Ex-universitária de moda de 23 anos deixou carreira para se tornar atriz pornô
“Meus
amigos me chamam de Jade, mas meus seguidores no Twitter me conhecem
como Carly Rae. Tenho 23 anos e moro em Manchester. Estudei moda e tenho
um diploma universitário. Mas, em vez de investir numa carreira na
indústria da moda, fiz uma escolha que pode chocar muita gente.”
É
assim que a britânica Jade começa a explicar o porquê de ter decidido
se dedicar ao universo pornô. Protagonista de um documentário dirigido
por Rachel Tracy para a BBC, ela garante amar as oportunidades que esse
trabalho lhe deu.
“Fazer parte desse documentário é importante
porque eu queria mostrar algo que verdadeiramente reflita a indústria
adulta. Geralmente a gente só vê na mídia o impacto negativo que ela
pode ter na vida da pessoa ou das pessoas que entraram nisso pelas
razões erradas”, diz.
O filme se chama “Jade: Why I Chose Porn”
(“Jade: Por que eu escolhi o pornô”, em tradução literal) – e ela deixa
claro que quer usá-lo para desconstruir a imagem parcial que se tem
desse universo.
“Quando se pensa em pornografia, vêm à cabeça
mulheres com pele alaranjada e toneladas de maquiagem. Eu não sou nada
disso, não quero ser como outras estrelas pornô. Quero ser eu mesma,
nada mais”, afirma.
Interesse precoce
Jade
ganha US$ 1,5 mil (cerca de R$ 4,5 mil) por dois dias de trabalho –
fazer sexo com estranhos na frente de uma câmera. E usando seu nome
artístico, Carly Rae, tem hoje mais de 700 mil seguidores no Twitter.
Mas de onde surgiu a ideia de entrar para esse mercado?
A
atriz pornô conta que o interesse pela pornografia surgiu quando
começou a assistir a filmes na internet, com apenas 13 anos de idade.
Para ela, trata-se de um fascínio que começou na infância e persistiu.
“Sempre pensei que um dia me dedicaria àquilo.”
Jade começou a
fazer dinheiro com pornografia quando entrou para a faculdade. Ao
se mudar para o condado de Warwickshire para cursar moda na
Universidade Metropolitana de Manchester, ela decidiu vender fotos e
filmes pornográficos para um site.
“De repente, tinha US$ 150 (aproximadamente R$ 450) a mais na minha conta bancária”, conta.
O
site para o qual Jade contribuía de forma amadora não demorou em lhe
fazer uma proposta para protagonizar um filme profissional. “Respondi
que adoraria, me parecia incrível”, conta.
Mas antes do sucesso,
ainda no início da carreira, ela enfrentou problemas com uma hashtag que
a ligava à universidade onde estudava.
“Tenho que pagar o aluguel”
Ao se formar, no verão de 2015, Jade decidiu que não se dedicaria à moda.
“Um dia pensei em ser designer e ter minha própria marca, ou trabalhar para um estilista importante”, confidencia.
Mas,
se quisesse um trabalho assim, teria que estagiar ou trabalhar de graça
por quase um ano, argumenta. “Não posso me dar a esse luxo. Tenho que
pagar o aluguel, as contas.”
Com a pornografia, ela calcula que
ganha em média US$ 57 por hora de trabalho. Já filmou em Barcelona, na
Espanha, e em Praga, na República Checa – os ganhos diminuem se são
descontados os gastos com as viagens.
No entanto, Jade sustenta
que não se transformou em atriz pornô apenas pelo dinheiro: segundo ela,
o trabalho também melhorou sua situação emocional.
“Queria fazer amigos, mas não conseguia. Passava os dias sozinha, chorando. Estava em depressão”, conta.
A
carreira pornô mexeu com sua autoestima. “As pessoas começaram a dizer
que eu era bonita, que queriam me conhecer. Tudo mudou para melhor”,
diz. “Comecei a acreditar em mim mesma como nunca antes.”
Respeito dos homens
Jade afirma também ter reconstruído sua relação com os homens.
Ela garante que, na indústria pornô, é tratada com respeito por eles. “Mas na vida real, nem tanto.”
Sua
primeira experiência traumática ocorreu aos 16 anos, quando foi
assediada sexualmente num banheiro – ela conta que um homem tirou sua
blusa e tocou seus seios.
“Estava sozinha e me lembro
perfeitamente como ele entrou e me olhou. Havia algo no rosto dele que
me fez saber de imediato o que estava para acontecer. Quando ele
terminou, me jogou no chão. Não me violou, não foi tão extremo, mas o
que ele me fez foi algo que não saiu da minha cabeça por seis anos”.
O lado obscuro
Jade
deixa claro, porém, que o mundo pornô está longe de ser perfeito – há
muita coisa que a incomoda e a afeta tanto emocionalmente quanto
fisicamente.
Ela reclama, por exemplo, de ter de se relacionar com
homens que tem pênis muito grandes (“meu corpo não foi feito para
isso”). E também não gosta de fazer cenas vestida de colegial. “É um
fetiche muito comum, mas quem veste essas roupas na vida real são
crianças”, observa.
Há reservas ainda em relação a roteiros de violência e submissão.
“Rodar
essas cenas não é um problema, eu gosto da atitude dominante do homem
nos filmes. É divertido”, reconhece. “Mas sempre haverá um idiota que vê
o filme pornográfico, chega em casa e bate na namorada porque acredita
que deve ser assim.”
A atriz pornô ressalta ser difícil conciliar a
carreira com a vida pessoal, mas está longe de se arrepender. “A
pornografia me libertou.”
BOL
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