Comitê Olímpico dos Estados Unidos se desculpa formalmente com o Rio de Janeiro
Em
nota oficial assinada por seu CEO, Scott Blackmun, o Comitê Olímpico
dos Estados Unidos pediu desculpas formais pela polêmica envolvendo os
nadadores Ryan Lochte, Gunnar Bentz, Jack Conger e James Feigen. Depois
de uma festa na Casa da França, na Lagoa, Zona Sul do Rio de Janeiro, na
madrugada do último domingo, os quatro disseram ter sido vítimas de um
assalto à mão armada, com bandidos portando distintivos policiais
parando o táxi onde estavam, o que configuraria uma falsa blitz. Alguns
dias depois, a história provou ser falsa.
– Em nome do Comitê
Olímpico dos Estados Unidos, pedimos desculpas aos nossos anfitriões no
Rio e aos brasileiros pelo problema causado durante o que deveria ser
apenas a celebração da excelência – diz um trecho da carta do Comitê
Olímpico americano, que não descartou punições aos atletas.
Lochte
voltou para os Estados Unidos antes de as investigações mostrarem que
os quatro inventaram terem sido roubados. Ele passou a ser duramente
criticado na internet, por brasileiros e compatriotas, e virou alvo
também de publicações americanas. Bentz e Conger já embarcaram de volta
para casa.
LEIA A ÍNTEGRA DA CARTA DO COMITÊ OLÍMPICO DOS EUA
Dois
nadadores do time olímpico americano (Gunnar Bentz e Jack Conger) deram
depoimentos às autoridades locais nesta quinta-feira, referentes ao
incidente primeiramente divulgado no domingo, 14 de agosto. Seus
passaportes foram liberados, e eles deixaram o Rio.
Depois
de fornecer um testemunho no início da semana, um terceiro nadador
(James Feigen) revisou o depoimento com a esperança de que o seu
passaporte também fosse liberado assim que possível.
Trabalhando
em colaboração com o Consulado dos EUA no Rio, organizamos a cooperação
dos atletas com as autoridades locais e garantimos a segurança dos
atletas durante o processo, mas ainda não vimos os depoimentos completos
de Bentz e Conger.
No entanto, entendemos que o que eles
descreveram são os eventos que muitos viram nos vídeos da câmera de
segurança que foram divulgados nesta quinta. E pelo que sabemos, os
quatro atletas (Bentz, Conger, Feigen e Ryan Lochte) deixaram a Casa da
França, no início da manhã, num táxi em direção à Vila Olímpica.
Eles
pararam num posto de gasolina para usar o banheiro, onde um deles
cometeu um ato de vandalismo. Uma discussão entre os nadadores e dois
seguranças que puxaram suas armas, mandaram que saíssem do táxi e
exigiram uma compensação financeira dos atletas. Uma vez que os
seguranças receberam o dinheiro, os quatro foram liberados para ir
embora.
O comportamento desses atletas não é aceitável,
muito menos representa os valores do Time Americano ou a conduta da
vasta maioria de seus membros. Nós iremos revisar o caso, além de
possíveis consequências aos atletas, assim que todos estivermos de volta
aos Estados Unidos.
Em nome do Comitê Olímpico dos
Estados Unidos, pedimos desculpas aos nossos anfitriões no Rio e aos
brasileiros pelo problema causado durante o que deveria ser apenas a
celebração da excelência.
A três dias do fim dos Jogos
Olímpicos, nosso foco principal continua sendo o apoio aos atletas que
ainda estão competindo e comemorando os resultados daqueles que já
encerraram a sua participação.
ENTENDA O CASO
Primeiramente,
Ryan Lochte afirmou ter sido assaltado depois de uma festa na Casa da
França, na Lagoa, Zona Sul do Rio, na madrugada do domingo. O atleta,
que havia sido convidado pelo brasileiro Thiago Pereira, disse que
estava num táxi com os outros três atletas dos Estados Unidos quando foi
abordado por bandidos armados portando distintivos falsos. James
Feigen, no entanto, contou à Polícia que o homem que rendeu o táxi
estava em um veículo branco antigo.
Lochte prestou depoimento no
domingo à noite na Delegacia de Atendimento ao Turista (Deat), no
Leblon. O atleta repetiu a versão que Feigen havia contado à polícia e
disse que estava bêbado e não lembra detalhes do assalto – só os dois
prestaram depoimento. Os agentes passaram a procurar o taxista que teria
levado os nadadores da Lagoa à Vila Olímpica. A polícia teve acesso às
imagens do posto de gasolina, onde eles pegaram o táxi, e buscou
registros de câmeras de segurança que ficam no trajeto.
Imagens da
chegada dos americanos à Vila Olímpica, feitas pelas câmeras de
segurança no início da manhã do dia em que o roubo teria acontecido,
ajudaram a alimentar dúvidas. Divulgadas com exclusividade pelo Daily
Mail, elas mostram Lochte, Bentz, Conger e Feigen muito calmos depois
do acontecido, segundo análises. Em seguida, o apresentador Matt Lauer,
da rede de televisão americana NBC, revelou uma conversa que teve por
telefone com Lochte. Segundo o jornalista, o atleta contou uma versão
diferente daquela que passou em depoimento aos policiais brasileiros,
mudando dois detalhes
O âncora afirmou que Lochte foi firme ao
confirmar que o roubo ocorreu, negando que ele e os outros três tivessem
inventado a história para encobrir um erro de comportamento. Lauer
disse que o nadador contou que o táxi foi abordado por criminosos num
posto de gasolina, o que foi de encontro à versão original de que os
quatro teriam sido vítimas de uma falsa blitz. Lochte teria dito também
que um dos criminosos não encostou o cano de um revólver em sua cabeça,
mais precisamente na testa, mas que teria apenas apontado em sua
direção.
Com Lochte já de volta aos Estados Unidos, na
quarta-feira os outros nadadores envolvidos no caso foram impedidos de
embarcar para o país. Bentz e Conger se calaram ao serem levados à
delegacia do aeroporto internacional Tom Jobim para prestar depoimento –
os dois foram retirados do avião, momentos antes da decolagem, por
policiais civis e agentes da Polícia Federal. Após quase quatro horas na
delegacia, foram liberados no início da madrugada de quinta, por volta
de 1h20, e se hospedaram num hotel próximo ao Galeão. Conforme as
investigações prosseguiram, os atletas confirmara que não houve roubo.
Aos
32 anos, Ryan Lochte é considerado um dos maiores atletas olímpicos de
todos os tempos. Ele, no entanto, teve participação discreta na Rio
2016. Mas com o ouro do revezamento 4x200m livre – com Bentz e Conger na
equipe –, alcançou sua 12ª medalha nos Jogos, tornando-se o segundo
nadador com mais pódios na história. Feigen fez parte do time americano
que disputou o revezamento 4x100m livre e também levou medalha de ouro.
Globo
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