Ex-senador Suplicy é detido por obstacular reintegração de posse em São Paulo
O
ex-senador e candidato a vereador pelo PT Eduardo Suplicy, 75, foi
detido, nesta segunda-feira (25), pela Polícia Militar após protestar
contra reintegração de posse na Zona Oeste de São Paulo. Ele foi levado
ao 75º Distrito Policial (DP), no Jardim Arpoador.
Segundo a
Polícia Militar, ele foi detido depois que desobedeceu a ordem dos
oficiais de justiça de desobstruir a via e teve que ser retirado do
local pelos policiais”. Suplicy se deitou na rua para impedir a
reintegração de posse e chegou a ser carregado por policiais militares.
Imagens divulgadas pela deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) mostram
o momento em que Suplicy se deita com uma moradora na rua para impedir
policiais. Veja o vídeo aqui.
Além do petista, mais duas pessoas
foram detidas e levadas à delegacia. O cantor Supla, filho de Suplicy,
afirmou no Facebook que seu pai está bem. “Quero avisar a todos que o
meu pai está bem… acabei de falar com o delegado e o meu próprio pai!
agradeço a preocupação e o carinho de todos!”, disse.
De acordo
com policiais civis, Suplicy deve ser liberado após a conclusão do termo
circunstanciado por desobediência. Além dele, outras duas pessoas foram
detidas.
o Facebook, Suplicy afirmou, por meio de sua assessoria
da imprensa, que “a truculência da Polícia Militar do governo Alckmin é
inaceitável. Se fazem isso com um ex-senador da República, imagine o que
sofre a população que tanto precisa de apoio”.
O ouvidor das
polícias, Júlio César Fernandes Neves, foi à delegacia acompanhar a
ocorrência. “Nós estamos só preocupados com a integridade física do
senador, por isso nós estamos aqui”, disse.
Desde o início da
madrugada desta segunda, moradores realizam protesto contra reintegração
de posse de terreno na Cidade Educandário, na região da Rodovia Raposo
Tavares. Ao todo, são 350 famílias que ocupam uma área que pertence à
Prefeitura de São Paulo. Suplicy foi secretário de Direitos Humanos da
cidade de São Paulo até abril deste ano quando deixou o cargo para
disputar vaga na Câmara municipal.
O prefeito Fernando Haddad (PT)
disse nesta segunda que foi procurado no domingo (24) para interromper a
reintegração de posse, mas que não pôde atender ao pedido porque a área
ocupada é de risco.
“Liguei para o subprefeito, disse a ele para
ponderar sobre a oportunidade da reintegração, mas depois eu recebi um
telefonema do secretário de Negócios Jurídicos dizendo que consultados,
os engenheiros que avaliam risco entenderam que não havia como manter
naquela barranqueira as famílias ali, que se não fosse cumprida a ordem
judicial qualquer advento: solapamento, desmoronamento, ia ser imputada a
responsabilidade para a Prefeitura, que as famílias não poderiam
continuar lá por ser uma área de risco bastante importante”, disse
Haddad.
“Hoje [segunda] pela manhã nós encaminhamos os dois
secretários ali, tanto o Medeiros [coordenação de Subprefeituras] quanto
o Barreirinhas [negócios jurídicos], para informar as famílias sobre
esse laudo técnico dos engenheiros. Nós fizemos todo o esforço para
eventualmente adiar ou suspender, mas não havia como tomar essa medida
em função do grave risco que estava ocorrendo ali. Não consegui falar
com o Suplicy”, completou.
Haddad disse que recebeu um telefonema
do secretário da Segurança Pública Mágino Alves. “Ele me informou do
ocorrido. Ele queria informar do que tinha acontecido dizendo que
estavam alinhados conosco para evitar qualquer tipo de conflito com a
comunidade”, disse.
O secretário da coordenação das
Subprefeituras, Antônio Carlos de Medeiros, afirmou, no entanto, que o
“juiz e a PM estavam absolutamente inflexíveis”.
Protesto
Os moradores atearam fogo para tentar impedir a aproximação do oficial
de Justiça e de policiais militares que estavam no local. Um ônibus foi
colocado na via pelos moradores. Mais tarde, o veículo foi parcialmente
incendiado, mas as chamas já foram apagadas.
Às 8h, a tropa de
Choque, da Polícia Militar, estava no local e a situação ficou tensa.
Policiais Militares jogaram bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral
e moradores atiraram pedras.
A mãe de um morador de 22 anos
detido e levado para o mesmo distrito policial de Suplicy afirmou que o
filho não estava armado. “O choque falou que tem vídeo dele apontando
arma contra os policiais. Quero ver esse vídeo”, disse Valdirene
Aparecida de Carvalho, auxiliar de limpeza, 38 anos.
De acordo com a Prefeitura, os moradores foram cadastrados para receberem o auxílio bolsa-aluguel.
“A
área ocupada na Rua Carlos Faria é municipal e apresenta risco elevado
de desabamento, o que inviabiliza construção de moradia popular. A
Defesa Civil do município estudou a possibilidade de retirar apenas
parte dos barracos, mas concluiu que isso colocaria os demais barracos
em risco, por causa da fragilidade estrutural do conjunto. A
reintegração de posse é uma determinação judicial e os moradores foram
avisados previamente sobre a desocupação. Ao todo, 211 famílias residem
no local e já estão cadastradas no programa habitacional da Prefeitura
de São Paulo.
Uma equipe do Serviço Especializado de Abordagem
social (SEAS) está no local para encaminhar as pessoas que tiveram
interesse para os serviços da rede socioassistencial. As famílias
interessadas nos serviços, como a inclusão no Cadastro Único para
programas sociais do Governo Federal e encaminhamentos para Centros de
Acolhida, também podem procurar espontaneamente o Centro de Referência
de Assistência Social (Cras) Butantã na Avenida Junta Mizumoto, 591.”,
diz nota da Prefeitura.
Globo
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