Cientistas de universidade escocesa estudam ligação entre dor e depressão
Dor crônica, que é deprimente, vem do acúmulo de pequenos efeitos genéticos associados aos mesmos fatores de risco para o distúrbio da depressão maior, que causa dor
A dor, sobretudo a crônica, tem aspecto emocional e se manifesta
fisicamente. Assim como a depressão, a experiência afeta o pensamento, o
humor e o comportamento, e, por isso, estabelece com ela uma relação
íntima: a dor é deprimente, ao passo que a depressão provoca e
intensifica a dor. Os mecanismos por trás desse círculo vicioso são
pouco compreendidos, mas pesquisadores da Universidade de Edimburgo, na
Escócia, sugerem que a dor crônica (DC) é causada pelo acúmulo de
pequenos efeitos genéticos associados aos mesmos fatores de risco,
genéticos e ambientais, para o distúrbio da depressão maior (DDM). A
pesquisa, publicada na revista PLoS Medicine, indica também que fatores
genéticos e DC em um dos cônjuges contribuem para o risco da complicação
desconfortante e da DDM no parceiro.
Segundo a equipe liderada por Andrew McIntosh, a contribuição genética
para a dor crônica resulta da ação integrada de diversos fatores de
risco ligados aos genes, com herdabilidade de 38,4%. Os efeitos
cumulativos desses elementos de vulnerabilidade genética para a DDM
também aumentam a chance de DC. McIntosh considera a associação uma
descoberta inesperada. “Até a data, ela não havia sido rastreada em
estudos do tipo. Nossos achados sugerem que existe uma relação genética
potencialmente importante”, diz.
A pesquisa foi baseada em dados de 23.960 indivíduos do estudo nacional
escocês Generation Scotland: Scottish Family Health Study e também em
informações fenotípicas e genotípicas de 112.151 indivíduos do United
Kingdom Biobank — estudo britânico que investiga contribuições genéticas
e ambientais para o desenvolvimento de doenças. Outro achado que
surpreendeu a equipe foi que a análise dos dados indicou que o ambiente
compartilhado com cônjuges representa 18,7% do risco para DC. As razões
por trás do percentil não são claras, mas, segundo os estudiosos, é
possível que esse comportamento seja aprendido ou resultado do ato de
cuidar de alguém com uma doença crônica incapacitante.
Correio Braziliense
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