segunda-feira, 15 de agosto de 2016

"Jade: Por que eu escolhi o pornô", o filme

Ex-universitária de moda de 23 anos deixou carreira para se tornar atriz pornô

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“Meus amigos me chamam de Jade, mas meus seguidores no Twitter me conhecem como Carly Rae. Tenho 23 anos e moro em Manchester. Estudei moda e tenho um diploma universitário. Mas, em vez de investir numa carreira na indústria da moda, fiz uma escolha que pode chocar muita gente.”
É assim que a britânica Jade começa a explicar o porquê de ter decidido se dedicar ao universo pornô. Protagonista de um documentário dirigido por Rachel Tracy para a BBC, ela garante amar as oportunidades que esse trabalho lhe deu.
“Fazer parte desse documentário é importante porque eu queria mostrar algo que verdadeiramente reflita a indústria adulta. Geralmente a gente só vê na mídia o impacto negativo que ela pode ter na vida da pessoa ou das pessoas que entraram nisso pelas razões erradas”, diz.
O filme se chama “Jade: Why I Chose Porn” (“Jade: Por que eu escolhi o pornô”, em tradução literal) – e ela deixa claro que quer usá-lo para desconstruir a imagem parcial que se tem desse universo.
“Quando se pensa em pornografia, vêm à cabeça mulheres com pele alaranjada e toneladas de maquiagem. Eu não sou nada disso, não quero ser como outras estrelas pornô. Quero ser eu mesma, nada mais”, afirma.
Interesse precoce
Jade ganha US$ 1,5 mil (cerca de R$ 4,5 mil) por dois dias de trabalho – fazer sexo com estranhos na frente de uma câmera. E usando seu nome artístico, Carly Rae, tem hoje mais de 700 mil seguidores no Twitter.
Mas de onde surgiu a ideia de entrar para esse mercado?
A atriz pornô conta que o interesse pela pornografia surgiu quando começou a assistir a filmes na internet, com apenas 13 anos de idade. Para ela, trata-se de um fascínio que começou na infância e persistiu. “Sempre pensei que um dia me dedicaria àquilo.”
Jade começou a fazer dinheiro com pornografia quando entrou para a faculdade. Ao se mudar para o condado de Warwickshire para cursar moda na Universidade Metropolitana de Manchester, ela decidiu vender fotos e filmes pornográficos para um site.
“De repente, tinha US$ 150 (aproximadamente R$ 450) a mais na minha conta bancária”, conta.
O site para o qual Jade contribuía de forma amadora não demorou em lhe fazer uma proposta para protagonizar um filme profissional. “Respondi que adoraria, me parecia incrível”, conta.
Mas antes do sucesso, ainda no início da carreira, ela enfrentou problemas com uma hashtag que a ligava à universidade onde estudava.
“Tenho que pagar o aluguel”
Ao se formar, no verão de 2015, Jade decidiu que não se dedicaria à moda.
“Um dia pensei em ser designer e ter minha própria marca, ou trabalhar para um estilista importante”, confidencia.
Mas, se quisesse um trabalho assim, teria que estagiar ou trabalhar de graça por quase um ano, argumenta. “Não posso me dar a esse luxo. Tenho que pagar o aluguel, as contas.”
Com a pornografia, ela calcula que ganha em média US$ 57 por hora de trabalho. Já filmou em Barcelona, na Espanha, e em Praga, na República Checa – os ganhos diminuem se são descontados os gastos com as viagens.
No entanto, Jade sustenta que não se transformou em atriz pornô apenas pelo dinheiro: segundo ela, o trabalho também melhorou sua situação emocional.
“Queria fazer amigos, mas não conseguia. Passava os dias sozinha, chorando. Estava em depressão”, conta.
A carreira pornô mexeu com sua autoestima. “As pessoas começaram a dizer que eu era bonita, que queriam me conhecer. Tudo mudou para melhor”, diz. “Comecei a acreditar em mim mesma como nunca antes.”
Respeito dos homens
Jade afirma também ter reconstruído sua relação com os homens.
Ela garante que, na indústria pornô, é tratada com respeito por eles. “Mas na vida real, nem tanto.”
Sua primeira experiência traumática ocorreu aos 16 anos, quando foi assediada sexualmente num banheiro – ela conta que um homem tirou sua blusa e tocou seus seios.
“Estava sozinha e me lembro perfeitamente como ele entrou e me olhou. Havia algo no rosto dele que me fez saber de imediato o que estava para acontecer. Quando ele terminou, me jogou no chão. Não me violou, não foi tão extremo, mas o que ele me fez foi algo que não saiu da minha cabeça por seis anos”.
O lado obscuro
Jade deixa claro, porém, que o mundo pornô está longe de ser perfeito – há muita coisa que a incomoda e a afeta tanto emocionalmente quanto fisicamente.
Ela reclama, por exemplo, de ter de se relacionar com homens que tem pênis muito grandes (“meu corpo não foi feito para isso”). E também não gosta de fazer cenas vestida de colegial. “É um fetiche muito comum, mas quem veste essas roupas na vida real são crianças”, observa.
Há reservas ainda em relação a roteiros de violência e submissão.
“Rodar essas cenas não é um problema, eu gosto da atitude dominante do homem nos filmes. É divertido”, reconhece. “Mas sempre haverá um idiota que vê o filme pornográfico, chega em casa e bate na namorada porque acredita que deve ser assim.”
A atriz pornô ressalta ser difícil conciliar a carreira com a vida pessoal, mas está longe de se arrepender. “A pornografia me libertou.”
BOL

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