Polícia Federal diz que Lula sabia e orientou reformas de 1,2 milhão de reais em sítio
Publicado por:
Carlos Rocha
Um laudo produzido pelo setor de perícia da Polícia Federal aponta
indícios de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a mulher
dele Marisa Letícia orientaram reformas feitas no sítio em Atibaia (SP)
frequentado pela família do petista.
Segundo os peritos da PF, as obras na propriedade rural começaram a
ser projetadas em setembro de 2010 e tiveram início em novembro de 2010,
quando Lula ainda exercia o seu segundo mandato na Presidência da
República.
Os trabalhos no sítio prosseguiram até outubro de 2014 e custaram ao
todo R$ 1,2 milhão, de acordo com a avaliação da perícia da PF.
Ao analisar a instalação de equipamentos de cozinha no sítio, o laudo
aponta que a “execução foi coordenada por arquiteto da empreiteira OAS,
Sr. Paulo Gordilho, com conhecimento do presidente da OAS, Léo
Pinheiro, e com orientação do ex-presidente Lula e sua esposa, conforme
identificado nas comunicações do arquiteto da empreiteira e de Fernando
Bittar”.
O laudo aponta mensagens de texto trocadas entre Léo Pinheiro e
Gordilho, nas quais este último se refere à propriedade como “fazenda do
Lula” e diz que o assunto deve ser tratado com “sigilo absoluto”.
As mensagens interceptadas indicam que as despesas de compra e
instalação da cozinha no sítio e em um triplex em Guarujá foram lançadas
em um centro de custos da OAS denominado “Zeca Pagodinho”.
A perícia traz uma foto de Lula que foi tirada no sítio e foi obtida em uma mídia pertencente a Gordilho, segundo a PF.
Bittar, um dos donos do sítio, afirmou em depoimento à força-tarefa
da Operação Lava-Jato que Marisa coordenou parte das obras feitas na
propriedade rural.
Indagado na época sobre quem foi o autor dos pagamentos das obras,
Bittar disse não saber e ressaltou que tal questão deveria ser
esclarecida pela mulher de Lula.
Segundo seu advogado, Bittar “primeiro fez um projeto com uma
arquiteta da confiança dele, mas Marisa não gostou. Aí foi feito um
segundo projeto por um engenheiro da OAS que a agradou. Ele sempre dizia
para o engenheiro da OAS: ‘Me apresenta a conta’. Mas o engenheiro
respondia: ‘Não, pode deixar, pode deixar’”.
A perícia indica que no período específico entre 2010 e 2011 o dono
do sítio no papel, Fernando Bittar, teria gasto cerca de R$ 1,7 milhão
com a compra da propriedade e reformas. Porém, os rendimentos declarados
por Bittar nas declarações de imposto de renda, nesses dois anos, são
incompatíveis com os gastos apurados no sítio, de acordo com o laudo.
Procuradores investigam se as empreiteiras Odebrecht e OAS e o
pecuarista José Carlos Bumlai favoreceram ilegalmente o ex-presidente
por meio do pagamento de obras e melhorias para o sítio.
Folhapress
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