Michel Temer busca Gilmar Mendes para se aproximar da ministra Cármen Lúcia
Publicado por:
Carlos Rocha
Diante da tentativa da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF),
Cármen Lúcia, de obter protagonismo em temas de relevância nacional, o
presidente Michel Temer tem aproveitado a interlocução com o ministro da
Corte e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes,
para tentar se aproximar dela.
Segundo interlocutores de Temer, o peemedebista considera a
presidente do Supremo “indecifrável” e recorre a Gilmar em busca de um
elo entre Executivo e Judiciário. Desde que assumiu a presidência do
STF, Cármen ajudou a costurar uma solução para o impasse após o
afastamento de Renan Calheiros (PMDB) da presidência do Senado e tenta
assumir destaque na mediação das crises do sistema carcerário e a
financeira dos Estados.
Neste último ponto, a ministra irritou o Planalto. Em meio a uma
negociação entre o Estado do Rio de Janeiro e a União, Cármen concedeu
duas liminares favoráveis ao governo fluminense que evitaram bloqueios
de contas. O Rio ficou com uma carta na manga nas tratativas com o
governo federal. Até aliados de Cármen dentro do Tribunal consideraram a
decisão equivocada, e os despachos desagradaram a Temer e à equipe
econômica, que buscaram a presidente do Supremo para explicar a
situação. A avaliação do Planalto é de que a decisão poderia gerar um
efeito cascata.
Cármen e Temer marcaram uma reunião, que ocorreu no sábado, dia 7, na
residência da ministra. Em sinal de deferência, Temer se deslocou do
Palácio do Jaburu até o Lago Sul. Depois do encontro, ela suspendeu a
tramitação das ações sobre o Rio e deve homologar o acordo, que voltou a
ser feito, entre União e Estado.
A boa relação entre Cármen e Temer, porém, é a versão oficialmente
propagada por assessores do Planalto e do Supremo. Internamente, Cármen é
criticada por tomar a dianteira de problemas sem entregar soluções
concretas. Um ministro do STF ouvido pela reportagem considera, por
exemplo, que ela já poderia ter entregue uma medida efetiva para o
sistema carcerário – e não apenas ter feito visitas a penitenciárias.
Servidores que já trabalharam com a ministra avaliam que ela
centraliza a resolução dos problemas. Por isso teria demorado quatro
meses para nomear uma juíza para a diretoria do Departamento de
Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário, considerada uma de
suas prioridades.
Um ministro afirmou, reservadamente, que Cármen Lúcia, ao centralizar
as decisões, agiria como a presidente cassada Dilma Rousseff, uma vez
que protela suas ações e soluções
Créditos: Estadão Conteúdo
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