O
novo presidente da República, Michel Temer, fez na noite desta
quarta-feira (31) seu primeiro pronunciamento em cadeia nacional de
rádio e TV como chefe efetivo do Executivo federal. Na fala de cinco
minutos, veículada às 20h, o peemedebista afirmou que o governo não terá
como garantir o pagamento da aposentadoria sem uma reforma na
Previdência Social e defendeu mudanças nas regras trabalhistas.
Temer
gravou o pronunciamento no Palácio do Jaburu – residência oficial da
Vice-Presidência – antes mesmo de ser empossado na Presidência da
República na tarde desta quarta em uma cerimônia rápida no plenário do
Senado. Três horas antes, os senadores haviam decidido afastar
definitivamente Dilma Rousseff do comando do Palácio do Planalto.
Nos
três meses em que presidiu o país interinamente, Temer determinou a
elaboração de um projeto de reforma da Previdência Social com o
argumento de que é preciso equilibrar as contas previdenciárias.
Alvo
de críticas da oposição, a proposta está sendo negociada com centrais
sindicais alinhadas com a gestão do peemedebista, como a Força Sindical.
Não há previsão de quando o texto será encaminhado para análise do
Congresso.
“Para garantir o pagamento das aposentadorias, teremos
que reformar a Previdência. Sem reforma, em poucos anos o governo não
terá como pagar os aposentados”, ressaltou Temer na TV.
“Nosso
objetivo é garantir um sistema de aposentadorias pagas em dia, sem
calotes e sem truques. Um sistema que proteja os idosos, sem punir os
mais jovens”, complementou.
Reforma trabalhista
Temer também aproveitou seu primeiro pronunciamento como presidente
efetivo para dizer que será preciso “modernizar” a legislação
trabalhista para, segundo ele, garantir os atuais empregos e gerar
novos.
Uma proposta de reforma das leis trabalhistas está em
discussão no governo e o Executivo pretende enviar, ainda neste ano, o
projeto ao parlamento.
“O Estado brasileiro precisa ser ágil.
Precisa apoiar o trabalhador, o empreendedor e o produtor rural. Temos
de adotar medidas que melhorem a qualidade dos serviços públicos e
agilizem sua estrutura”, declarou.
Pouco antes dessa fala, Temer
já havia dito que o caminho que o país terá pela frente “é desafiador”,
mas “conforta” saber “que o pior já passou”.
“Indicadores da
economia sinalizam o resgate da confiança no país. Nossa missão é
mostrar a empresários e investidores de todo o mundo nossa disposição
para proporcionar bons negócios que vão trazer empregos ao Brasil. Temos
que garantir aos investidores estabilidade politica e segurança
jurídica”, disse o presidente da República.
‘Incerteza chegou ao fim’
Michel Temer iniciou o pronunciamento afirmando que assumia a
Presidência após decisão “democrática e transparente” do Congresso,
referindo-se ao impeachment de Dilma. Segundo ele, o momento é de
“esperança e de retomada da confiança no Brasil”.
O novo
presidente disse ainda que a “incerteza chegou ao fim” e que é hora de
unir o país e colocar os interesses nacionais acima dos “interesses
grupos”.
“Tenho consciência do tamanho e do peso da
responsabilidade que carrego nos ombros. E digo isso porque recebemos o
país mergulhado em uma grave crise econômica”, afirmou Temer no
pronunciamento, acrescentando que há no país cerca de 12 milhões de
desempregados e que as contas públicas deverão registar um rombo em 2016
estimado em R$ 170 bilhões.
Ao se dirigir à nação, o peemedebista
disse que seu “compromisso” é o de “resgatar a força da nossa economia e
recolocar o Brasil nos trilhos”. Conforme o pronunciamento, o governo
terá, sob seu comando, três “alicerces”: eficiência administrativa,
retomada do crescimento econômico, geração de emprego, segurança
jurídica, ampliação dos programas sociais e a pacificação do país.
Já
na parte final do pronunciamento, Temer disse que seu “único interesse”
na Presidência da República é entregar ao seu sucessor “um país
reconciliado, pacificado e em ritmo de crescimento”.
“Reitero meu
compromisso de dialogar democraticamente com todos os setores da
sociedade brasileira. Respeitarei também a independência entre os
poderes Executivo, Legislativo e Judiciário”, afirmou o presidente.
Temer
encerrou dizendo que ordem e progresso “sempre caminham juntos”. “Com a
certeza de que juntos, vamos fazer um Brasil muito melhor, podem
acreditar: quando o Brasil quer, o Brasil muda.”
