Polícia Federal indicia Silas Malafaia por lavagem de dinheiro na Operação Timóteo
lícia Federal indiciou o pastor Silas Malafaia por lavagem de dinheiro no inquérito da Operação Timóteo,
que apura um suposto esquema de corrupção nas cobranças de royalties da
exploração mineral. De acordo com a PF, ele recebeu um cheque de R$ 100
mil de um dos escritórios investigados e depositou em uma conta
pessoal.
O indiciamento ocorreu em 16 de dezembro, no dia em que foi alvo de condução coercitiva (quando a pessoa é levada a depor). Ao G1,
o pastor afirmou que o assunto é “velho”. Ele voltou a defender que o
repasse foi uma doação, direcionada à igreja dele e a uma associação
religiosa. Malafaia disse ainda que declarou o dinheiro e pagou os
devidos impostos.
“O
que eu faço com ofertas que recebo pessoais? Depositei na minha conta.
Declarei e paguei os tributos. Se [o dinheiro] tivesse entrado e eu
sacado, podiam desconfiar. Agora, não me deem atestado de burrice. Se eu
fosse corrupto, eu não ia depositar na minha conta.”
Ele
também adiantou de que forma iria se defender à Justiça. “Minha defesa
vai ser mostrar minha declaração do imposto de renda. Não sou obrigado,
mas estou abrindo meu sigilo fiscal, apresentando o extrato da conta
bancária. Tenho certeza que o juiz vai me tirar disso. Agora, o delegado
fez questão de me atingir nisso.”
À
época da operação, a PF declarou que havia “indícios robustos” de que o
pastor e os demais investigados se associaram ao esquema, “praticando
uma série de delitos contra a administração pública, especialmente
lavagem de dinheiro”.
Na
prática, o indiciamento significa que o delegado responsável pelo caso
vê indícios concretos de que o investigado cometeu determinado crime. Ao
ser formalizado, com base nas evidências colhidas durante a apuração, o
indiciamento é enviado pela PF ao Ministério Público.
Uma
vez nas mãos do MP, o relatório da PF é analisado pelos procuradores
que, caso considerem haver provas suficientes contra o indiciado, são os
responsáveis por apresentar denúncia à Justiça.
Relembre
A
operação ocorreu em 11 estados e no DF. Ela foi batizada de Timóteo em
referência a um dos livros da Bíblia. A organização criminosa, de acordo
com a PF, agia junto a prefeituras para obter parte dos 65% da chamada
Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM)
repassada aos municípios. Em 2015, o CFEM acumulou quase R$ 1,6 bilhão.
Ainda
conforme os investigadores, munidos das informações, os suspeitos
entravam em contato com municípios que tinham créditos do CFEM junto a
empresas de exploração mineral para oferecer seus serviços.
Quando
foi alvo de condução coercitiva, Malafaia rechaçou a operação. “Nesta
manhã fui acordado, por um telefonema que a Polícia Federal esteve na
minha casa. Estou em São Paulo e vou me apresentar. Recebi uma oferta de
cem mil reais, de um membro da igreja do meu amigo pastor Michael Abud,
não sei e não conheço o que ele faz. Tanto é que o cheque foi
depositado em conta. Por causa disso sou ladrão? Sou corrupto? Recebo
ofertas de inúmeras pessoas”, afirmou Malafaia.
“Declaro
no imposto de renda tudo o que recebo. Quer dizer que se alguém for
bandido e me der uma oferta, sem eu saber a origem, sou bandido? Será
que a justiça não tem bom senso? Pra saber que eu recebi um cheque de
uma pessoa; e isso me torna participante de crime? Estou indignado”,
complementou o pastor.
O esquema criminoso, segundo a Polícia Federal
As investigações da Operação Timóteo apontam que a suposta organização criminosa era dividida em, pelo menos, quatro grandes núcleos:
As investigações da Operação Timóteo apontam que a suposta organização criminosa era dividida em, pelo menos, quatro grandes núcleos:
– o núcleo captador,
formado por um diretor do DNPM e pela mulher dele, que, segundo a PF,
prospectavam prefeitos interessados em ingressar no esquema;
– o núcleo operacional,
composto por escritórios de advocacia e uma empresa de consultoria
registrada no nome da esposa do diretor do DNPM, que comandava o esquema
de corrupção. Esse núcleo, afirma a PF, repassava valores indevidos a
agentes públicos;
– o núcleo político, formado por políticos e servidores públicos responsáveis pela contratação dos escritórios de advocacia integrantes do esquema;
– o núcleo colaborador,
que, conforme os policiais, era responsável por auxiliar na ocultação e
dissimulação do dinheiro desviado. Entre os integrantes desse núcleo,
diz a PF, está Malafaia, que recebeu dinheiro do principal escritório de
advocacia responsável pelo esquema. A PF apura se ele emprestou contas
bancárias da instituição que ele comanda para ocultar a origem
supostamente ilícita do dinheiro.
G1
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