoridades e tem avançado na adoção de medidas para
aprimorar seu sistema de conformidade.” Diz que todos os integrantes
devem “combater e não tolerar a corrupção em quaisquer de suas formas”.
o Redentor
Fonte: Folha
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