Íntegra
Leia a íntegra do pronunciamento de Temer em cadeia de rádio e TV:
Boa noite a todos!
Assumo
a presidência do Brasil, após decisão democrática e transparente do
Congresso Nacional. O momento é de esperança e de retomada da confiança
no Brasil.
A incerteza chegou ao fim.
É hora de unir o país e colocar os interesses nacionais acima dos interesses de grupos. Esta é a nossa bandeira.
Tenho
consciência do tamanho e do peso da responsabilidade que carrego nos
ombros. E digo isso porque recebemos o país mergulhado em uma grave
crise econômica: são quase 12 milhões de desempregados e mais de R$ 170
bilhões de déficit nas contas públicas.
Meu compromisso é o de resgatar a força da nossa economia e recolocar o Brasil nos trilhos.
Sob
essa crença, destaco os alicerces de nosso governo: eficiência
administrativa, retomada do crescimento econômico, geração de emprego,
segurança jurídica, ampliação dos programas sociais e a pacificação do
país.
O governo é como a sua família. Se estiver
endividada, precisa diminuir despesas para pagar as dívidas. Por isso,
uma de nossas primeiras providências foi impor limite para os gastos
públicos. Encaminhamos ao Congresso Nacional uma proposta de emenda
constitucional com teto para as despesas públicas. Nosso lema é gastar
apenas o dinheiro que se arrecada.
Reduzimos o número de ministérios. Demos fim a milhares de cargos de confiança. Estamos diminuindo os gastos do governo.
Para
garantir o pagamento das aposentadorias, teremos que reformar a
Previdência Social. Sem reforma, em poucos anos o governo não terá como
pagar aos aposentados. O nosso objetivo é garantir um sistema de
aposentadorias pagas em dia, sem calotes, sem truques. Um sistema que
proteja os idosos, sem punir os mais jovens.
O caminho
que temos pela frente é desafiador. Conforta-nos, entretanto, saber que o
pior já passou. Indicadores da economia sinalizam o resgate da
confiança no país.
Nossa missão é mostrar a empresários e
investidores de todo o mundo nossa disposição para proporcionar bons
negócios que vão trazer empregos ao Brasil. Temos que garantir aos
investidores estabilidade política e segurança jurídica.
Para
garantir os atuais e gerar novos empregos, temos que modernizar a
legislação trabalhista. A livre negociação é um avanço nessas relações.
O
estado brasileiro precisa ser ágil. Precisa apoiar o trabalhador, o
empreendedor e o produtor rural. Temos de adotar medidas que melhorem a
qualidade dos serviços públicos e agilizem sua estrutura.
Já
ampliamos os programas sociais. Aumentamos o valor do Bolsa Família. O
Minha Casa, Minha Vida foi revitalizado. Ainda na área de habitação,
dobramos o valor do financiamento para a classe média.
Decidimos concluir mais de mil e quinhentas obras federais que se encontravam inacabadas.
O
Brasil é um país extraordinário. Possuímos recursos naturais em
abundância. Um agronegócio exuberante, que não conhece crises.
Trabalhamos muito. Somos pessoas dispostas a acordar cedo e dormir tarde
em busca do nosso sonho. Temos espírito empreendedor, dos
microempresários aos grandes industriais.
Agora mesmo,
demos ao mundo uma demonstração de nossa capacidade de fazer bem feito.
Os Jogos Olímpicos resgataram nossa autoestima diante de todo o mundo.
Bilhões de pessoas, ao redor do planeta, testemunharam e aplaudiram
nossa organização e entusiasmo com o que o Brasil promoveu o maior e
mais importante evento esportivo da terra. E teremos daqui a pouco as
Paralimpíadas, que certamente terão o mesmo sucesso.
Presente e futuro nos desafiam. Não podemos olhar para frente, com os olhos do passado.
Meu
único interesse, e que encaro como questão de honra, é entregar ao meu
sucessor um país reconciliado, pacificado e em ritmo de crescimento. Um
país que dê orgulho aos seus cidadãos.
Reitero, portanto,
meu compromisso de dialogar democraticamente com todos os setores da
sociedade brasileira. Respeitarei a independência entre Executivo,
Legislativo e o Judiciário.
Despeço-me lembrando que
‘Ordem e Progresso’ sempre caminham juntos. E com a certeza de que
juntos, vamos fazer um Brasil muito melhor. Podem acreditar: quando o
Brasil quer, o Brasil muda.
Obrigado, boa noite a todos, e que Deus nos abençoe nessa nossa caminhada.
Globo